quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Herducassaum nu barziu


Cá estava eu vendo o jornal local quando me deparei com uma matériabarradenúncia já bastante conhecida por quem se preocupa com o futuro do nosso país: as crianças passam de ano sem sequer saber escrever.

Ahhh, já sabia! No meu último curso universitário conheci algumas dessas ex-crianças e isso não deve assustar mais ninguém, só quem acredita realmente que a educação tem evoluído esses últimos anos, que número de aprovações equivale à um verdadeiro aprendizado, que papai noel existe, é que ainda fica estarrecido com isso.

Os professores, em sua maioria, não tem culpa, são pressionados para que os números sejam positivos. O tal do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), aquele da moça subindo a escadinha na propaganda, é calculado com base nas taxas de aprovação e nenhum governo quer mostrar a realidade, é preferível dizer que tudo está melhorando, mesmo que isto seja uma grande mentira, depois eles consertam com cotas nas Universidades e fica tudo lindo.

Mas o pior é que tem gente que justifica o esquema, claro, como não poderia deixar de ser, com uma lógica ainda mais perversa. Segundo a "doutora em educação" consultada, a reprovação é ruim, a criança fica se achando fracassada... Nãããão diiigaaaa, mas é justamente isto que ela é, não estudou (e veja, é claro que quando a criança não tem capacidade a situação é bem diferente), não se esforçou, não aprendeu, não passou, simples assim. Quando é que, na visão Polyana da tal doutora, a criança deve sair do mundo de faz-de-conta e entrar na realidade? Quando é que ela vai aprender que nada cai do céu? Que a vida também é feita de fracassos? Continuem tratando as crianças sem apresentá-las à realidade e vocês verão que adultos teremos.

Enquanto isto, segundo a professora entrevistada, 80% dos alunos de oitava série, não tem capacidade nem de escrita, nem matemática, para estar onde estão. Brasil, o país do futuro.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Um comentário:

Tia Sandra disse...

Como viúva de professor de matemática, posso testemunhar que ele foi chamado na Secretaria da Educação "para reciclagem" pois reprovou alunos que não sabiam tabuada.

O Estado deu "aulas de reforço" durante duas semanas para os jovens e os aprovou.

A partir dessa data ele perdeu a "paixão" pelo ofício de ensinar.