terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Emoções

Duas coisas têm me emocionado sobremaneira ultimamente: As mãos consagradas de qualquer sacerdote e a simples menção da Santíssima Virgem, sobretudo de sua imaculada conceição. Deve ser a proximidade do Natal.




"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Das coisas que se escuta por ai

Hoje me contaram uma pequena história que, como dizem os italianos, "si non è vero, è bene trovato".

O primo de uma amiga contou para ela que estava acordando de madrugada para "orar". Acordava por volta das 4 horas da manhã todo dia. Então ela elogiou, dizendo que é importante este pequeno sacrifício por Deus, etc., no que ele retrucou que não fazia isto por sacrifício, mas porque aquela era a melhor hora para pedir a Deus. Sem entender ela perguntou a razão disto e ele, sério, informou que era porque naquela hora a "fila" era menor :-). Segundo ele, portanto, as 4 horas da manhã tem menos gente pedindo a Deus e por isto seria mais fácil Ele escutar seus pedidos.

A lógica da história seria uma graça se tivesse como protagonista uma criança, mas se torna trágica quando se trata de um jovem adulto. Não posso atestar a veracidade do relato, nem afirmar que ele tenha escutado esta baboseira da boca de algum "iluminado", mas o fato é que não é difícil imaginar que algo parecido esteja sendo ensinado por ai.

Como diria o grande Linus: "Que lástima Charlie Brown!".



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Eles nos desprezam

Eu já disse por aqui que muitos membros deste (des)governo "detestam o Brasil, detestam seus filhos e detestam seu povo". Querem mudar aqueles a quem deveriam representar. Isto é democracia?

Hoje o Excelentíssimo Sr. Presidente admitiu que despreza aquilo que seus eleitores crêem, cito: "Temos de quebrar barreiras, fazer novas leis, mudar a cabeça das pessoas sobre uns 100 mil assuntos que parecem um absurdo.".

Disse isto para defender que se abra o debate sobre um tema em que o brasileiro é, em sua esmagadora maioria, contrário, o aborto.

Ainda segundo o Hômi, há hipocrisia em não se tratar do assunto, em esquecer que a mulher pobre acaba morrendo por buscar a clandestinidade para matar seu filho e em não considerá-lo assunto de saúde pública.

...Interessante ele falar em hipocrisia... Interessante porque Sua Excelência se declara contrário ao aborto (????), mas defende o debate sobre o tema (que certamente não teria o intuito de mostrar aos pró-morte a monstruosidade das idéias que defendem).



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Novos costumes de Natal

Há muito criou-se um terrível costume em parte dos meios de comunicação: aproveitar a época de Natal para publicar ataques à Deus ou à Sua Igreja. É só procurar um pouquinho nas bancas para ver capas de revistas questionando pontos de fé ou tratando com escárnio o sagrado (deve ser a proximidade do nascimento do Salvador, que traz ao inimigo a lembrança de sua derrota definitiva e o faz uivar de raiva).

Ao que parece este costume não é exclusividade do Brasil. Não sei se vocês estão sabendo, mas a capa da edição deste mês da playboy mexicana tem uma moça imitando Nossa Senhora (não vou colocar o link da reportagem porque ela tem uma foto da tal capa).

Não vou dizer que fiquei surpreso, até porque não e a primeira vez que este tipo de sacrilégio acontece (quem não se lembra da atriz brasileira que recentemente posou nua segurando um terço?), mas não tem como não ficar chocado toda vez que isto acontece, não tem como manter o sangue frio enquanto ultrajam minha Mãe, até por isso não me prolongarei neste tópico.

Não sei o que a Igreja no México está fazendo quanto a isto, mas proponho que rezemos em desagravo ao Imaculado Coração de Maria, tão ultrajado pelo inimigo.

Oh Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam Vosso Santo nome e Vossas Excelsas prerrogativas; eis prostrado aos Vossos pés Vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido com ânimo de reparar as injúrias que, à maneira de penetrantes setas dirigem contra Vós os homens ousados e perversos. Desejo reparar com esse ato de amor e submissão que faço perante o Vosso Coração amantíssimo, todas as blasfêmias que proferem contra o Vosso Augusto Nome, todas as ofensas que fazem às Vossas Excelsas virtudes e todas as ingratidões com que os homens correspondem ao Vosso maternal amor e inesgotável misericórdia. Aceitai, Oh + Coração Imaculado, esta demonstração de meu fiel carinho e justo reconhecimento, com o firme propósito que faço de ser-Vos fiel todos os dias de minha vida, de defender Vossa honra quando a veja ultrajada e de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias. Amém


(rezar 3 Ave Marias em honra ao poder, sabedoria e misericórdia do puríssimo Coração de Maria, desprezado pelos homens)


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O natal está chegando, lá lá lá lá lá, lá lá, lá lá

Ah, o natal! O nascimento do Salvador, do "Rei dos anjos".

Esta época do ano eu começo a sentir o cheiro do natal chegando. Verdade, não é só maneira de dizer não, natal para mim tem cheiro. Não tenho a mínima idéia da razão disto, mas começa o advento, vêm as novenas de natal, a festa da Imaculada Conceição, as velas da coroa vão se acendendo e o cheiro está lá. Acontece coisa parecida na Páscoa, mas este período é mais tenso, acho que eu não gostaria do odor dele.

Mas, além do cheiro, outras coisas deixam o natal com mais cara natal, parte delas são as músicas e uma em especial me agrada muito: Adeste Fideles.

Então, estava eu visitando os blogs de sempre quando me deparei com um presente de natal antecipado no Miles Ecclesiae, que repasso para os meus leitores, uma linda versão da música, interpretada por Andrea Bocelli.



Aproveito para recomendar uma visita ao Miles Ecclesiae, que traz, além da letra, um pouco de sua controversa história.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Prêmio Dardos


Conforme já havia dito, o Wagner Moura, d'O possível e O Extraordinário, por algum motivo estranho, me concedeu o prêmio Dardos. Agora volto ao assunto para indicar os meus eleitos ao Prêmio Dardos.

Antes, porém, uma breve explicação: O prêmio Dardos, visa dar reconhecimento aos blogueiros que transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc., desta forma agregando valor à Web (dá para ver que tenho razão em ficar surpreso com a premiação do bloguinho rs).

Segundo as regras do prêmio, aquele que foi contemplado deve: 1 - colocar no blog a imagem do selo que está ai em cima; 2 - linkar para o blog que concedeu, no meu caso o "O possível e O Extraordinário"; e 3 - escolher outros 15 blogs para conceder o prêmio.

Foi neste último ponto que encontrei um pouco de dificuldade. Primeiro porque 15 blogs é coisa "pra" caramba para alguém que não é tão ligado na blogosfera como eu; Segundo porque minhas opções mais óbvias foram contempladas pelo próprio Wagner.

Como não tem nada que me impeça vou "re-contemplar" alguns, como uma espécie de chancela, e depois indico outros novos.

Assim, concedo o prêmio ao Deus lo Vult, e sua impressionante capacidade ter sempre postagens novas, exclusivas e altamente relevantes; ao próprio O possível e O Extraordinário, que é sempre fonte de inspiração e, ao meu julgar, um exemplo de como um blog deve funcionar, trazendo não só notícias a que todos têm acesso, mas também coisas que "só ele" viu; ao Palavra Apenas; ao Contra o Aborto; ao Fidei Depositium e, por fim, ao ...Eles não sabem o que escrevem.

Agora sim, vamos às premiações exclusivas:

(tambores, por favor)

Paz no Campo, blog do príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, que faz um excelente trabalho de acompanhamento da questão fundiária no Brasil.

Voz do Fernando, que anda passando por uma fase meio seca, mas sempre tem muitas notícias interessantes.

Sal Terrae
, que faz, como eles mesmos dizem: um catolicismo sem firulas, e um blog extremamente rico em cultura.

O ultrapapista Atanasiano, que também tem muita coisa exclusiva.

Acho que chega né!? :-)


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Padres da Igreja: São Cipriano


Seguindo as catequeses de Sua Santidade sobre os Padres da Igreja hoje temos a a figura de São Cipriano que, beeem antes de Constantino, já identificava a Igreja com a cátedra de São Pedro, longe da qual não se podia pretender ter a Deus como pai: "não pode ter Deus como pai quem não tem a Igreja como mãe"

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São Cipriano

Queridos irmãos e irmãs!

Na série das nossas catequeses sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, chegamos hoje a um excelente Bispo africano do século III, São Cipriano, que "foi o primeiro bispo que na África conseguiu a coroa do martírio". Em primeiro lugar a sua fama como afirma o diácono Pôncio, o primeiro que escreveu a sua vida está relacionada com a produção literária e com a actividade pastoral dos treze anos que decorrem entre a sua conversão e o martírio (cf. Vida 19, 1; 1, 1).

Nascido em Cartagena numa família pagã rica, depois de uma juventude dissipada Cipriano converte-se ao cristianismo com 35 anos. Ele mesmo narra o seu percurso espiritual: "Quando ainda jazia como que numa noite escura", escreve alguns meses depois do baptismo,"parecia-me extremamente difícil e cansativo realizar o que a misericórdia de Deus me propunha... Estava ligado a muitíssimos erros da minha vida passada, e não pensava que me podia libertar, porque cedia aos vícios e favorecia os meus maus desejos... Mas depois, com a ajuda da água regeneradora, foi lavada a miséria da minha vida precedente; uma luz soberana difundiu-se no meu coração; um segundo nascimento restaurou-me num ser totalmente novo. De modo maravilhoso começou então a dissipar-se qualquer dúvida... Compreendia claramente que era terreno o que antes vivia em mim, na escravidão dos vícios da carne, e era ao contrário divino e celeste o que o Espírito Santo já tinha gerado em mim" (A Donato, 3-4).

Logo depois da conversão, Cipriano não sem invejas nem resistências é eleito para o cargo sacerdotal e para a dignidade de Bispo. No breve período do seu episcopado enfrenta as primeiras duas perseguições sancionadas por um edito imperial, o de Décio (250) e o de Valeriano (257-258). Depois da perseguição particularmente cruel de Décio, o Bispo teve que se comprometer corajosamente para reconduzir a comunidade cristã à disciplina. De facto, muitos fiéis tinham abjurado, ou contudo não tinham tido um comportamento correcto diante da prova. Eram os chamados lapsi isto é "que caíram" que desejavam ardentemente reentrar na comunidade. O debate sobre a sua readmissão chegou a dividir os cristãos de Cartagena em laxistas e rigorosos. A estas dificuldades é necessário acrescentar uma grave peste que assolou a África e colocou interrogações teológicas angustiantes quer no interior da comunidade quer em relação aos pagãos.

Por fim, é necessário recordar a controvérsia entre Cipriano e o Bispo de Roma, Estêvão, sobre a validez do baptismo administrado aos pagãos por cristãos hereges.

Nestas circunstâncias realmente difíceis Cipriano revelou dotes eleitos de governo: foi severo, mas não inflexível com os lapsi, concedendo-lhes a possibilidade de perdão depois de uma penitência exemplar; perante Roma foi firme na defesa das tradições sadias da Igreja africana; foi muito humano e repleto do mais autêntico espírito evangélico ao exortar os cristãos a ajudar fraternalmente os pagãos durante a peste; soube manter a medida justa ao recordar aos fiéis demasiado receosos de perder a vida e os bens terrenos que para eles a verdadeira vida e os verdadeiros bens não são deste mundo; foi irremovível ao combater os costumes corruptos e os pecados que devastavam a vida moral, sobretudo a avareza. "Passava assim os seus dias", narra a este ponto o diácono Pôncio, "quando eis que por ordem do pró-cônsul chegou improvisamente à sua cidade o chefe da polícia" (Vida, 15, 1). Naquele dia o santo bispo foi preso, e depois de um breve interrogatório enfrentou corajosamente o martírio no meio do seu povo.

Cipriano compôs numerosos tratados e cartas, sempre ligados ao seu ministério pastoral. Pouco inclinado para a especulação teológica, escrevia sobretudo para a edificação da comunidade e para o bom comportamento dos fiéis.

De facto, a Igreja é o tema que lhe é mais querido. Distingue entre Igreja visível, hierarquia, e Igreja invisível, mística, mas afirma com vigor que a Igreja é uma só, fundada sobre Pedro. Não se cansa de repetir que "quem abandona a cátedra de Pedro, sobre a qual está fundada a Igreja, ilude-se de permanecer na Igreja" (A unidade da Igreja católica, 4). Cipriano sabe bem, e formulou-o com palavras fortes, que "fora da Igreja não há salvação" (Epístola 4, 4 e 73, 21), e que "não pode ter Deus como pai quem não tem a Igreja como mãe" (A unidade da Igreja católica, 4).

Característica irrenunciável da Igreja é a unidade, simbolizada pela túnica de Cristo sem costuras (ibid., 7): unidade da qual diz que encontra o seu fundamento em Pedro (ibid., 4) e a sua realização perfeita na Eucaristia (Epístola 63, 13). "Há um só Deus, um só Cristo", admoesta Cipriano, "uma só é a Igreja, uma só a fé, um só povo cristão, estreitado em firme unidade pelo cimento da concórdia: e não se pode separar o que é uno por natureza" (A unidade da Igreja católica, 23).

Falamos do seu pensamento em relação à Igreja, mas não se deve descuidar, por fim, o ensinamento de Cipriano sobre a oração. Eu amo particularmente o seu livro sobre "o Pai Nosso", que muito me ajudou a compreender melhor e a recitar melhor a "oração do Senhor": Cipriano ensina como precisamente no "Pai Nosso" é proporcionado ao cristão o modo correcto de rezar; e ressalta que esta oração está no plural, "para que quem reza não reze unicamente para si. A nossa oração escreve é pública e comunitária e, quando nós rezamos, não rezamos por um só, mas por todo o povo, porque com todo o povo somos uma coisa só" (A adoração do Senhor 8). Assim oração pessoal e litúrgica mostram-se robustamente ligadas entre si. A sua unidade provém do facto que elas respondem à mesma Palavra de Deus. O cristão não diz "meu Pai", mas "Pai nosso", até no segredo do quarto fechado, porque sabe que em cada lugar, em cada circunstância, ele é membro de um mesmo Corpo.

"Portanto, rezemos irmãos amadíssimos", escreve o Bispo de Cartagena, "como Deus, o Mestre, nos ensinou. É oração confidencial e íntima rezar a Deus com o que é seu, elevar aos seus ouvidos a oração de Cristo. Reconheça o Pai as palavras de seu Filho, quando dizemos uma oração: aquele que habita interiormente no ânimo esteja presente também na voz... Quando se reza, além disso, adopte-se um modo de falar e de rezar que, com disciplina, mantenha a calma e a discrição. Consideremos que estamos diante do olhar de Deus. É preciso ser agradáveis aos olhos divinos tanto com a atitude do corpo como com a tonalidade da voz... E quando nos reunimos juntamente com os irmãos e celebramos os sacrifícios divinos com o sacerdote de Deus, devemos recordar-nos do temor reverencial e da disciplina, não dispersar as nossas orações com vozes descompostas, nem fazer com tumultuosa verbosidade um pedido que deve ser recomendado a Deus com moderação, porque Deus ouve não a voz, mas o coração (non vocis sed cordis auditor est)" (3-4). Trata-se de palavras que permanecem válidas também hoje e nos ajudam a celebrar bem a Santa Liturgia.

Em conclusão, Cipriano coloca-se nas origens daquela fecunda tradição teológico-espiritual que vê no "coração" o lugar privilegiado da oração. Segundo a Bíblia e os Padres, de facto, o coração é o íntimo do homem, o lugar onde habita Deus. Nele se realiza aquele encontro no qual Deus fala ao homem, e o homem escuta Deus; o homem fala a Deus, e Deus ouve o homem: tudo isto através da única Palavra divina. Precisamente neste sentido fazendo eco a Cipriano Smaragdo, abade de São Miguel em Mosa nos primeiros anos do século IX, afirma que a oração "é obra do coração, dos lábios, porque Deus não vê as palavras, mas o coração do orante"(O Diadema dos monges, 1).

Caríssimos, façamos nosso este "coração em escuta", do qual nos falam a Bíblia (cf. 1 Rs 3, 9) e os Padres: temos disso tanta necessidade! Só assim poderemos experimentar em plenitude que Deus é o nosso Pai, e que a Igreja, a santa Esposa de Cristo, é verdadeiramente a nossa Mãe.

Quarta-feira, 6 de Junho de 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Explicações

Enfim vem chegando o fim de semana. Os últimos dias foram corridos. Entre salvar o fim burocrático do meu curso de filosofia, que ia se encaminhando sorrateiramente para o limbo, e salvar contas bloqueadas por quem faz um direito deslocado da realidade, tudo acabou dando certo.

Após anos cursando Filosofia na Federal faltavam apenas algumas matérias para ganhar o direito de ter um pedaço de papel dizendo que eu sou bacharel. Porém, por conta dessas coisas da vida, acabei ficando alguns semestres sem fazer minha matrícula e entrei em processo de desligamento por "abandono" do curso por "dois ou mais semestres, consecutivos ou não".

Na verdade eu já imaginava que algo assim pudesse acontecer e já estava até me acostumando com a idéia e esperando a comunicação para apresentar recurso. Nunca foi minha intenção ser bacharel de filosofia, fiz vestibular só para ganhar o direito de freqüentar as aulas e aprender, o diploma sempre foi de pouca importância para mim.

Ocorre que no final da semana passada fui surpreendido por uma coincidência tão grande que me fez mudar de idéia. Depois de mais de um ano querendo fazê-lo, telefonei para um ex-professor, padre, para perguntar se ele poderia ceder a paróquia dele para a realização da Santa Missa Tridentina, e qual não foi minha surpresa em saber que: ele, pela primeira vez, era chefe do colegiado do curso; lembrava de mim; tinha visto meu processo de desligamento passando pela mesa dele e sabia que eu não tinha sido intimado por via postal por desatualização do cadastro, mas por edital interno e que meu prazo de recurso vencia em dois dias.

Fiz meu recurso, protocolei, fiz um compromisso de pegar as matérias que faltam no ano que vem e salvei o fim do curso de uma morte indigna e silenciosa.

Além disso salvei umas contas de clientes, que haviam sido bloqueadas pela "justiça", e estou fazendo a novena de natal. Assim, acabei não tendo muita cabeça para postar nada aqui, até demorei a liberar um comentário do Wagner informando que eu ganhei o prêmio Dardos... ainda volto no assunto, tenho que escolher os blogs para agraciar.

Por agora só queria dar satisfação aos meus leitores e dizer que estou voltando, estou voltando.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Padres da Igreja: Tertuliano


Esta semana recuperamos a catequese do Santo Padre sobre Tertuliano.


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Tertuliano

Queridos irmãos e irmãs!

Retomamos com a catequese de hoje a série das catequeses abandonada por ocasião da viagem ao Brasil e prosseguimos falando das grandes personalidades da Igreja antiga: são mestres da fé também para nós hoje e testemunhas da perene actualidade da fé cristã. Hoje falamos de um africano, Tertuliano, que entre o final do segundo e o início do terceiro século inaugura a literatura cristã em língua latina. Com ele tem início uma teologia nesta língua. A sua obra deu frutos decisivos, que seria imperdoável subestimar. A sua influência desenvolve-se em diversos planos: partimos da linguagem e da recuperação da cultura clássica, chegando aos da localização de uma comum "alma cristã" no mundo e da formulação de novas propostas de convivência humana. Não conhecemos com exactidão as datas do seu nascimento e da sua morte. Mas sabemos que em Cartago, nos finais do século II, de pais e de professores pagãos, recebeu uma sólida formação rectórica, filosófica, jurídica e histórica. Depois, converteu-se ao cristianismo, atraído como parece pelo exemplo dos mártires cristãos. Começou a publicar os seus escritos mais famosos em 197. Mas uma busca demasiado individual da verdade juntamente com as intemperanças do carácter era um homem rigoroso levaram-no gradualmente a deixar a seita do montanismo. Contudo, a originalidade do pensamento juntamente com a incisiva eficiência da linguagem garantem-lhe uma posição eminente na literatura cristã antiga.

São famosos sobretudo os seus escritos de carácter apologético. Eles manifestam duas intenções principais: a de contestar as gravíssimas acusações que os pagãos faziam contra a nova religião, e, a mais propositiva e missionária, de comunicar a mensagem do Evangelho em diálogo com a cultura do tempo. A sua obra mais conhecida, o Apologético, denuncia o comportamento injusto das autoridades políticas em relação à Igreja; explica e defende os ensinamentos e os costumes dos cristãos; indica as diferenças entre a nova religião e as principais correntes filosóficas do tempo; manifesta o triunfo do Espírito, que faz oposição à violência dos perseguidores com o sangue, o sofrimento e a paciência dos mártires: "Por mais requintada que seja escreve o Africano de nada serve a vossa crueldade: aliás, para a nossa comunidade, ela é um convite. A cada vosso golpe de foice nós tornamo-nos mais numerosos: o sangue dos cristãos é uma sementeira eficaz! (semen est sanguis christianorum!)" (Apologético, 50, 13). O martírio, o sofrimento pela verdade no final são vitoriosos e mais eficazes que a crueldade e a violência dos regimes totalitários.

Mas Tertuliano, como qualquer bom apologista, sente ao mesmo tempo a exigência de comunicar positivamente a essência do cristianismo. Por isso ele adopta o método especulativo para ilustrar os fundamentos racionais do dogma cristão. Aprofunda-os de modo sistemático, começando pela descrição do "Deus dos cristãos": "Aquele que nós adoramos afirma o Apologista é um Deus único". E prossegue, empregando as antíteses e os paradoxos característicos da sua linguagem: "Ele é invisível, mesmo se o vemos; inalcançável, mesmo se está presente através da graça; inconcebível, mesmo se os sentidos humanos o podem conceber; por isso é verdadeiro e grande" (ibid., 17, 1-2)!

Além disso, Tertuliano dá um grande passo no desenvolvimento do dogma trinitário; deu-nos no latim a linguagem adequada para expressar este grande mistério, introduzindo os termos "uma substância" e "três Pessoas". De maneira semelhante, desenvolveu muito também a linguagem correcta para expressar o mistério de Cristo Filho de Deus e verdadeiro Homem.

O Africano fala também do Espírito Santo, demonstrando o seu carácter pessoal e divino: "Cremos que, segundo a sua promessa, Jesus Cristo enviou por meio do Pai o Espírito Santo, o Paráclito, o santificador da fé daqueles que crêem no Pai, no Filho e no Espírito" (ibid., 2, 1). Ainda, nas obras do Africano lêem-se numerosos textos sobre a Igreja, que Tertuliano reconhece sempre como "mãe". Também depois da sua adesão ao montanismo, ele não esqueceu que a Igreja é a Mãe da nossa fé e da nossa vida cristã. Ele detém-se também sobre o comportamento moral dos cristãos e sobre a vida futura. Os seus escritos são importantes também para captar tendências vivas nas comunidades cristãs em relação a Maria Santíssima, aos sacramentos da Eucaristia, do Matrimónio e da Reconciliação, ao primado petrino, à oração... De modo especial, naqueles tempos de perseguições em que os cristãos pareciam ser uma minoria perdida, o Apologista exorta-os à esperança que segundo os seus escritos não é simplesmente uma virtude em si, mas uma modalidade que diz respeito a todos os aspectos da existência cristã. Temos a esperança que o futuro é nosso porque o futuro está em Deus. Assim a ressurreição do Senhor é apresentada como o fundamento da nossa ressurreição futura, e representa o objecto principal da confiança dos cristãos: "A carne ressurgirá afirma categoricamente o Africano: toda a carne, precisamente a carne, e a carne inteira. Onde quer que se encontre, ela está depositada junto de Deus, devido ao fidelíssimo mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, que restituirá Deus ao homem e o homem a Deus" (Sobre a ressurreição dos mortos, 63, 1).

Sob o ponto de vista humano pode-se falar sem dúvida de um drama de Tertuliano. Com o passar dos anos ele tornou-se cada vez mais exigente em relação aos cristãos. Pretendia deles em todas as circunstâncias, e sobretudo nas perseguições, um comportamento heróico. Rígido nas suas posições, não poupava críticas pesadas e inevitavelmente acabou por se encontrar isolado. De resto, também hoje permanecem abertas muitas questões, não só sobre o pensamento teológico e filosófico de Tertuliano, mas também sobre a sua atitude em relação às instituições políticas e da sociedade pagã. Faz-me pensar muito esta grande personalidade moral e intelectual, este homem que deu uma grande contribuição para o pensamento cristão. Vê-se que no final lhe falta a simplicidade, a humildade de se inserir na Igreja, de aceitar as suas debilidades, de ser tolerante com os outros e consigo mesmo. Quando se vê só o próprio pensamento na sua grandeza, no final é precisamente esta grandeza que se perde. A característica essencial de um grande teólogo é a humildade de estar com a Igreja, de aceitar as suas e as próprias debilidades, porque só Deus é realmente todo santo. Ao contrário, nós temos sempre necessidade de perdão.

Por fim, o Africano permanece uma testemunha interessante dos primeiros tempos da Igreja, quando os cristãos se viram autênticos sujeitos de "nova cultura" no confronto aproximado entre herança clássica e mensagem evangélica. É sua a célebre afirmação segundo a qual a nossa alma "é naturaliter cristã" (Apologético 17, 6), onde Tertuliano evoca a perene continuidade entre os autênticos valores humanos e cristãos; e também a sua outra reflexão, tirada directamente do Evangelho, segundo a qual "o cristão não pode odiar nem sequer os próprios inimigos" (cf. Apologético 37), onde o aspecto moral, iniludível, da opção da fé, propõe a "não-violência" como regra de vida: e não há quem não veja a dramática actualidade deste ensinamento, também à luz do aceso debate sobre as religiões.

Em resumo, nos escritos do Africano encontram-se numerosos temas que ainda hoje somos chamados a enfrentar. Eles envolvem-nos numa fecunda busca interior, à qual exorto todos os fiéis, para que saibam expressar de modo cada vez mais convicto a Regra da fé voltando mais uma vez a Tertuliano "segundo a qual nós cremos que existe um só Deus, e nenhum outro além do Criador do mundo: Ele criou todas as coisas do nada por meio do seu Verbo, gerado antes de todas as criaturas" (A prescrição dos hereges 13, 1).

Quarta-feira, 30 de Maio 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Santa Teresinha "apronta" mais uma das suas

Andrea Tornielli deu uma notícia muito interessante no seu blog: Antonio Gramsci, ideólogo do partido comunista, teria se convertido em seu leito de morte.

A revelação foi dada pelo Bispo Luigi De Magistri, que informou que o seu conterrâneo tinha uma imagem de Santa Teresinha do Menino Jesus em seu leito, na clínica em que estava internado: "Durante sua última doença, as irmãs da clínica onde estava levavam a imagem do Menino Jesus para que os doentes beijassem. Não a levaram à Gramsci. Ele disse: 'Por que não trouxeram a mim?'. Levaram então a imagem do Menino Jesus e Gramsci a beijou. Gramsci morreu com os Sacramentos, retornou à fé de sua infância".

É uma revelação muito interessante, esperemos que sirva de exemplo para os seus seguidores, principalmente aqui no Brasil.

Quem conhece a história de minha irmãzinha sabe que essa não seria a primeira vez. Antes de entrar para o convento ela "adotou" um assassino cruel e blasfemador e rezou pela sua conversão, mesmo quando todos achavam que seria impossível, pedindo que Deus lhe desse um sinal de que a conversão havia acontecido. Eis que minutos antes da execução seu "filho" beijou devotamente um crucifixo que lhe havia sido oferecido, fato que foi amplamente divulgado pela imprensa da época.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Belezas da Igreja

Domo da Basílica de São Pedro


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Padres da Igreja: Orígenes (2)

Dando seguimento à catequese apresentada na semana passada:


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Orígenes: o pensamento (2)

Queridos irmãos e irmãs!

A catequese de quarta-feira passada foi dedicada à grande figura de Orígenes, doutor de Alexandria dos séculos II-III. Naquela catequese tomamos em consideração a vida e a produção literária do grande mestre de Alexandria, indicando na "tríplice leitura" da Bíblia, por ele conotada, o núcleo animador de toda a sua obra. Deixei de parte para os retomar hoje dois aspectos da doutrina origeniana, que considero entre os mais importantes e actuais: pretendo falar dos seus ensinamentos sobre a oração e sobre a Igreja.

Na verdade Orígenes autor de um importante e sempre actual tratado Sobre a oração entrelaça constantemente a sua produção exegética e teológica com experiências e sugestões relativas à adoração. Não obstante toda a riqueza teológica de pensamento, nunca é um desenvolvimento meramente acadêmico; está sempre fundado na experiência da oração, do contacto com Deus. De facto, na sua opinião, a compreensão das Escrituras exige, ainda mais do que o estudo, a intimidade com Cristo e a oração. Ele está convicto de que o caminho privilegiado para conhecer Deus seja o amor, e que não se verifica a autêntica scientia Christi sem se apaixonar por Ele. Na Carta a Gregório Orígenes recomenda: "Dedica-te à lectio das divinas Escrituras; aplica-te a isto com perseverança. Compromete-te na lectio com intenção de acreditar e de agradar a Deus. Se durante a lectio te encontrares diante de uma porta fechada, bate e abrir-te-á aquele guardião, do qual Jesus disse: "O guardião abri-la-á". Aplicando-te assim à lectio divina, procura com lealdade e confiança inabalável em Deus o sentido das Escrituras divinas, que nelas se encontra com grande amplitude. Mas não deves contentar-te com bater e procurar: para compreender as coisas de Deus é-te absolutamente necessária a oratio". Precisamente para nos exortar a ela o Salvador nos disse não só: "Procurai e encontrareis", e "Batei e servos-á aberta", mas acrescentou: "Pedi e recebereis" (Ep. Gr. 4). Sobressai imediatamente o "papel primordial" desempenhado por Orígenes na história da lectio divina. O Bispo Ambrósio de Milão que aprenderá a ler as Escrituras das obras de Orígenes introduzi-la-á depois no Ocidente, para a entregar a Agostinho e à tradição monástica sucessiva.

Como já dissemos, o mais alto nível do conhecimento de Deus, segundo Orígenes, brota do amor. É assim também entre os homens: um só conhece realmente em profundidade o outro se tem amor, se se abrem os corações. Para demonstrar isto, ele baseia-se num significado dado por vezes ao verbo conhecer em hebraico, isto é, quando é utilizado para expressar o acto do amor humano: "Adão conheceu Eva, sua mulher. Ela concebeu..." (Gn 4, 1). Assim é sugerido que a união no amor origina o conhecimento mais autêntico. Assim como o homem e a mulher são "dois numa só carne", assim Deus e o crente se tornam "dois num mesmo espírito". Desta forma a oração do Alexandrino alcança os níveis mais elevados da mística, como é confirmado pelas suas Homilias sobre o Cântico dos Cânticos. Vem a propósito um trecho da primeira Homilia, onde Orígenes confessa. "Com frequência, disto Deus é minha testemunha senti que o Esposo se aproximava de mim no máximo grau; depois afastava-se improvisamente, e eu não pude encontrar o que procurava. De novo sinto o desejo da sua vinda, e por vezes ele volta, e quando me apareceu, quando o tenho entre as mãos, de novo me evita, e quando desaparece ponho-me de novo a procurá-lo..." (Hom. Cant. 1, 7).

Volta à mente o que o meu venerado Predecessor escreveu, como autêntica testemunha, na Novo millennio ineunte, onde mostrava aos fiéis "como a oração pode progredir, como verdadeiro e próprio diálogo de amor, até tornar a pessoa humana totalmente possuída pelo Amado divino, vibrante ao toque do Espírito, filialmente abandonada ao coração do Pai... Trata-se prosseguia João Paulo II de um caminho totalmente apoiado pela graça, que contudo exige um forte compromisso espiritual e conhece também dolorosas purificações, mas que leva, de diversas formas possíveis, à indizível alegria vivida pelos místicos como "união esponsal"" (n. 33).

Por fim, tratemos um ensinamento de Orígenes sobre a Igreja, e precisamente no interior dela sobre o sacerdócio comum dos fiéis. De facto, como o Alexandrino afirma na sua Homilia sobre o Levítico, "este discurso refere-se a todos nós" (Hom. Lev. 9, 1). Na mesma Homilia Orígenes referindo-se à proibição feita a Aarão, depois da morte dos seus dois filhos, de entrar na Sancta sanctorum "em qualquer tempo" (Lv 16, 2) assim admoesta os fiéis: "Por isto se demonstra que se alguém entrar em qualquer momento no santuário, sem a devida preparação, não revestido das vestes pontifícias, sem ter preparado as ofertas prescritas e tendo-se tornado Deus propício, morrerá... Este discurso refere-se a todos nós. De facto, ordena que saibamos como aceder ao altar de Deus. Ou não sabes que também a ti, isto é, a toda a Igreja de Deus e ao povo dos crentes, foi conferido o sacerdócio? Ouve como Pedro fala dos fiéis: "Raça eleita", diz, "real, sacerdotal, nação santa, povo adquirido por Deus". Portanto, tu tens o sacerdócio porque és "raça eleita", e por isso deves oferecer a Deus o sacrifício... Mas para que tu o possas oferecer dignamente, tens necessidade de vestes puras e distintas das dos outros homens comuns, e é-te necessário o fogo divino" (ibid.).

Assim por um lado, com o "lado cingido" e as "vestes sacerdotais", isto é, a pureza e a honestidade da vida, por outro a "lanterna sempre acesa", isto é, a fé e a ciência das Escrituras, configuram-se como as condições indispensáveis para a prática do sacerdócio universal, que exige pureza e honestidade de vida, fé e ciência das Escrituras. Com razão estas condições são indispensáveis, evidentemente, para a prática do sacerdócio ministerial. Estas condições de íntegro comportamento de vida, mas sobretudo de acolhimento e de estudo da Palavra estabelecem uma verdadeira "hierarquia da santidade" no sacerdócio comum dos cristãos. No vértice deste caminho de perfeição Orígenes coloca o martírio. Sempre na nona Homilia sobre o Levítico alude ao "fogo para o holocausto", isto é, à fé e à ciência das Escrituras, que nunca se deve apagar no altar de quem exerce o sacerdócio. Depois acrescenta: "Mas cada um de nós tem em si" não só o fogo; tem "também o holocausto, e do seu holocausto acende o altar, para que arda sempre. Eu, se renuncio a tudo quanto possuo e tomo a minha cruz e sigo Cristo, ofereço o meu holocausto no altar de Deus; e se entregar o meu corpo para que arda, tendo a caridade, e obtiver a glória do martírio, ofereço o meu holocausto no altar de Deus" (Hom. Lev. 9, 9).

Este inexaurível caminho de perfeição "refere-se a todos nós", sob a condição de que "o olhar do nosso coração" esteja voltado para a contemplação da Sabedoria e da Verdade, que é Jesus Cristo. Pregando sobre o discurso de Jesus de Nazaré quando "os olhos de toda a sinagoga estavam fixos nele" (cf. Lc 4, 16-30) parecia que Orígenes se dirigia precisamente a nós: "Também hoje, se o quiserdes, nesta assembleia os vossos olhos podem fixar o Salvador. De facto, quando dirigires o olhar mais profundo do coração para a contemplação da Sabedoria, da Verdade e do Filho único de Deus, então os teus olhos verão a Deus. Feliz assembleia, a que a Escritura afirma que os olhos de todos estavam fixos nele! Como desejaria que esta assembleia recebesse um testemunho semelhante, que os olhos de todos, dos não baptizados e dos fiéis, das mulheres, dos homens e das crianças, não os olhos do corpo, mas da alma, olhassem para Jesus!... Impressa sobre nós está a luz do teu rosto, Ó Senhor, ao qual pertencem a glória e o poder nos séculos dos séculos. Amém!" (Hom. Lc 32, 6).

Quarta-feira, 2 de Maio 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Belezas da Igreja

Igreja Nossa Senhora do Rosário de Pompéia - Itália



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Santa Teresinha no espaço


A mocinha que queria percorrer a Terra para pregar o Nome de Jesus, mas que cedo acabou empreendendo uma viagem muito mais importante, entregando sua alma ao Pai, chegou ao espaço.

Eis a notícia publicada na Zenit:

Relíquias de Santa Teresinha em vôo espacial

MADRI, quinta-feira, 20 de novembro de 2008 (ZENIT.org).- As Carmelitas Descalças de New Caney (USA) entregaram ao astronauta Ron Garan, uma relíquia de Santa Teresinha, para que lhe acompanhasse em sua viagem espacial, informam as Obras Missionárias Pontifícias da Espanha.

Na primavera passada este comandante se dirigiu à comunidade para pedir orações para sua viagem no espaço, oferecendo-se a levar algum objeto sagrado que as monjas lhe dessem.

Durante 14 dias esta lembrança teresiana percorreu mais de 9 mil quilômetros no espaço ao redor da Terra a uma velocidade de 27.291 km/h. Durante esse tempo com uma oração intensa, a comunidade pediu a Santa Teresinha uma chuva de rosas do espaço sobre o mundo. Sua vocação universal chegou até os confins do espaço.

Em 17 de agosto passado as Carmelitas de New Caney (USA) receberam a prometida e esperada visita do amigo astronauta da comunidade.

Ron foi parte da tripulação da última viagem da nave espacial Discovery, que aconteceu do dia 31 de maio a 14 de junho para transportar e acrescentar o módulo de laboratório japonês Kibo (Esperança) à Estação Espacial Internacional.

A missão de Ron consistiu em sair ao espaço, atado só por um cabo, em um braço robótico guiado do interior da estação por outro membro da tripulação, para mover o módulo japonês na posição correta e segura, assim como fazer alguns reparos no exterior da estação espacial. A NASA preparou um vídeo da missão, pelo qual se pôde escutar e ver algo do que acontece «dentro» da nave e da estação.

A comunidade lembrou das palavras de Santa Teresinha: «Sinto a vocação de apóstolo... Quisera percorrer a terra, pregar Teu nome, e plantar sobre o solo infiel Tua Cruz gloriosa. Mas Amado meu, uma só missão não me bastaria! Quisera anunciar ao mesmo tempo o Evangelho aos cinco cantos do mundo, e até nas ilhas mais remotas...».

Com esta evocação as Carmelitas não tiveram dúvida em entregar ao astronauta uma relíquia de Santa Teresinha.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Herducassaum nu barziu


Cá estava eu vendo o jornal local quando me deparei com uma matériabarradenúncia já bastante conhecida por quem se preocupa com o futuro do nosso país: as crianças passam de ano sem sequer saber escrever.

Ahhh, já sabia! No meu último curso universitário conheci algumas dessas ex-crianças e isso não deve assustar mais ninguém, só quem acredita realmente que a educação tem evoluído esses últimos anos, que número de aprovações equivale à um verdadeiro aprendizado, que papai noel existe, é que ainda fica estarrecido com isso.

Os professores, em sua maioria, não tem culpa, são pressionados para que os números sejam positivos. O tal do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), aquele da moça subindo a escadinha na propaganda, é calculado com base nas taxas de aprovação e nenhum governo quer mostrar a realidade, é preferível dizer que tudo está melhorando, mesmo que isto seja uma grande mentira, depois eles consertam com cotas nas Universidades e fica tudo lindo.

Mas o pior é que tem gente que justifica o esquema, claro, como não poderia deixar de ser, com uma lógica ainda mais perversa. Segundo a "doutora em educação" consultada, a reprovação é ruim, a criança fica se achando fracassada... Nãããão diiigaaaa, mas é justamente isto que ela é, não estudou (e veja, é claro que quando a criança não tem capacidade a situação é bem diferente), não se esforçou, não aprendeu, não passou, simples assim. Quando é que, na visão Polyana da tal doutora, a criança deve sair do mundo de faz-de-conta e entrar na realidade? Quando é que ela vai aprender que nada cai do céu? Que a vida também é feita de fracassos? Continuem tratando as crianças sem apresentá-las à realidade e vocês verão que adultos teremos.

Enquanto isto, segundo a professora entrevistada, 80% dos alunos de oitava série, não tem capacidade nem de escrita, nem matemática, para estar onde estão. Brasil, o país do futuro.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Ataques e traições

O Deus lo Vult foi atacado. A notícia já é velha até aqui no bloguinho, mas uma coisa maior acabou sobressaindo. Comentei por lá o seguinte:

Existem ateus e ateus. Conheço muitos que são honestos, honrados e capazes de uma conversa filosófica profunda e sincera. Todos estes, entretanto, possuem respeito pela fé alheia, pois reconhecem na sua própria opção uma escolha metafísica, fora, portanto, do alcance da ciência.

Reconhecem, também, via de regra, a importância dos valores morais e a impossibilidade (ou ao menos a dificuldade) de serem propostos pela ciência, ou com base na “razão pura”, como queria Kant. Normalmente eles se adaptam ao costume local (que no caso do Brasil e de toda a América Latina, tem base católica) e procuram segui-lo.

Outros, porém, embarcam nessa canoa furada por modismo, naquela “comum” rebeldia juvenil, ou talvez, como de certa forma “previu” Nietzche, por desejarem (ainda que não tenham consciência disto), justamente, se “libertar das amarras” da moral, que, na sua visão distorcida, os diminuem.

De qualquer forma aqueles ateus quase sempre não gostam destes, pois estes últimos são a prova de que é impossível para a modernidade propor algum regramento moral que seja universalmente exigível e aplicável, mostram claramente a decadência da humanidade que segue cegamente essa miragem racionalista.

Infelizmente, este tipo de atitude “fundamentalista” não é exceção desta nova “religião” sem Deus, pois, como disse, ela não possue qualquer limite moral.

Através destes exemplos podemos ver o futuro negro que aguarda a civilização e isto deve nos dar ainda mais forças para lutar.

Parabéns Jorge, por ter dado oportunidade de que um episódio tão eloqüente ocorresse, deixando tão ricamente ilustrado a decadência moral e civilizacional que combatemos.

Mas não é só isso. Esse ataque é, além de tudo, uma traição. Vamos deixar umas coisas bem claras: as ciências não se desenvolveram sozinhas, não surgiram do nada; as universidades não brotaram da terra; nem a razão foi um privilégio das pessoas nascidas depois de Descartes, tudo isto já existia e sempre foram incentivadas e desenvolvidas pela Igreja. Se a civilização ocidental chegou no ponto em que está foi porque passou, necessariamente, pela influência da Igreja, não foi a toa que os eventos decisivos aconteceram nos territórios em que a ela estava.

Agora que os filhotes destas novas possibilidades crêem não precisar mais da Igreja e querem explorar suas capacidades sem limites, inclusive o da moral, acusam a Igreja de ser contra a razão, obscurantista, etc., esquecendo que não fosse ela talvez não pudessem sequer levantar as questões que levantam hoje. É o filho que, não satisfeito de fugir de casa para satisfazer suas próprias ambições megalómanas, quer também matar a própria mãe que sempre o amou verdadeiramente.

Filhos rebeldes sempre existiram e nós sabemos o que Deus tem reservado para aqueles que decidem voltar quando quebram a cara, esperemos somente que não obriguem inocentes a comerem a lavagem que encontrarão no final da sua rebeldia.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Moderação contra "zueiras"

Evitei ao máximo tomar esta medida, até porque meu interesse é deixar o bloguinho aberto para os visitantes. Entretanto, diante do que aconteceu com o Jorge, do Deus lo Vult, eu acho que é melhor prevenir do que remediar e habilitei a moderação de comentários.

Evidentemente a política continuará a mesma, qualquer comentário, que não seja flood ou ataque puro e simples, será liberado e a moderação de conteúdo e linguagem continuará acontecendo já com ele liberado.

Tentarei liberar os comentários com a maior rapidez, mas peço que tenham um pouco de paciência.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Belezas da Igreja


Altar-mor da Igreja matriz de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro preto.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Padres da Igreja: Orígenes


Dando continuidade às catequeses sobre os Padres da Igreja, veremos hoje Orígenes, que, assim como no texto original, será dividido em duas partes.

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Orígenes: a vida e a obra (1)

Queridos irmãos e irmãs!

Nas nossas meditações sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, hoje conhecemos uma das mais relevantes. Orígenes de Alexandria é realmente uma das personalidades determinantes para todo o desenvolvimento do pensamento cristão. Ele recebe a herança de Clemente de Alexandria, sobre o qual meditámos na passada quarta-feira, e impele para o futuro de modo totalmente inovativo, imprimindo uma mudança irreversível ao desenvolvimento do pensamento cristão. Foi um "mestre" verdadeiro, e assim o recordavam com saudades e emoção os seus alunos: não só um brilhante teólogo, mas uma testemunha exemplar da doutrina que transmitia. "Ele ensinou", escreve Eusébio de Cesareia, seu biógrafo entusiasta, "que o comportamento deve corresponder exactamente às palavras e foi sobretudo por isso que, ajudado pela graça de Deus, induziu muitos a imitá-lo" (Hist. Eccl. 6, 3, 7).

Toda a sua vida foi percorrida por um profundo anseio pelo martírio. Tinha dezessete anos quando, no décimo ano do imperador Setímio Severo, se desencadeou em Alexandria a perseguição contra os cristãos. Clemente, seu mestre, abandonou a cidade, e o pai de Orígenes, Leónidas, foi encarcerado. O seu filho bramava ardentemente pelo martírio, mas não pôde realizar este desejo.

Então escreveu ao pai, exortando-o a não desistir do testemunho supremo da fé. E quando Leónidas foi decapitado, o pequeno Orígenes sentiu que devia acolher o exemplo da sua vida. Quarenta anos mais tarde, quando pregava em Cesareia, fez esta confissão: "Não me é útil ter tido um pai mártir, se não tenho um bom comportamento e não honro a nobreza da minha estirpe, isto é, o martírio de meu pai e o testemunho que o tornou ilustre em Cristo" (Hom. Ex. 4, 8). Numa homilia sucessiva quando, graças à extrema tolerância do imperador Filipe o Árabe, já parecia não haver a eventualidade de um testemunho cruento Orígenes exclama: "Se Deus me concedesse ser lavado no meu sangue, de modo a receber o segundo baptismo tendo aceite a morte por Cristo, afastar-me-ia deste mundo seguro... Mas são bem aventurados os que merecem estas coisas" (Hom. Iud. 7, 12). Estas expressões revelam toda a nostalgia de Orígenes pelo baptismo de sangue. E finalmente este anseio irresistível foi, pelo menos em parte, satisfeito. Em 250, durante a perseguição de Décio, Orígenes foi preso e torturado cruelmente. Debilitado pelos sofrimentos suportados, faleceu alguns anos mais tarde. Ainda não tinha setenta anos.

Mencionámos aquela "mudança irreversível" que Orígenes imprimiu à história da teologia e do pensamento cristão. Mas em que consiste esta "mudança", esta novidade tão cheia de consequências? Ela corresponde substancialmente à fundação da teologia na explicação das Escrituras. Fazer teologia era para ele essencialmente explicar, compreender a Escritura; ou poderíamos dizer também que a sua teologia é a perfeita simbiose entre teologia e exegese. Na verdade, a sigla própria da doutrina ogigeniana parece residir precisamente no convite incessante a passar das palavras ao espírito das Escrituas, para progredir no conhecimento de Deus. E este chamado "alegorismo", escreveu von Balthasar, coincide precisamente "com o desenvolvimento do dogma cristão realizado pelo ensinamento dos doutores da Igreja", os quais de uma forma ou de outra receberam a "lição" de Orígenes. Assim a tradição e o magistério, fundamento e garantia da busca teológica, chegam a configurar-se como "Escritura em acto" (cf. Origene: il mondo, Cristo e la Chiesa, tr. it, Milão 1972, p. 43). Por isso, podemos afirmar que o núcleo central da imensa obra literária de Orígenes consiste na sua "tríplice leitura" da Bíblia. Mas antes de ilustrar esta "leitura" convém lançar um olhar de conjunto à produção literária do Alexandrino. São Jerónimo na sua Epístola 33 elenca os títulos de 320 livros e de 310 homilias de Orígenes. Infelizmente a maior parte desta obra perdeu-se, mas também o pouco que permaneceu faz dele o autor mais fecundo dos primeiros três séculos cristãos. O seu raio de interesses alarga-se da exegese ao dogma, à filosofia, à apologética, à ascética e à mística. É uma visão fundamental e global da vida cristã.

O centro inspirador desta obra é, como mencionámos, a "tríplice leitura" das Escrituras desenvolvida por Orígenes ao longo da sua vida. Com esta expressão pretendemos aludir às três modalidades mais importantes entre si não sucessivas, aliás com mais frequência sobrepostas com as quais Orígenes se dedicou ao estudo das Escrituras. Em primeiro lugar ele leu a Bíblia com a intenção de verificar do melhor modo o seu texto e de oferecer a edição mais fidedigna. Este, por exemplo, é o primeiro passo: conhecer realmente o que está escrito e conhecer o que esta escritura pretendia intencional e inicialmente dizer. Fez um grande estudo com esta finalidade e redigiu uma edição da Bíblia com seis colunas paralelas, da esquerda para a direita, com o texto hebraico em caracteres hebraicos teve também contactos com os rabinos para compreender bem o texto original hebraico da Bíblia depois o texto hebraico transliterado em caracteres gregos e depois quatro traduções diversas em língua grega, que lhe permitiam comparar as diversas possibilidades de tradução. Isto originou o título de "Hexapla" ("seis colunas") atribuído a esta imane sinopse. Este é o primeiro ponto: conhecer exactamente o que está escrito, o texto como tal.

Em segundo lugar Orígenes leu sistematicamente a Bíblia com os seus célebres Comentários. Eles reproduzem fielmente as explicações que o mestre oferecia durante a escola, tanto em Alexandria como em Cesareia. Orígenes procede quase versículo por versículo, em forma minuciosa, ampla e aprofundada, com notas de carácter filológico e doutrinal. Ele trabalha com grande rigor para conhecer bem o que queriam dizer os autores sagrados.

Por fim, também antes da sua ordenação presbiteral, Orígenes dedicou-se muitíssimo à pregação da Bíblia, adaptando-se a um público muito variado. Contudo, sente-se também nas suas Homelias o mestre, totalmente dedicado à interpretação sistemática da perícope em exame, pouco a pouco fraccionada nos versículos seguintes. Também nas Homilias Orígenes aproveita todas as ocasiões para recordar as diversas dimensões do sentido da Sagrada Escritura, que ajudam ou expressam um caminho no crescimento da fé: há o sentido "literal", mas ele esconde profundidades que não se vêem num primeiro momento; a segunda dimensão é o sentido "moral": o que devemos fazer vivendo a palavra; e por fim, o sentido "espiritual", isto é, a unidade da Escritura, que em todo o seu desenvolvimento fala de Cristo. É o Espírito Santo que nos faz compreender o conteúdo cristológico e assim a unidade da Escritura na sua diversidade. Seria interessante mostrar isto.

Tentei um pouco, no meu livro "Jesus de Nazaré", mostrar na situação de hoje estas numerosas dimensões da Palavra, da Sagrada Escritura, que primeiro deve ser respeitada precisamente no sentido histórico. Mas este sentido transcende-nos para Cristo, na luz do Espírito Santo, e mostra-nos o caminho, como viver. Isto é mencionado, por exemplo, na nona Homilia sobre os números, onde Orígenes compara a Escritura com as nozes: "Assim é a doutrina da Lei e dos Profetas na escola de Cristo", afirma o homileta; "amarga é a casca, que é como a letra; em segundo lugar, chegarás à semente, que é a doutrina moral; em terceiro encontrarás o sentido dos mistérios, do qual se alimentam as almas dos santos na vida presente e na futura" (Hom. Num. 9, 7).

Sobretudo por este caminho Orígenes consegue promover eficazmente a "leitura cristã" do Antigo Testamento, contestando de maneira brilhante o desafio daqueles hereges sobretudo gnósticos e marcionitas que opunham entre si os dois Testamentos até rejeitar o Antigo. A este propósito, na mesma Homilia sobre os Números o Alexandrino afirma: "Eu não chamo à Lei "Antigo Testamento", se a compreendo no Espírito. A Lei torna-se um "Antigo Testamento" só para aqueles que a desejam compreender carnalmente", isto é, detendo-se no sentido literal. Mas "para nós, que a compreendemos e aplicamos no Espírito e no sentido do Evangelho, a Lei é sempre nova, e os dois Testamentos são para nós um novo Testamento, não por causa da data temporal, mas pela novidade do sentido... Ao contrário, para o pecador e para quantos não respeitam o pacto da caridade, também os Evangelhos envelhecem" (Hom. Num. 9, 4).

Convido-vos e assim concluo a acolher no vosso coração o ensinamento deste grande mestre na fé. Ele recorda-nos com íntimo arrebatamento que, na leitura orante da Escritura e no compromisso coerente da vida, a Igreja renova-se e rejuvenesce sempre. A Palavra de Deus, que nunca envelhece, e nunca termina, é o meio privilegiado para esta finalidade. De facto, é a Palavra de Deus que, por obra do Espírito Santo, nos guia sempre de novo à verdade total (cf. Bento XVI, Aos participantes no Congresso Internacional no XL aniversário da Constituição dogmática "Dei Verbum", 16/9/2005). E rezemos ao Senhor para que nos dê hoje pensadores, teólogos, exegetas que encontrem esta multidimensão, esta actualidade permanente da Sagrada Escritura, a sua novidade para hoje. Rezemos para que o Senhor nos ajude a ler de modo orante a Sagrada Escritura, a alimentar-nos realmente do verdadeiro pão da vida, da sua Palavra.

Quarta-feira, 25 de Abril 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

E se fosse no Brasil?


Ok, a notícia está por todo lado na internet, mas eu não poderia deixar de fazer uma menção honrosa ao sr. Presidente do Uruguai.

Para quem ainda não sabe, o Congresso daquele país aprovou uma lei que permitia às uruguaias matar seu bebê até a 12a. semana de gestação. Entretanto, o presidente Tabaré Vázquez vetou a lei, alegando "graves razões filosóficas". Seu veto dificilmente será derrubado, garantindo que o Uruguai continue livre da liberalização deste crime.

Parabéns sr. Presidente, que seu exemplo possa ser seguido em outros países.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sábado, 15 de novembro de 2008

Mais um em trânsito



De novo voltando de Santa Teresa, mas desta vez com direito a foto... é tava um pouco frio. :-).




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Ajudando um irmão.

Este é um post interessante, o assunto nem é importante, mas ressalta uma das características que mais me deliciam na Igreja, o fato de que somos ligados por algo muito maior do que simples afinidade, amizade ou comunidade, somos todos parte de um mesmo Corpo, somos uma grande família.

O negócio é o seguinte: o garoto do American Papist, ótimo blog americano papista e que está desde o início nos meus links, está precisando de uma ajudinha. Ele está concorrendo à uma bolsa de estudos de U$10.000,00 e necessita de alguns votos. É fácil e rápido, clique aqui e vote em Thomas Peters.

Thomas Peters, não vai errar e atrapalhar o rapaz heim. :-) E ai, decorou?? Thomas Peters :-).

Ahh sim, a geléia de pitanga ficou ótima.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Recado para o Itamarati

Dizem por ai que o Lula vai fazer uma visita à Sua Santidade agora por estes dias em que está na Itália, tenho uma idéia para o pessoal que cuida do cerimonial:

Imperador Henrique IV pedindo perdão ao Papa Gregório VII e o levantamento de sua excomunhão

Ahh sim, antes tem que passar três dias na porta, descalço, sem comer e vestido com trapos. :-)

ainda o imperador Henrique IV


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Democracia, inclusão e canalhice


Responda rápido: na democracia o governo e seus órgãos deveriam representar os anseios e os valores do povo (ou ao menos da maioria dele) ou tentar modificar este povo, transformando-o em seu extremo oposto?

Se entendi bem a proposta dessa coisa chamada democracia, o cara que é eleito deveria ser um representante daqueles que o elegeram, ou me engano? Então por que cargas d'água o Ministério da Esculhambação e Canalhice (tm Carlos Ramalhete), vulgo MEC, proporia uma questão no último Enade em que afirma como correta a liberação do aborto (que, lembremos, ainda é crime) para garantir a inclusão das mulheres na sociedade?

Não é possível, acho que não devo ter entendido direito. A maioria absoluta do povo brasileiro é contra o aborto, o que significa dizer que quase ninguém acha que seja um direito da mulher matar uma criança para "se incluir na sociedade", mas a parte do governo responsável pela "educação" quer que os alunos digam que e imprescindível que isto ocorra, caso contrário perderão um ponto na avaliação. Ou concordam ou estão miseravelmente errados.

Olha a questão como ficou bonita:

As melhores leis a favor das mulheres de cada país-membro da União Européia estão sendo reunidas por especialistas. O objetivo é compor uma legislação continental capaz de contemplar temas que vão da contracepção à eqüidade salarial, da prostituição à aposentadoria. Contudo, uma legislação que assegure a inclusão das cidadãs deve contemplar outros temas, além dos citados.

São dois os temas mais específicos para essa legislação:
(A) aborto e violência doméstica
(B) cotas raciais e assédio moral
(C) educação moral e trabalho
(D) estupro e imigração clandestina
(E) liberdade de expressão e divórcio

A resposta "correta" é a A.

Imagine o sujeito que chegou em casa para conferir o gabarito: "ixi, errei, o certo é a legislação deve contemplar o aborto. Puxa, como sou burro".

Não se engane, é exatamente isto que eles tinham em mente: criar uma ilusão de que o princípio que o estudante recebeu de sua família e religião é um erro e que seu oposto é que é o correto, tão correto como dois e dois são quatro. Mas isto não é representar, é modificar, mas não pode, devo ter mesmo entendido errado essa coisa de democracia, isso seria canalhice.

Bom, já que política, pelo jeito, não é o meu forte, queria ao menos entender como exatamente o aborto inclui as "cidadãs"? Será por que dá a elas a mesma liberdade dos homens? Se for assim, será os pais que não desejarem os filhos estão livres para renegá-los ou obrigar as mães a abortar? E os bebês do sexo feminino que forem abortados, terão sido incluídos em algum lugar além da lata do lixo? Deus, como sou burro.


p.s: Cuidado, este tipo de notícia pode deixar os bebês bravos, muito bravos...




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Chuva e geléia


Vitória ficou debaixo d'água ontem. Foi uma hora de temporal e o barco virou o melhor meio de locomoção. Pena que as pessoas sofrem prejuízos com isso, porque eu me diverti bastante. Como foi logo depois da missa e não dava para chegar em casa fui tomar sorvete e passear um pouco.

Hoje continua chovendo, mas civilizadamente :-), acho que nem chegou a prejudicar a rotina das pessoas, se bem que quando estava na prefeitura resolvendo uns problemas ouvi umas moças dizendo que iam embora mais cedo com medo de uma nova tempestade, fiquei imaginando se eram servidoras públicas, seria um ótimo clichê.

Já eu, que chego em casa quando quero, deixei para ir mais tarde, acho que inconscientemente esperava por outra chuva de tomar sorvete. Como não veio eu vim para casa, mas não deixei barato, fiz uma geléia de pitanga, parece que ficou bom (outro dia eu fiz de jabuticaba, foi muito elogiada hehehe, acho que vou largar o direito e virar produtor de geléia).

Será que amanhã chove?


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Padres da Igreja: Clemente de Alexandria


Seguindo as coleção de catequeses do Santo Padre, hoje temos a figura de Clemente de Alexandria.

Só para ressaltar, ainda estamos antes de Constantino :-).


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Clemente de Alexandria


Amados irmãos e irmãs!

Depois do tempo das festas voltamos às catequeses normais, mesmo se visivelmente na Praça ainda é festa. Com as catequeses voltamos, como disse, à sequência antes iniciada. Primeiro falámos dos Doze Apóstolos, depois dos discípulos dos Apóstolos, agora das grandes personalidades da Igreja nascente, da Igreja antiga. O último foi Santo Ireneu de Lião, hoje falamos de Clemente de Alexandria, um grande teólogo que nasceu provavelmente em Atenas em meados do século II. De Atenas herdou aquele acentuado interesse pela filosofia, que teria feito dele um dos pioneiros do diálogo entre fé e razão na tradição cristã. Ainda jovem, ele chegou a Alexandria, a "cidade-símbolo" daquele fecundo cruzamento entre culturas diversas que caracterizou a idade helenística. Lá foi discípulo de Panteno, até lhe suceder na direcção da escola catequética.

Numerosas fontes confirmam que foi ordenado presbítero. Durante a perseguição de 202-203 abandonou Alexandria para se refugiar em Cesareia, na Capadócia, onde faleceu por volta de 215.

As obras mais importantes que dele nos restam são três: o Protréptico, o Pedagogo e o Estrómata. Mesmo parecendo não ser esta a intenção originária do autor, é uma realidade que estes escritos constituem uma verdadeira trilogia, destinada a acompanhar eficazmente a maturação espiritual do cristão. O Protréptico, como diz a própria palavra, é uma "exortação" dirigida a quem inicia e procura o caminho da fé. Ainda melhor, o Protréptico coincide com uma Pessoa: o Filho de Deus, Jesus Cristo, que se faz "exortador" dos homens, para que empreendam com decisão o caminho rumo à Verdade. O próprio Jesus Cristo se faz depois Pedagogo, isto é "educador" daqueles que, em virtude do Baptismo, já se tornaram filhos de Deus. O próprio Jesus Cristo, por fim, é também Didascalos, isto é, "Mestre" que propõe os ensinamentos mais profundos. Eles estão reunidos na terceira obra de Clemente, os Estrómatas, palavra grega que significa "tapeçaria": de facto, trata-se de uma composição não sistemática de vários assuntos, fruto directo do ensinamento habitual de Clemente.

No seu conjunto, a catequese clementina acompanha passo a passo o caminho do catecúmeno e do baptizado para que, com as suas "asas" da fé e da razão, eles alcancem um conhecimento íntimo da Verdade, que é Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Só este conhecimento da pessoa que é a verdade, é a "verdadeira gnose", a expressão grega que corresponde a "conhecimento", "inteligência". É o edifício construído pela razão sob o impulso de um princípio sobrenatural. A própria fé constrói a verdadeira filosofia, isto é, a verdadeira conversão no caminho a ser empreendido na vida. Por conseguinte, a autêntica "gnose" é um desenvolvimento da fé, suscitado por Jesus Cristo na alma unida a Ele. Clemente distingue depois entre dois níveis da vida cristã. O primeiro: os cristãos crentes que vivem a fé de modo comum, mas sempre aberta aos horizontes da santidade. E depois, o segundo: os "gnósticos", isto é, os que já conduzem uma vida de perfeição espiritual: contudo o cristão deve partir da base comum da fé e através de um caminho de busca deve deixar-se guiar por Cristo para, desta forma, chegar ao conhecimento da Verdade e das verdades que formam o conteúdo da fé. Este conhecimento, diz-nos Clemente, torna-se a alma de uma realidade vivente: não é só uma teoria, é uma força de vida, uma união de amor transformante.

O conhecimento de Cristo não é só pensamento, mas é amor que abre os olhos, transforma o homem e gera comunhão com o Logos, com o Verbo divino que é verdade e vida.

Nesta comunhão, que é o conhecimento perfeito e amor, o cristão perfeito alcança a contemplação, a unificação com Deus.

Clemente retoma finalmente a doutrina segundo a qual o fim último do homem é tornar-se semelhante a Deus. Somos criados à imagem e semelhança de Deus, mas isto ainda é um desafio, um caminho; de facto, a finalidade da vida, o destino último é verdadeiramente tornar-se semelhantes a Deus. Isto é possível graças à conaturalidade com Ele, que o homem recebeu no momento da criação, pelo que ele já é em si já em si a imagem de Deus. Esta conaturalidade permite conhecer as realidades divinas, às quais o homem adere antes de tudo pela fé e, através da fé vivida, da prática da virtude, pode crescer até à contemplação de Deus. Assim, no caminho da perfeição, Clemente atribui à exigência moral a mesma importância que atribui à intelectual. Os dois caminham juntos porque não se pode conhecer sem viver e não se pode viver sem conhecer. A assimilação a Deus e a contemplação d'Ele não podem ser alcançadas unicamente com o conhecimento racional: para esta finalidade é necessária uma vida segundo o Logos, uma vida segundo a verdade. E por conseguinte, as boas obras devem acompanhar o conhecimento intelectual como a sombra segue o corpo.

Principalmente duas virtudes ornamentam a alma do "verdadeiro gnóstico". A primeira é a liberdade das paixões (apátheia); a outra é o amor, a verdadeira paixão, que garante a união íntima com Deus. O amor doa a paz perfeita, e coloca o "verdadeiro gnóstico" em condições de enfrentar os maiores sacrifícios, também o sacrifício supremo no seguimento de Cristo, e fá-lo subir de degrau em degrau até ao vértice das virtudes. Assim o ideal ético da filosofia antiga, isto é, a libertação das paixões, é definido e conjugado por Clemente com amor, no processo incessante de assimilação a Deus.

Deste modo o Alexandrino constrói a segunda grande ocasião de diálogo entre o anúncio cristão e a filosofia grega. Sabemos que São Paulo no Areópago em Atenas, onde Clemente nasceu, tinha feito a primeira tentativa de diálogo com a filosofia grega e em grande parte tinha falhado mas tinham-lhe dito: "Ouvir-te-emos outra vez". Agora Clemente, retoma este diálogo, e eleva-o ao mais alto nível na tradição filosófica grega. Como escreveu o meu venerado Predecessor João Paulo II na Encíclica Fides et ratio, o Alexandrino chega a interpretar a filosofia como "uma instrução propedêutica à fé cristã" (n. 38). E, de facto, Clemente chegou a ponto de afirmar que Deus dera a filosofia aos Gregos "como um seu próprio Testamento" (Strom. 6, 8, 67, 1). Para ele a tradição filosófica grega, quase ao nível da Lei para os Judeus, é âmbito de "revelação", são duas correntes que, em síntese, se dirigem para o próprio Logos. Assim Clemente continua a marcar com decisão o caminho de quem pretende "dizer a razão" da própria fé em Jesus Cristo. Ele pode servir de exemplo para os cristãos, catequistas e teólogos do nosso tempo, aos quais João Paulo II, na mesma Encíclica, recomendava que "recuperassem e evidenciassem do melhor modo a dimensão metafísica da verdade, para entrar num diálogo crítico e exigente com o pensamento filosófico contemporâneo".

Concluímos fazendo nossas algumas expressões da célebre "oração a Cristo Logos", com a qual Clemente encerra o seu Pedagogo. Ele suplica assim: "Sê propício aos teus filhos"; "Concede que vivamos na tua paz, que sejamos transferidos para a tua cidade, que atravessemos sem ser submergidos as ondas do pecado, que sejamos transportados em tranquilidade pelo Espírito Santo e pela Sabedoria inefável: nós, que de noite e de dia, até ao último dia cantamos um cântico de acção de graças ao único Pai,... ao Filho pedagogo e mestre, juntamente com o Espírito Santo. Amém!" (Ped. 3, 12, 101).

Quarta-feira, 18 de Abril 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sábado, 8 de novembro de 2008

Do que é essencial


Hoje é domingo, dia de Missa. Por falar nisso, que tal fazer um esforço para se concentrar só no sacrifício que é entregue no altar?

Parece brincadeira, mas por todo lado tenho percebido que as pessoas prestam atenção em tudo, menos no que é essencial, menos no mistério que, teoricamente, é o motivo pelo qual livremente escolheram estar na Igreja.

Tudo bem, talvez a culpa seja simplesmente da falta de catequese, se o sujeito não sabe o que está acontecendo na sua frente ele não tem como lhe dar o devido valor, mas creio que se tudo o que é acidental na missa(música, alguns gestos, arte, decoração, etc.) fosse dirigido somente, e de forma clara, para ressaltar a dignidade e a magnitude daquilo que se está celebrando, provavelmente as pessoas entenderiam, sem precisar de muita explicação.

Esta semana, infelizmente, ocorreu um episódio que ilustra muito bem o alcance que a valorização de coisas acidentais pode ter na cabeça do fiel. O resumo da opera é o seguinte: O bispo de Niterói, D. Alano, por motivos que só cabem a ele julgar, afastou um padre de sua paróquia. Por conta disto a comunidade pediu que ele reconsiderasse a decisão, até ai tudo bem. O problema foi que, ao não serem atendidos, a maioria dos paroquianos decidiu não comparecer à missa e a ficar do lado de fora, de costas para o altar.

O que, pelo amor de Deus, poderia justificar dar as costas para o Rei do Universo? O que poderia justificar tanto desprezo com o calvário? Não há padre que valha isto. É uma total inversão de valores. Parece que ficar sem o "carisma" do antigo padre significa a perda do valor da missa para aqueles que deixaram de comparecer.

Menos grave, mas ainda assim gravíssimo, é a desobediência e a irreverência para com o Bispo, para o qual, aliás, ofereço minhas pobres orações e peço que façam o mesmo.

Infelizmente este não é um caso isolado, aqui em Vitória mesmo tivemos um parecido, mas, graças a Deus, sem que ninguém ficasse de costas para o altar. Fico imaginando quando outro absurdo do gênero acontecerá.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Mudanças

Há muito tempo que eu estava querendo mudar a cara do blog. Depois de um ano com a mesma cara de "em construção" finalmente eu tomei coragem e mudei.

Ainda é provisório, e talvez nunca deixe de ser, mas gostaria de poder contar com a participação dos meus visitantes nesta mudança. Por isto eu fiz uma enquete, se não agradar eu volto para o antigo ou procuro um outro, o importante é que o novo visual não desagrade quem sempre dá uma passadinha por aqui.

E então, o que acharam? Eu, confesso, ainda estou me adaptando. :-)



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"