domingo, 13 de julho de 2008

Das coisas que não entendo...

...Como alguém pode se achar cristão independente de religião ou do "seu próprio jeito"?

Sério. Até faço um esforço para achar que geralmente quem pensa assim tem pouca culpa do estado em que se encontra, mas embora seja "perdoável" em alguns casos continua incompreensível.

Não dá para entender como alguém pode achar que porque leu meia dúzia de versículos, quando muito, está pronto para agir como se até então ninguém tivesse entendido nada. Mesmo sem nunca ter estudado nada de teologia ou filosofia, sem nunca ter lido nenhum escrito dos Padres da Igreja (escritores cristãos dos primeiros séculos), sem dar a mínima para toda a tradição destes dois mil anos, porque pegou um texto em que conseguiu conectar algumas palavras, se acha pronto para ser profeta da sua própria "religião" de um homem só.

Falo daquele menino ou menina a quem convenceram de que era brilhante, único de sua espécie, centro de todo universo, e que juntou meia dúzia de coisas que acha que entendeu da Bíblia com algumas idéias politicamente corretas que viu na novela, passou pelo crivo do próprio prazer pessoal e formou o que chama de "sua" opinião, a qual geralmente não está disposto a ver confrontada em um debate e para a qual não tenta converter ninguém. Sabem de quem estou falando?

Todo mundo conhece pelo menos um. É aquele tipo que na mesa do jantar quando você fala que o cristão tem que ir à missa todo domingo ele, com todo seu brilhantismo, diz: "Eu não concordo". Por quê? "Porque é a minha opinião, da licença?". Claro que dou licença, só não me venham dizer que é cristão, aliás, tem a mesma licença que dou para um louco dizer que é uma galinha.

Veja bem, portanto, que não estou tratanto aqui daquele sujeito que ao menos tem a coragem de confrontar sua "revelação" particular com outras, que se outorga a autoridade de pastor e sai falando abertamente, tentando convencer os outros, aí o problema é grave, tem a mesma raiz, mas é outro.

O sujeito que não consigo entender é geralmente aquele que só está procurando uma desculpa para deixar sua consciência mais calma, que não quer saber de deveres só de "bençãos". É evidente que até aqui eu consigo entender. É fácil perceber que as pessoas, principalmente nos nossos dias, têm uma tendência a querer saciar a sede de felicidade que guardam dentro de si com respostas imediatas, aqui e agora, e que acabem criando um "deus" que satisfaça essa necessidade. Trocam o Deus Verdadeiro por um "deus" tirado de suas cabeças. Isto é a própria definição do pecado.

O que não consigo entender na verdade é o que se passa na cabeça de uma pessoa para se convencer de que, malgrado dois mil anos de cristianismo, ninguém nunca entendeu nada e ela, ratificada talvez por dois ou três amigos, sacou direitinho qual é o lance da parada. Qual o grau de desconecção com o mundo real em que uma pessoa precisa estar para achar tudo isto normal? Para achar que segue verdadeiramente Jesus? Para que mesmo quando confrontada com sua própria contradição continue defendendo SUA opinião, pelo único mérito de ser SUA e nada mais? Quanto orgulho é necessário para deixar uma alma em tal estado? Como se chegou a ponto?

Daqui a pouco neguinho vai estar correndo de encontro à parede gritando: "na minha opinião não existe parede!!! na minha opinião não existe parede!!!". Sinceramente, não compreendo.

Ahh, você é um daqueles que tem SUA opinião? Você não sabe o que está perdendo.



"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"



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