terça-feira, 11 de novembro de 2008

Democracia, inclusão e canalhice


Responda rápido: na democracia o governo e seus órgãos deveriam representar os anseios e os valores do povo (ou ao menos da maioria dele) ou tentar modificar este povo, transformando-o em seu extremo oposto?

Se entendi bem a proposta dessa coisa chamada democracia, o cara que é eleito deveria ser um representante daqueles que o elegeram, ou me engano? Então por que cargas d'água o Ministério da Esculhambação e Canalhice (tm Carlos Ramalhete), vulgo MEC, proporia uma questão no último Enade em que afirma como correta a liberação do aborto (que, lembremos, ainda é crime) para garantir a inclusão das mulheres na sociedade?

Não é possível, acho que não devo ter entendido direito. A maioria absoluta do povo brasileiro é contra o aborto, o que significa dizer que quase ninguém acha que seja um direito da mulher matar uma criança para "se incluir na sociedade", mas a parte do governo responsável pela "educação" quer que os alunos digam que e imprescindível que isto ocorra, caso contrário perderão um ponto na avaliação. Ou concordam ou estão miseravelmente errados.

Olha a questão como ficou bonita:

As melhores leis a favor das mulheres de cada país-membro da União Européia estão sendo reunidas por especialistas. O objetivo é compor uma legislação continental capaz de contemplar temas que vão da contracepção à eqüidade salarial, da prostituição à aposentadoria. Contudo, uma legislação que assegure a inclusão das cidadãs deve contemplar outros temas, além dos citados.

São dois os temas mais específicos para essa legislação:
(A) aborto e violência doméstica
(B) cotas raciais e assédio moral
(C) educação moral e trabalho
(D) estupro e imigração clandestina
(E) liberdade de expressão e divórcio

A resposta "correta" é a A.

Imagine o sujeito que chegou em casa para conferir o gabarito: "ixi, errei, o certo é a legislação deve contemplar o aborto. Puxa, como sou burro".

Não se engane, é exatamente isto que eles tinham em mente: criar uma ilusão de que o princípio que o estudante recebeu de sua família e religião é um erro e que seu oposto é que é o correto, tão correto como dois e dois são quatro. Mas isto não é representar, é modificar, mas não pode, devo ter mesmo entendido errado essa coisa de democracia, isso seria canalhice.

Bom, já que política, pelo jeito, não é o meu forte, queria ao menos entender como exatamente o aborto inclui as "cidadãs"? Será por que dá a elas a mesma liberdade dos homens? Se for assim, será os pais que não desejarem os filhos estão livres para renegá-los ou obrigar as mães a abortar? E os bebês do sexo feminino que forem abortados, terão sido incluídos em algum lugar além da lata do lixo? Deus, como sou burro.


p.s: Cuidado, este tipo de notícia pode deixar os bebês bravos, muito bravos...




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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