quarta-feira, 16 de julho de 2008
Cansados de impostos
Por estes dias alguns clientes me confidenciaram: "doutor, vou fechar minha empresa e trabalhar em casa, só mexendo com quem não ligar de ficar sem nota fiscal. Vou ganhar menos mais vou ter menos dor de cabeça também". Achei bem sintomático.
Geralmente eu escuto esse tipo de coisas e, a bem da verdade, não tem como não dar razão aos pobres coitados... sim, pobres-coitados, ao contrário da idéia vendida por aí não são crápulas bolando planos maquiavélicos para sonegar impostos, mas geralmente empresários mais velhos que após anos de trabalho árduo cansaram de gastar seus neurônios com contadores, promoções, inflação, CPMFs, taxa de juros, obrigações acessórias e decidem voltar ao que sabem fazer: produzir, comerciar, prestar serviços. Muitos deles, as vezes com mais de trinta anos de empresa, não tem nenhum grande patrimônio, vivem às duras penas, estressados, desiludidos, alguns até deprimidos. Os que ainda conseguiram juntar alguma coisa em tempos menos ingratos agora estão perdendo até isto nos tribunais.
Geralmente esses desabafos vêm aos poucos, muitos querem só sondar minha opinião, mas não os últimos com quem conversei, estes estavam decididos e foram alguns em um curto espaço de tempo, por isto achei interessante.
Sinceramente? Acho que não podia ser diferente. O sujeito quer trabalhar, ganhar seu pão, se divertir, criar seus filhos e o Governo dificulta demais, nada mais normal do que dar um pé na bunda do Governo. Normalmente a pessoa passa a respeitá-lo mais ou menos como a um Pai alcoólatra, que merece respeito pela posição mas suas ordens imorais são ignoradas.
Como aquele pai o governo tenta se fazer impor em um primeiro momento, bate, quebra tudo, xinga todo mundo, tenta diminuir a figura do filho chamando-o de ingrato, acusando-o de não cumprir seus deveres, mas quanto mais o Estado apertar as rédeas, mais gente vai sair da dita "formalidade" para negociar sem a sua intervenção.
Mas por favor meus prezados, não me entendam mal, não estou pregando um anarquismo, o que estou narrando é uma reação natural, é a descrição de um fenômeno que creio estar presenciando. Ademais, quem negaria aos escravos o direito de tentar fugir, ou às vítimas de se defender? Para quem não entende a situação em sua profundidade a coisa toda pode parecer puro egoísmo, pura vontade de ganhar dinheiro fácil, mas lhes garanto, não passa nem perto disto.
O problema maior, a meu ver, é o estado de espírito que se cria. De um lado, se o costume é desobedecer, aos poucos até as regras a que se deveria obedecer passam a ser descumpridas e a figura da autoridade, que em si é legítima, passa a não significar muita coisa e isto pode levar ao caos. Por outro lado não vejo no governo (nem em ninguém da chamada oposição) a sabedoria de facilitar as coisas, ao contrário, a própria formação ideológica, anti-natural, e, pois, anti-católica, dessas pessoas tende à perseguição daqueles que eles acreditam ser os verdadeiros vilões da história e ao totalitarismo de um estado onipresente, controlando cada minúcia da vida de cada um dos seus cidadãos, o que, como vemos nos exemplos de outros países, acaba só acelerando o processo para o caos.
O que se pode fazer é rezar e preparar aqueles que têm uma certa possibilidade de liderança para serem nobres, para serem capazes de entender a realidade, a natureza humana, a moral e controlar e guiar aqueles que naturalmente se aproximarão de sua liderança em caso de desordem generalizada, caso contrário, se o caos vier, o prejuízo será muito maior.
"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"
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