quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Ontem, hoje... e amanhã?


Por esses dias o Wagner Moura trouxe um artigo interessante sobre a laicidade do Estado, do qual pego emprestado uma frase do Rui Barbosa:

“antes da República existia o Brasil; e o Brasil nasceu cristão, cresceu cristão, cristão continua a ser até hoje. Logo, se a República veio organizar o Brasil, e não esmagá-lo, a fórmula da liberdade constitucional, na República, necessariamente há de ser uma fórmula cristã. As instituições de 1891 não se destinaram a matar o espírito religioso, mas a depurá-lo, emancipando a religião do jugo oficial. Como aos americanos, pois, nos assiste a nós o jus de considerar o princípio cristão como elemento essencial e fundamental do direito brasileiro. Nessa verdade se encerram todas as garantias da liberdade e todas as necessidades da fé.”


É por isto que disse a uns dois tópicos para baixo que os incentivadores da tal caravana da """"saúde"""" "detestam o Brasil, detestam seus filhos e detestam seu povo".

Nosso país é tradicionalmente cristão, diria mais: tradicionalmente católico. Mesmo que não levemos em conta a construção da civilização da qual fazemos parte (como venho colocando aos poucos nessa coleção), nossa cultura, nossas crenças, nosso patrimônio arquitetônico, nosso folclore, até nosso jeito de pensar e de agir foram, e são ainda em grande parte, devedores da Igreja, mesmo entre os que se dizem "contra" ela. Costumo dizer que mesmo alguns dos nossos protestantes ainda são bem católicos no dia-a-dia.

É nessa tradição que o povo brasileiro encontra sua diferenciação de outros povos, é ela quem faz ser o que somos. Neste sentido, quem despreza a raiz da qual brotou nosso povo, despreza também tudo que este povo é, deseja transformá-lo em outra coisa que não aquilo que o trouxe até aqui.

Colocar o Estado acima dessa identidade é atribuir à uma ficção importância maior do que aquilo para o que foi criada. Dizer que os órgãos públicos devem retirar de suas repartições toda e qualquer referência à identidade de seu povo, com a desculpa de que ferem a "laicidade" do Estado é afirmar que Ele não liga a mínima para os valores que o fundaram. Sim, porque se estivessemos em um Estado muçulmano as coisas seriam bem diferentes hoje e as leis e punições seriam bem outras.

Quando essa distância entre aquilo que o povo é e o que uma minoria no poder quer que ele seja começar a ficar muito grande o governo passa a ser cada dia mais desprezado e desobedecido e das duas uma: ou e se acostuma com isto, vivendo cada vez mais na ficção de ter algum poder, ou desce o sarrafo para ser obedecido até quando conseguir.

Mas enfim... O que me consola é que tudo isto é passageiro: traidores e imbecis sempre existirão, mas muda o sistema de governo, muda a forma do Estado, muda o mundo, e a Igreja continua sempre firme.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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