sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Experiências

Resolvi fazer uma pequena experiência aqui no bloguinho. Não sei se vocês lembram, mas antigamente eu tinha aqui ao lado um banner do adsenses (não adianta procurar porque agora não tem mais :-)) , a experiência não deu muito certo, talvez porque não trouxesse nenhum benefício aos visitantes, ou porque o google sempre interpretava as palavras sem muito critério (escrever "universal" em algum post era sempre motivo de propaganda para o Edir Macedo), sei lá, e nem vem ao caso, porque a idéia agora é um pouco diferente.

Vira e mexe eu cito algum livro, alguma encíclica ou crio espaço para indicar uma leitura complementar, a nova experiência aproveita essa deixa para matar dos coelhos com "uma caixa d´água só" ;-), funcionará assim: sempre que tiver algum livro para indicar eu colocarei o link dele no submarino, assim, se o visitante se interessar e resolver comprar é só clicar nele.

"E o que você ganha com isso tio?" Boa pergunta meu perspicaz leitor. Sempre que uma compra for realizada através deste link eu ganho uma comissão do Submarino, bom não?

Evidentemente se a experiência for ruim, atrapalhar o andamento do blog ou render muitas reclamações dos visitantes eu desisto, enquanto isto, vamos ver no que dá. Assim, se você estiver querendo comprar alguma coisa, porque não começar por aqui? $-)

Aahhh sim, e não é só isso... qualquer produto cadastrado no Submarino pode ser comprado através daqui, desde que você entre na página do Submarino pelo link... ninguém vai comprar um PS3 ou uma televisão de plasma ai não? hehehe.



Aproveito para deixar duas indicações:

Padres Apostólicos: Escritos dos primeiros padres da Igreja, entre eles São Clemente Romano e Santo Inácio de Antioquia.

Rerum Novarum: A Encíclica de Sua Santidade Leão XIII.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Padres da Igreja: São Justino


Começamos a semana bem, vamos terminar bem. Mais uma catequese sobre os Padres da Igreja, desta feita São Justino.

Bento XVI:


*****

São Justino, filósofo e mártir


Amados irmãos e irmãs!

Estamos a reflectir, nestas catequeses, sobre as grandes figuras da Igreja nascente. Hoje falamos de São Justino, filósofo e mártir, o mais importante dos Padres apologistas do segundo século. A palavra "apologistas" designa aqueles escritores cristãos antigos que se propunham defender a nova religião das pesadas acusações dos pagãos e dos judeus, e difundir a doutrina cristã em termos adequados à cultura do próprio tempo. Assim nos apologistas está presente uma dupla solicitude: a mais propriamente apologética, de defender o cristianismo nascente (apologhía em grego significa precisamente "defesa") e a "missionária", que expõe os conteúdos da fé numa linguagem e com categorias de pensamento compreensíveis aos contemporâneos.

Justino nasceu por volta do ano 100 na antiga Siquém, em Samaria, na Terra Santa; ele procurou por muito tempo a verdade, peregrinando nas várias escolas da tradição filosófica grega. Finalmente como ele mesmo narra nos primeiros capítulos do seu Diálogo com Trifão uma personagem misteriosa, um idoso encontrado à beira-mar, inicialmente pô-lo em dificuldade, demonstrando-lhe a incapacidade do homem de satisfazer unicamente com as suas forças a aspiração pelo divino. Depois indicou-lhe nos antigos profetas as pessoas às quais se dirigir para encontrar o caminho de Deus e a "verdadeira filosofia". Ao despedir-se dele, o idoso exortou-o à oração, para que lhe fossem abertas as portas da luz. A narração vela o episódio crucial da vida de Justino: no final de um longo itinerário filosófico de busca da verdade, ele alcançou a fé cristã.

Fundou uma escola em Roma, onde gratuitamente iniciava os alunos na nova religião, considerada como a verdadeira filosofia. De facto, nela tinha encontrado a verdade e portanto a arte de viver de modo recto. Por este motivo foi denunciado e foi decapitado por volta do ano de 165, sob o reinado de Marco Aurélio, o imperador filósofo ao qual o próprio Justino tinha dirigido a sua Apologia.

São estas as duas Apologias e o Diálogo com o Judeu Trifão as únicas obras que nos restam dele. Nelas Justino pretende ilustrar antes de tudo o projecto divino da criação e da salvação que se realiza em Jesus Cristo, o Logos, isto é o Verbo eterno, a Razão eterna, a Razão criadora. Cada homem, como criatura racional, é partícipe do Logos, leva em si uma "semente", e pode colher os indícios da verdade. Assim o mesmo Logos, que se revelou como figura profética aos Judeus na Lei antiga, manifestou-se parcialmente, como que em "sementes de verdade", também na filosofia grega. Mas, conclui Justino, dado que o cristianismo é a manifestação histórica e pessoal do Logos na sua totalidade, origina-se que "tudo o que foi expresso de positivo por quem quer que seja, pertence a nós cristãos" (2 Apol. 13, 4). Deste modo Justino, mesmo contestando à filosofia grega as suas contradições, orienta decididamente para o Logos toda a verdade filosófica, motivando do ponto de vista racional a singular "pretensão" de verdade e de universalidade da religião cristã. Se o Antigo Testamento tende para Cristo como a figura orienta para a realidade significada, a filosofia grega tem também por objectivo Cristo e o Evangelho, como a parte tende a unir-se ao todo. E diz que estas duas realidades, o Antigo Testamento e a filosofia grega, são como os dois caminhos que guiam para Cristo, para o Logos. Eis por que a filosofia grega não se pode opor à verdade evangélica, e os cristãos podem inspirar-se nela com confiança, como num bem próprio. Por isso, o meu venerado Predecessor, o Papa João Paulo II, definiu Justino "pioneiro de um encontro positivo com o pensamento filosófico, mesmo se no sinal de um cauto discernimento": porque Justino, "mesmo conservando depois da conversão grande estima pela filosofia grega, afirmava com vigor e clareza que tinha encontrado no cristianismo "a única filosofia segura e proveitosa" (Dial. 8, 1)" (Fides et ratio, 38).

Na sua totalidade, a figura e a obra de Justino marcam a opção decidida da Igreja antiga pela filosofia, mais pela razão do que pela religião dos pagãos. Com a religião pagã, de facto, os primeiros cristãos rejeitaram corajosamente qualquer compromisso. Consideravam-na idolatria, à custa de serem acusados por isso de "impiedade" e de "ateísmo". Em particular Justino, especialmente na sua primeira Apologia, fez uma crítica implacável em relação à religião pagã e aos seus mitos, por ele considerados diabólicas "despistagens" no caminho da verdade. A filosofia representou ao contrário a área privilegiada do encontro entre paganismo, judaísmo e cristianismo precisamente no plano da crítica à religião pagã e aos seus falsos mitos. "A nossa filosofia...": assim, do modo mais explícito, definiu a nova religião outro apologista contemporâneo de Justino, o Bispo Melitão de Sardes (ap. Hist. Eccl. 4, 26, 7).

De facto, a religião pagã não percorria os caminhos do Logos, mas obstinava-se pelas do mito, até a filosofia grega o considerava privado de consistência na verdade. Por isso o ocaso da religião pagã era inevitável: fluía como consequência lógica do afastamento da religião reduzida a um conjunto artificial de cerimónias, convenções e hábitos da verdade do ser. Justino, e com ele os outros apologistas, selaram a tomada de posição clara da fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos deuses da religião pagã. Era a opção pela verdade do ser contra o mito do costume.

Alguns decénios após Justino, Tertuliano definiu a mesma opção dos cristãos com uma sentença lapidária e sempre válida: "Dominus noster Christus veritatem se, non consuetudinem, cognominavit Cristo afirmou ser a verdade, não o costume" (De virgin. vel. 1, 1). A este propósito observe-se que a palavra consuetudo, aqui empregada por Tertuliano referindo-se à religião pagã, pode ser traduzida nas línguas modernas com as expressões "moda cultural", "moda do tempo".

Numa época como a nossa, marcada pelo relativismo no debate sobre os valores e sobre a religião assim como no diálogo inter-religioso esta é uma lição que não se deve esquecer. Para esta finalidade proponho-vos e assim concluo as últimas palavras do idoso misterioso, que o filósofo Justino encontrou à beira-mar: "Tu reza antes de tudo para que as portas da luz te sejam abertas, porque ninguém pode ver e compreender, se Deus e o seu Cristo não lhe concedem discernir" (Dial. 7, 3).


Quarta-feira, 21 de Março 2007


*****

A Editora Paulus publicou alguns escritos de São Justino.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Messianismos


Parece uma característica própria dos pensamentos da modernidade colocar a felicidade do homem meramente na vida terrena. Não poderia ser diferente.

Todo homem já nasce com este anseio por felicidade. Esta sede foi colocada em seu coração pelo próprio Deus e só nEle pode ser saciada. Entretanto, ao tirar do campo de visão do ser humano o além, a modernidade tenta substituí-lo por coisas terrenas, como, p.ex, drogas, sexo livre, conforto, tranquilidade, posses, etc. Evidentemente todas estas coisas são falhas, pois, como disse, o homem só se sacia em Deus, porém isto não impede que os "profetas" dos tempos modernos continuem tentando achar um "messias" que irá libertar os homens de suas dores.

Na encíclica Rerum Novarum, dada em 15 de maio de 1891, Sua Santidade, o Papa Leão XIII, trata da questão dos operários e de destruir um destes "profetas", o Comunismo, mas mirando no ponto central acaba acertando vários outros. Leia, depois me diga se você não pensou nesse pessoal que anda prometendo carros na garagem, lojas no shopping, propriedades, etc..!! :-)

"(...)Sim, a dor e o sofrimento são o apanágio da humanidade, e os homens poderão ensaiar tudo, tudo tentar para as banir; mas não o conseguirão nunca, por mais recursos que empreguem e por maiores forças que para isso desenvolvam. Se há quem, atribuindo-se o poder de fazê-lo, prometa ao pobre uma vida isenta de sofrimentos e de trabalhos, toda de repouso e de perpétuos gozos, certamente engana o povo e lhe prepara laços onde se ocultam, para o futuro, calamidades mais terríveis que as do presente."

E então!? :-)



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 28 de outubro de 2008

A Importância da Leitura da Bíblia.


Aqui promessa é dívida. Conforme prometi para a Maria, nos comentários do post da campanha deste mês, eis um pequeno post sobre a importância da leitura das Sagradas Escrituras e a maneira correta de fazê-lo.

Como nos ensina a Igreja: "É tão grande o poder e a eficácia que se encerra na Palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo e vigor para a Igreja, e, para seus filhos, firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual" (Dei Verbum, 21).

Com efeito, ler a Bíblia é ouvir o próprio Deus. Se falamos com Ele nas nossas orações, aqui O ouvimos, com Ele aprendemos e encontramos Verdadeira esperança, de forma que para o cristão o encontro com a Palavra de Deus deve ser sempre ocasião de renovação, de fortalecimento e aperfeiçoamento, mas, sobretudo, de extrema felicidade, e é fácil perceber porquê.

Quem já não sentiu uma enorme alegria só de conversar com um amigo querido? Mesmo quando não entendemos o que ele quer dizer, o simples devotar de tempo da pessoa amada já é suficiente para nos alegrar. Quantas vezes alguém nos consola e sequer ouvimos, ou entendemos, seus conselhos? Basta o gesto de amor. Assim é com as Sagradas Escrituras, mesmo antes de abri-la ela já deve ser causa de alegria, afinal, embora sejamos pequenos, Deus nos fala, nos consola e nos ensina.

Mas esta alegria não deve se limitar ao aconchego da presença, deve buscar o conteúdo das palavras, deve ser escutada, meditada e aplicada, afinal ela não é letra morta, mas fonte viva da vida cristã, que, por sua vez, deve ser uma resposta contínua à este Amor divino, que ademais, como o bom conselho do amigo, servirá sempre para o nosso Bem.

Porém, é preciso tomar cuidado para que, ao invés de Deus, não acabemos escutando a nós próprios. Por exemplo, as letras e os vocábulos são criações humanas e não comportam em si a exatidão que a mensagem divina exige. Deixe-me colocar em outras palavras :-): Quando lemos determinado texto somos automaticamente obrigados a encontrar nele o sentido que o autor quis dar, só entendemos realmente o que foi dito à medida que dermos às palavras o mesmo alcance que foi atribuído no texto, caso contrário não estaremos diante da idéia do Autor, mas da nossa própria.

Desta forma, as Sagradas Escrituras não devem ser lidas fora de seu contexto, sem levar em consideração, p.ex., quem escreveu, para quem foram escritas e para que o foram, nem desconectada do seu nascedouro. Em palavras mais curtas: "nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal." (2Pedro 1,20).

Assim, para a correta interpretação das Sagradas Escrituras é fundamental que ela esteja em consonância com o Magistério da Igreja, com aqueles à quem Nosso Senhor transmitiu tal autoridade, que foram constituídos pelos primeiros portadores da Revelação, os Apóstolos
(Falei com mais vagar a respeito disto anteriormente, talvez valha a pena um pulinho lá).

Então é isso: leiam a Bíblia, mas lembrem-se sempre de fazê-lo em consonância com o que a Igreja ensina, para que não sejam causa da sua ruína, como já advertia São Pedro (2Pedro 3,16).



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Padres da Igreja: Santo Inácio de Antioquia


Para começar bem a semana resolvi postar a segunda catequese sobre os Padres da Igreja. Nesta oportunidade temos a figura de Santo Inácio de Antioquia, terceiro bispo daquela Sé.

Com a palavra, Sua Santidade, Bento XVI:
*****
Santo Inácio de Antioquia


Queridos irmãos e irmãs!

Como já fizemos na quarta-feira passada, falamos das personalidades da Igreja nascente. Na semana passada falámos do Papa Clemente I, terceiro Sucessor de São Pedro. Hoje falamos de Santo Inácio, que foi o terceiro Bispo de Antioquia, entre os anos 70 e 107, data do seu martírio.

Naquele tempo Roma, Alexandria e Antioquia eram as três grandes metrópoles do império romano. O Concílio de Niceia fala de três "primados": o de Roma, mas também Alexandria e Antioquia participam, num certo sentido, a um "primado". Santo Inácio era Bispo de Antioquia, que hoje se encontra na Turquia. Aqui, em Antioquia, como sabemos dos Actos dos Apóstolos, surgiu uma comunidade cristã florescente: primeiro Bispo foi o apóstolo Pedro assim nos diz a tradição e ali "pela primeira vez, os discípulos começaram a ser tratados pelo nome de "cristãos"" (Act 11, 26). Eusébio de Cesareia, um historiador do IV século, dedica um capítulo inteiro da sua História Eclesiástica à vida e à obra literária de Inácio (3, 36). "Da Síria", ele escreve, "Inácio foi enviado a Roma para ser lançado às feras, por causa do testemunho por ele dado a Cristo. Realizando a sua viagem através da Ásia, sob a vigilância severa dos guardas" (que ele chamava "dez leopardos" na sua Carta aos Romanos 5, 1), "nas várias cidades por onde passava, com pregações e admoestações, ia consolidando as Igrejas; sobretudo exortava, muito fervorosamente, a evitar as heresias, que na época começavam a pulular, e recomendava que não se separassem da tradição apostólica". A primeira etapa da viagem de Inácio rumo ao martírio foi a cidade de Esmirna, onde era Bispo São Policarpo, discípulo de São João. Ali Inácio escreveu quatro cartas, respectivamente às Igrejas de Éfeso, de Magnésia, de Tralli e de Roma. "Tendo partido de Esmirna", prossegue Eusébio, "Inácio chega a Tróade, e de lá enviou novas cartas": duas às Igrejas de Filadélfia e de Esmirna, e uma ao Bispo Policarpo. Eusébio completa assim o elenco das cartas, que chegaram até nós da Igreja do primeiro século como um precioso tesouro. Lendo estes textos sente-se o vigor da fé da geração que ainda tinha conhecido os Apóstolos. Sente-se também nestas cartas o amor fervoroso de um santo. Finalmente de Tróade o mártir chegou a Roma, onde, no Anfiteatro Flávio, foi lançado às feras.

Nenhum padre da Igreja expressou com a intensidade de Inácio o anseio pela união com Cristo e pela vida n'Ele. Por isso lemos o trecho do Evangelho sobre a vinha, que segundo o evangelho de João é Jesus. Na realidade, afluem em Inácio duas "correntes" espirituais: a de Paulo, que tende totalmente para a união com Cristo, e a de João, concentrada na vida n'Ele. Por sua vez, estas duas correntes desembocam na imitação de Cristo, várias vezes proclamado por Inácio como "o meu" e "o nosso Deus". Assim Inácio suplica os cristãos de Roma para que não impeçam o seu martírio, porque está impaciente por "unir-se a Jesus Cristo". E explica: "É bom para mim morrer indo para (eis) Jesus Cristo, em vez de reinar até aos confins da terra. Procuro a Ele, que morreu por mim, quero a Ele, que ressuscitou por nós... Deixai que eu seja imitador da Paixão do meu Deus!" (Aos Romanos 5-6). Pode-se captar nestas expressões fervorosas de amor o elevado "realismo" cristológico típico da Igreja de Antioquia, como nunca atento à encarnação do Filho de Deus e à sua humanidade verdadeira e concreta: Jesus Cristo, escreve Inácio aos Esmirnenses, "pertence realmente à estirpe de David", realmente nasceu de uma virgem", "realmente foi crucificado por nós" (1, 1).

A propensão irresistível de Inácio para a união com Cristo funda uma verdadeira "mística da unidade". Ele próprio define-se "um homem ao qual foi confiada a tarefa da unidade" (Aos Filadelfenses 8, 1). Para Inácio a unidade é antes de tudo uma prerrogativa de Deus, que existindo em três Pessoas é Uno em absoluta unidade. Ele repete muitas vezes que Deus é unidade, e que só em Deus ela se encontra no estado puro e originário. A unidade a ser realizada nesta terra pelos cristãos é unicamente uma imitação, o mais possível conforme com o arquétipo divino. Desta forma Inácio chega a elaborar uma visão da Igreja, que recorda de perto algumas expressões da Carta aos Coríntios de Clemente Romano. "É bom para vós", escreve por exemplo aos cristãos de Éfeso, "proceder juntos de acordo com o pensamento do bispo, o que já fazeis. De facto, o vosso colégio dos presbíteros, justamente famoso, digno de Deus, está assim harmoniosamente unido ao bispo como as cordas à cítara. Por isso, na vossa concórdia, e no vosso amor sinfónico Jesus Cristo é cantado. E assim vós, um por um, tornais-vos coro, para que na sinfonia da concórdia, depois de ter tomado o trono de Deus na unidade, canteis a uma só voz" (4, 1-2). E depois de ter recomendado aos Esmirnenses que "nada empreendessem do que diz respeito à Igreja sem o bispo" (8, 1), diz a Policarpo: "Eu ofereço a minha vida por aqueles que são submetidos ao bispo, aos presbíteros e aos diáconos. Que eu possa com eles ter parte em Deus. Trabalhai juntos uns para os outros, lutai juntos, correi juntos, sofrei juntos, dormi e vigiai juntos como administradores de Deus, seus assessores e servos. Procurai agradar Àquele pelo qual militais e do qual recebeis os favores. Que nenhum de vós seja desertor. O vosso baptismo permaneça como um escudo, a fé como um elmo, a caridade como uma lança, a paciência como uma armadura" (6, 1-2).

Complexivamente podemos ver nas Cartas de Inácio uma espécie de dialéctica constante e fecunda entre dois aspectos característicos da vida cristã: por um lado a estrutura hierárquica da comunidade eclesial, e por outro a unidade fundamental que liga entre si todos os fiéis em Cristo. Portanto, os papeis não se podem contrapor. Ao contrário, a insistência sobre a comunhão dos crentes entre si e com os próprios pastores é continuamente reformulada através de eloquentes imagens e analogias: a cítara, as cordas, a afinação, o concerto, a sinfonia. É evidente a responsabilidade peculiar dos bispos, dos presbíteros e dos diáconos na edificação da comunidade. Para eles é válido antes de tudo o convite ao amor e à unidade. "Sede um só", escreve Inácio aos Magnésios, retomando a oração de Jesus na Última Ceia: "Uma só súplica, uma única mente, uma só esperança no amor... Acorrei todos a Jesus Cristo como ao único templo de Deus, como ao único altar: ele é um, e procedendo do único Pai, permaneceu unido a Ele, e a Ele voltou na unidade" (7, 1-2). Inácio, o primeiro na literatura cristã, atribui à Igreja o adjectivo "católica", isto é "universal": "Onde estiver Jesus Cristo", afirma ele, "ali está a Igreja" (Aos Esmirnenses 8, 2). E precisamente no serviço de unidade à Igreja católica, a comunidade cristã de Roma exerce uma espécie de primado no amor: "Em Roma ela preside digna de Deus, venerável, digna de ser chamada beata... Preside à caridade, que tem a lei de Cristo e o nome de Pai" (Aos Romanos, Prólogo).

Como se vê, Inácio é verdadeiramente o "doutor da unidade": unidade de Deus e unidade de Cristo (não obstante as várias heresias que começavam a circular e dividiam o homem e Deus em Cristo), unidade da Igreja, unidade dos fiéis "na fé e na caridade, das quais nada há de mais excelente" (Aos Esmirnenses 6, 1). Para concluir, o "realismo" de Inácio convida os fiéis de ontem e de hoje, convida todos nós a uma síntese progressiva entre configuração com Cristo (união com Ele, vida n'Ele) e dedicação à sua Igreja (unidade com o Bispo, serviço generoso à comunidade e ao mundo). Em resumo, é necessário alcançar uma síntese entre comunhão da Igreja no seu interior e missão proclamação do Evangelho para os outros, até quando, através de uma dimensão se manifeste a outra, e os crentes "possuam" cada vez mais "aquele espírito indiviso, que é o próprio Jesus Cristo" (Aos Magnésios 15). Implorando do Senhor esta "graça de unidade", e na convicção de presidir à caridade de toda a Igreja (cf. Aos Romanos, Prólogo), dirijo a vós os mesmos votos que concluem a carta de Inácio aos cristãos de Trali: "Amai-vos uns aos outros com um coração indiviso. O meu espírito oferece-se em sacrifício por vós, não só agora, mas também quando tiver alcançado Deus... Que possais ser encontrados em Cristo sem mancha" (13). E rezemos para que o Senhor nos ajude a alcançar esta unidade e a sermos encontrados finalmente sem mancha, porque é o amor que purifica as almas.
Quarta-feira, 14 de Março 2007

*****

"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um Guevara que vale a pena

Recebi por e-mail.

*****
Soneto a Cristo Crucificado
Frei Miguel de Guevara

Não me move, meu Deus, a querer-Te
o Céu que me tens prometido,
nem me move o inferno tão temido
para deixar por isso de ofender-Te.

Tu mesmo me moves, Senhor! Move-me o ver-Te
cravado numa cruz e escarnecido;
move-me ver Teu corpo tão ferido;
move-me Tuas afrontas e Tua morte.

Move-me enfim, Teu amor,e de tal maneira
que embora não houvesse céu, eu Te amaria,
e embora não houvesse inferno, Te temeria.

Não me tens que dar porque Te queira,
pois embora o que espero não esperasse,
o mesmo que Te quero querer-Te-ia.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Padres da Igreja: São Clemente Romano

Em 2007, o Santo Padre começou uma série de catequeses sobre os Padres da Igreja, grandes homens da Igreja entre o século II e VII, uma ótima oportunidade para conhecer alguns dos principais personagens da Igreja nascente.

Eu particularmente sempre me emociono de perceber o laço que me liga à estas pessoas, de saber que faço parte da mesmíssima Igreja e de ver claramente uma linha ininterrupta que nos une à eles e, através deles, aos Apóstolos e ao Cristo.

Diante disto eu resolvi reproduzir estas catequeses por aqui, começando por São Clemente Romano.



*****

São Clemente Romano

Queridos irmãos e irmãs!

Meditámos nos meses passados sobre as figuras de cada um dos Apóstolos e sobre as primeiras testemunhas da fé cristã, que os textos neotestamentários mencionam. Agora dedicamos a nossa atenção aos Padres apostólicos, isto é, à primeira e à segunda geração na Igreja depois dos Apóstolos. E assim podemos ver o início do caminho da Igreja na história.

São Clemente, Bispo de Roma nos últimos anos do primeiro século, é o terceiro sucessor de Pedro, depois de Lino e Anacleto. Em relação à sua vida, o testemunho mais importante é o de Santo Ireneu, Bispo de Lião, até 202. Ele afirma que Clemente "tinha visto os Apóstolos", "tinha-se encontrado com eles", e "ainda tinha nos ouvidos a sua pregação e diante dos olhos a sua tradição" (Adv. haer. 3, 3, 3). Testemunhos tardios, entre o quarto e o sexto século, atribuem a Clemente o título de mártir.

A autoridade e o prestígio deste Bispo de Roma eram tais, que lhe foram atribuídos diversos textos, mas a sua única obra certa é a Carta aos Coríntios. Eusébio de Cesareia, o grande "arquivista" das origens cristãs, apresenta-a nestes termos: "É transmitida uma carta de Clemente reconhecida autêntica, grande e admirável. Foi escrita por ele, por parte da Igreja de Roma, à Igreja de Corinto... Sabemos que desde há muito tempo, e ainda nos nossos dias, ela é lida publicamente durante a reunião dos fiéis" (Hist. Eccl. 3, 16). A esta carta era atribuído um carácter quase canónico. No início deste texto escrito em grego Clemente lamenta que "as improvisas adversidades, que aconteceram uma após outra" (1, 1), lhe tenham impedido uma intervenção imediata. Estas "adversidades" devem identificar-se com a perseguição de Domiziano: por isso a data de composição da carta deve remontar a um tempo imediatamente sucessivo à morte do imperador e ao final da perseguição, isto é, logo depois do ano 96.

A intervenção de Clemente ainda estamos no século I era solicitada pelos graves problemas em que se encontrava a Igreja de Corinto: de facto, os presbíteros da comunidade tinham sido depostos por alguns jovens contestadores. A lamentável vicissitude é recordada, mais uma vez, por santo Ireneu, que escreve: "Sob Clemente, tendo surgido um contraste não pequeno entre os irmãos de Corinto, a Igreja de Roma enviou aos Coríntios uma carta importantíssima para os reconciliar na paz, renovar a sua fé e anunciar a tradição, que há pouco tempo tinha recebido dos Apóstolos" (Adv. haer. 3, 3, 3). Portanto, poderíamos dizer que esta carta constitui o primeiro exercício do Primado romano depois da morte de São Pedro. A carta de Clemente retoma temas queridos a São Paulo, que escrevera duas grandes cartas aos Coríntios, em particular a dialéctica teológica, perenemente actual, entre indicativo da salvação e imperativo do compromisso moral.

Antes de tudo há o feliz anúncio da graça que salva. O Senhor previne-nos e dá-nos o perdão, o seu amor, a graça de sermos cristãos, seus irmãos e irmãs. É um anúncio que enche de alegria a nossa vida e dá segurança ao nosso agir: o Senhor previne-nos sempre com a sua bondade e a bondade do Senhor é sempre maior do que todos os nossos pecados. Mas é necessário que nos comprometamos de modo coerente com o dom recebido e correspondamos ao anúncio da salvação com um caminho generoso e corajoso de conversão. Em relação ao modelo paulino, a novidade é que Clemente faz seguir à parte doutrinal e à parte prática, que eram contempladas em todas as cartas paulinas, uma "grande oração" que praticamente conclui a carta.

A ocasião imediata da carta oferece ao Bispo de Roma a possibilidade para uma ampla intervenção sobre a identidade da Igreja e sobre a sua missão. Se em Corinto se verificaram abusos, observa Clemente, o motivo deve ser procurado no enfraquecimento da caridade e de outras virtudes cristãs indispensáveis. Por isso ele convoca os fiéis à humildade e ao amor fraterno, duas virtudes verdadeiramente constitutivas do ser na Igreja: "Somos uma porção santa", admoesta, "realizemos portanto tudo o que a santidade exige" (30, 1). Em particular, o Bispo de Roma recorda que o próprio Senhor "estabeleceu onde e de quem quer que os serviços litúrgicos sejam realizados, para que tudo, feito santamente e com o seu consentimento, seja aprovado pela sua vontade... De facto, foram confiadas ao sumo sacerdote as funções litúrgicas que lhe são próprias, aos sacerdotes foi pré-ordenado o lugar que lhes é próprio, aos levitas competem serviços próprios. O leigo está vinculado aos ordenamentos leigos" (40, 1-5: observe-se que, nesta carta do final do século I, pela primeira vez na literatura cristã, aparece a palavra grega "laikós", que significa "membro do laos", isto é, "do povo de Deus").

Deste modo, referindo-se à liturgia do antigo Israel, Clemente revela o seu ideal de Igreja. Ela é reunida pelo "único Espírito de graça derramado sobre nós", que sopra nos diversos membros do Corpo de Cristo, no qual todos, unidos sem separação alguma, são "membros uns dos outros" (46, 6-7). A clara distinção entre o "leigo" e a hierarquia não significa absolutamente uma contraposição, mas apenas esta ligação orgânica de um corpo, de um organismo, com as diversas funções. De facto, a Igreja não é lugar de confusão e de anarquia, onde cada qual pode fazer como lhe apetece em qualquer momento: cada um neste organismo, com uma estrutura articulada, exerce o seu ministério segundo a vocação recebida. Em relação aos chefes das comunidades, Clemente explicita claramente a doutrina da sucessão apostólica. As normas que a regulam derivam definitivamente do próprio Deus. O Pai enviou Jesus Cristo, o qual por sua vez enviou os Apóstolos. Depois, eles enviaram os primeiros chefes das comunidades, e estabeleceram que lhe sucedessem outros homens dignos. Portanto, tudo se realiza "ordenadamente pela vontade de Deus" (42). Com estas palavras, com estas frases, São Clemente ressalta que a Igreja tem uma estrutura sacramental e não uma estrutura política. O agir de Deus que vem ao nosso encontro na liturgia precede as nossas decisões e as nossas ideias. A Igreja é sobretudo dom de Deus e não nossa criatura, e por isso esta estrutura sacramental não garante apenas o comum ordenamento, mas também esta precedência do dom de Deus, do qual todos necessitamos.

Finalmente, a "grande oração" confere um alcance cósmico às argumentações precedentes. Clemento louva e agradece a Deus pela sua maravilhosa providência de amor, que criou o mundo e continua a salvá-lo e a santificá-lo. Assume um realce particular a invocação pelos governantes. Depois dos textos do Novo Testamento, ela representa a mais antiga oração pelas instituições políticas. Assim, após as perseguições os cristãos, sabendo bem que elas iriam continuar, rezam incessantemente por aquelas mesmas autoridades que os tinham condenado injustamente. O motivo é antes de tudo de ordem cristológica: é preciso rezar pelos perseguidores, como fez Jesus na cruz.

Mas esta oração contém também um ensinamento que guia, ao longo dos séculos, a atitude dos cristãos em relação à política e ao Estado. Rezando pelas autoridades, Clemente reconhece a legitimidade das instituições políticas na ordem estabelecida por Deus; ao mesmo tempo, ele manifesta a preocupação por que as autoridades sejam dóceis a Deus e "exerçam o poder que Deus lhes concedeu na paz e na mansidão com piedade" (61, 2). César não é tudo. Sobressai outra soberania, cuja origem e essência não são deste mundo, mas "lá de cima": é a da verdade, que se orgulha também em relação ao Estado pelo direito de ser ouvida.

Assim a carta de Clemente trata numerosos temas de actualidade perene. Ela é muito significativa porque representa, desde o primeiro século, a solicitude da Igreja de Roma, que preside na caridade a todas as outras Igrejas. Com o mesmo Espírito façamos nossas as invocações da "grande oração", onde o Bispo de Roma se faz voz do mundo inteiro: "Sim, Senhor, faz resplandecer sobre nós a tua face no bem da paz; proteje-nos com a tua mão poderosa... Nós te damos graças, através do sumo Sacerdote e guia das nossas almas, Jesus Cristo, por meio do qual te glorificamos e louvamos, agora, e de geração em geração, e por todos os séculos. Amém" (60-61).


Quarta-feira, 7 de Março 2007

****


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sem Deus não há Direito


"Em seu raciocínio, Kolakowski realçou enfaticamente que o cancelamento da fé em Deus acaba privando o ethos de sua base, por mais que se tente salvá-lo. Se o mundo e o ser humano não provém de uma razão criadora que traz em si a sua medida e a insere no ser humano, nada mais resta a não ser regras de trânsito para o comportamento humano que devem ser projetadas e justificadas de acordo com a sua utilidade. Resta apenas o cômputo dos efeitos, aquilo que se entende teleologicamente por ética ou proporcionalismo. Mas quem teria condições de enxergar, em seu julgamento, para além dos efeitos do momento presente? Não surgirá uma nova classe dominadora que tomará em suas mãos as chaves da existência e a administração do ser humano? Se a análise se restringir ao cômputo dos efeitos, já não se falará em inviolabilidade da dignidade humana, porque nada mais será bom ou mau em si. A questão do ethos está na ordem do dia de nosso tempo, exigindo máxima urgência. A fé no Logos, na Palavra do começo, entende por ethos responsabilidade, resposta à Palavra, conferindo-lhe a sua racionalidade e a sua direção essencial." (Bento XVI, "Introdução ao Cristianismo", 2a. edição, p.22)
E isso resume uns três mil posts (passados e futuros) aqui do bloguinho.

A humanidade passa por uma séria crise, não reconhece algo externo a ela própria que lhe dê um significado, uma coerência, uma direção se preferirem, "algo" que a tenha criado, ao mundo e às leis naturais (e muitos dos que reconhecem não fazem questão de trabalhar para que esse direcionamento seja efetivo). Com isto não há parâmetros para dizer o que é bom ou mal, que acabam tendo que ser estabelecidos por convenções ou pela força (e, sim, eu enquadro propaganda como força).

Contudo, o problema de assumir como lei ou como valor postulados que não têm uma base natural, para tratar simplesmente em uma questão pontual ou para alcançar um determinado efeito, é que: primeiro não existirão valores absolutos, a não ser aqueles de quem consegue impor sua vontade; segundo uma solução anti-natural tenderá sempre para a desorganização e para o caos.

Mas não sei para que estou explicando :-), tá ali em cima, resumidinho.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

ET, telefone, minha caaaasa


O blog Deus lo Vult, do Jorge Ferraz, teve um post entre os Top 10 do Wordpress nesses dois últimos dias, coisa admirável, o problema foi o assunto que despertou tanto interesse, uma suposta visita extraterrestre que aconteceria no dia 14 passado.

Ele apenas noticiou e comentou o fato de que uma certa senhora, em "contato mediúnico" com ETs, tinha garantido a visita agendada por seu contato marciano (ou sei lá de que planeta), que, aliás, fazia questão de tranquilizar-nos sobre o caráter pacífico da viagem. Não deu outra, bateu recordes de visitas.

Ai fico pensando: por que esse tipo de coisa chama tanto a atenção das pessoas? Por que se preocupar com visitantes de outros planetas? Meu palpite, e por enquanto não passa disso mesmo, é que as pessoas estão, na verdade, cansando da Terra, cansando da falta de sentido que o mundo foi jogado na Modernidade, da falta do extraordinário a que o cientificismo obriga.

Quem olha para a Cruz e não entende o mistério que ela suporta em suas traves acaba procurando um "misterinho", por mais fajuto, pouco provável ou risível que seja, para satisfazer a abertura que qualquer pessoa naturalmente tem para o sobrenatural, e o lugar que é de Deus preenchem com um ET, com um gnomo, com uma fada .

Porque fazem essa troca é um outro problema. Talvez porque a aceitação do Deus cristão lhes obrigue a agir e a se sacrificar, coisa que um ET não fará nunca, ou ele vem e resolve todos os problemas com sua sabedoria ou vem e devora todo mundo e pronto acabou, não há nada que você possa fazer, só esperar.

De qualquer forma a curiosidade exagerada, como é o caso, por este tipo de fenômeno "extraordinário" só demonstra que falta coisa mais importante para se preocupar.

Ahh tempos estranhos!




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Jovem!


Como eu vejo pessoas com medo de aderir a Cristo! Hoje, talvez mais do que nunca na história da cristandade, as pessoas são levadas a crer que o objetivo de suas vidas e o plano de Deus são contraditórios, como se a felicidade a que naturalmente anseiam só pudesse vir dos prazeres terrenos.

E não pense que isso é só "obra do mundo", do diabo, dos descrentes, não, hoje a adesão à esta cultura é disseminada até mesmo por alguns que se dizem cristãos. O sacrifício e o desapego, essenciais no verdadeiro amor cristão, são trocados sem qualquer escrúpulo por "duas casas, três carros na garagem e uma loja no shopping", o sofrimento que muitas vezes vem, sim, da opção por Nosso Senhor é renegado abertamente, com plaquinha na porta e tudo. "Pare de sofrer", dizem, como se o cristão não pudesse alcançar verdadeira alegria mesmo no sofrimento.

Recebi por e-mail esta carta de Dom Bosco dirigida aos seus amados jovens. Não pude conferir sua veracidade, mas de qualquer forma vale só pelo conteúdo... com vocês São João Bosco:

Caros jovens,

O demônio tem normalmente duas artimanhas principais para afastar da virtude os jovens. A primeira consiste em persuadi-los de que o serviço de Deus exige uma vida triste sem nenhum divertimento nem prazer. Mas isto não é verdade, meus caros jovens. Eu vou lhes indicar um plano de vida cristã que poderá mantê-los alegres e contentes, fazendo-os conhecer ao mesmo tempo quais são os verdadeiros divertimentos e os verdadeiros prazeres, para que vocês possam exclamar com o santo profeta Davi: "Sirvamos ao Senhor na santa alegria".

A segunda artimanha do demônio consiste em fazê-lo conceber uma falsa esperança duma longa vida que permite converter-se na velhice ou na hora da morte. Prestem atenção, meus caros jovens, muitos se deixaram perder por esta mentira. Quem nos garante que chegaremos à velhice? Se se tratasse de fazer um pacto com a morte e de esperar até então... Mas a vida e a morte estão nas mãos de Deus que dispõe de tudo a seu bel prazer. E mesmo se Deus lhe concedesse uma longa vida, escutai, entretanto, sua advertência: "o caminho do homem começa na juventude, ele o segue na velhice até a morte". Ou seja, se, jovens, começamos uma vida exemplar, seremos exemplares na idade adulta, nossa morte será santa e nos fará entrar na felicidade eterna. Se, pelo contrário, os vícios começam a nos dominar desde a juventude, é muito provável que eles nos manterão em escravidão toda a nossa vida até a morte, triste prelúdio a uma eternidade terrível. Para que esta infelicidade não lhes aconteça, eu lhes apresento um método, vida alegre e fácil, mas que lhes bastará para se tornarem a consolação de seus pais, a honra de pátria de vocês, bons cidadãos da Terra, em seguida felizes habitantes do céu...

Meus caros jovens, eu os amo de todo o meu coração e basta-me que vocês sejam jovens para que eu os ame extraordinariamente.

Eu lhes garanto que vocês encontrarão livros que lhes foram dirigidos por pessoas mais virtuosas e mais sábias que eu em muitos pontos, mas dificilmente vocês poderão encontrar algum que os ame mais que eu em Jesus Cristo e deseja mais felicidade para vocês.

Conservem no coração o tesouro da virtude, porque possuindo-o vocês têm tudo, mas se o perderem, vocês se tornarão os homens mais infelizes do mundo. Que o Senhor esteja sempre com vocês e que Ele lhes conceda seguir os simples conselhos presentes, para que vocês possam aumentar a glória de Deus e obter a salvação da alma, fim supremo para o qual fomos criados. Que o Céu lhes dê longos anos de vida feliz e que o santo temor de Deus seja sempre a grande riqueza que os cumule de bens celestes aqui e por toda a eternidade.




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Reze, por favor.


Prezados, o Revmo. Pe. John Zuhlsdorf, o Pe. Z do "What Does the Prayer Really Say", escreveu um post, digamos, profético. Ele diz que sente que o mundo, agora e mais do que nunca, precisa de nossa orações e que tempos difíceis estão próximos.

Geralmente concordo com ele. Desde há muito tenho a impressão de que estamos próximos de acontecimentos decisivos, mas só em coisa de algumas décadas, todavia esse seu post me pareceu ainda mais pessimista.

Como ele, peço que você pare agora o que está fazendo e reze a oração a São Miguel Arcanjo, composta por Sua Santidade Leão XIII:

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós príncipe da milícia celeste, pela virtude Divina, precipitai ao inferno a satanás e a todos os espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas.


Amém!




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Campanha por conversões


Antes tarde do que nunca. :-) Mais uma vez chegou o dia de trocarmos a pessoa contemplada por nossas orações.

Como eu já expliquei no mês passado, não há uma troca de nomes, mas uma coleção deles. O fato de este mês rezarmos por uma pessoa diferente não significa que deixamos de amar a anterior, portanto, devemos sempre pedir a Deus pela conversão da Ana Paula Valadão e do George W. Bush.

E este mês adicionamos à lista o Sr.... (tambores...) Kaká. (palmas...)

Kaká, aquele mesmo que agora voltou à seleção brasileira. Segundo explicou o Fernando, do Blog do Fernando, o jogador aceitou participar de um evento com o Papa, a leitura televisionada de toda a Bíblia (inclusive dos livros que faltam na bíblia protestante). O Evento teve seu início no dia da abertura do Sínodo dos Bispos e está previsto para terminar no dia 10 de outubro.


Rezemos pela conversão do Kaká.

*******

Blogs participantes:

Blog do William Murat: "Contra o Aborto"
Blog do Fabrício L. Ribeiro: "Palavras Apenas"
Blog do Jorge Ferraz: "Deus lo vult"
Blog do José Roldão: "Fidei depositium"
Blog do Wagner Moura: "O Possível e o Extraordinário"
Blog do Fernando: "Blog do Fernando"


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Importantíssimo

O objetivo é nobre, então não há como não acatar o pedido do Fabrício, do Palavras Apenas. Em resumo: precisamos de vozes em defesa dos pequeninos. Leiam e não deixem de ajudar, por favor!

Reproduzo:

______


Por favor, percam 5 minutos lendo este importante recado de Austin Ruse, presidente do Instituto da Família Católica e dos Direitos Humanos:

———

29 de setembro de 2008

Caro amigo,

A ONU irá celebrar o 60° aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos no dia 10 de dezembro deste ano.

Para celebrar esta ocasião, grupos radicais pró-aborto pretendem apresentar à Assembléia Geral da ONU vários abaixo-assinados exigindo o direito universal ao aborto.

Os maiores, mais opulentos e mais poderosos grupos pró-aborto estão neste exato momento planejando seu ataque aos nascituros na Assembléia Geral.

Campanhas estão sendo promovidas hoje pela IPPF (International Planned Parenthood Federation) e pela Maire Stopes International, dois grupos que, juntos, são responsáveis por mais abortos do que qualquer outro grupo no mundo. Ambos os grupos são bastante estimados pelos poderes estabelecidos da ONU; e seus esforços em promover um direito internacional ao aborto são bem-vistos por muitos Estados Membros das Nações Unidas, talvez pela maior parte da burocracia da ONU, e por poderosas fundações norte-americanas que repassam milhões para promover o aborto na ONU e ao redor do mundo.

Nós precisamos pará-los em dezembro.

Eu estou escrevendo para lhe pedir que assine um abaixo-assinado exigindo dos Estados Membros da ONU, uma interpretação da Declaração Universal dos Direitos Humanos que proteja as crianças nascituras do aborto. Você sabia que a Declaração Universal exige o direito à vida? Você sabia que, hoje em dia, os comitês da ONU interpretam-na como favorecendo o direito ao aborto? Nós podemos pará-los.

Por favor, clique AQUI para assinar o abaixo-assinado que nós iremos apresentar à ONU no dia 10 de dezembro, dia da celebração do 60° Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. No mínimo, precisamos alcançar o número de signatários que aqueles que defendem o aborto conseguirão. Eles irão apresentar milhares e milhares de nomes. NÓS PRECISAMOS ALCANÇÁ-LOS!

Para assinar o abaixo-assinado, clique AQUI, e por favor, repasse esta mensagem para todos os teus familiares e amigos. Nossa meta é apresentar mais de 50 mil nomes à Assembléia Geral. Nós precisamos da tua ajuda desde já, para impedir os abortistas de fazerem seus planos progredirem na ONU.

Nós estaremos promovendo esta campanha pelas próximas seis semanas. Há tempo suficiente para fazer este abaixo-assinado chegar a todos os seus contatos, e ao redor do mundo inteiro. Este apelo é internacional. Por favor, ajude-nos.

Imagine o espanto estampado em seus rostos quando atirarmos sobre a mesa 50 mil nomes! Seja parte disso. Assine o abaixo-assinado AQUI e faça com que esta mensagem se espalhe ao redor do mundo.

Sinceramente seu,

Austin Ruse
Presidente
C-FAM - Catholic Family & Human Rights Institute
(O único grupo pró-vida trabalhando exclusivamente nas políticas sociais da ONU.)

———

Reproduzam em vossos blogs, enviem por e-mail, coloque link em vossos sites, enfim, vamos espalhar essa mensagem e ultrapassar os 50 mil desejados pelo Austin, com a graça de Deus, e a assistência da Virgem Santíssima, de São Miguel Arcanjo e de Santa Gianna Beretta Molla!

Paz e Bem!

_____




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Tu votas, ele vota... eu não.


Eleições... ô época divertida! Depois que me recupero do pessimismo é sempre bom acompanhar o horário eleitoral. Não que me influencie em alguma coisa, aliás geralmente só serve para me convencer de que está tudo errado mesmo, mas sempre rende muitas risadas.

Na parte feita para dar risadas tem sempre alguém que não consegue ler direito o que tem que falar, tem sempre gente olhando para o lado ao invés de falar para as câmeras, tem um aqui que gravou um passeio na rua com uma câmera de celular e colocou isso no seu espaço de televisão, tem outro que sempre termina assim: "é Lig Lig (essa é a alcunha do sujeito), ligligliglig rrrrrr rrrrrrr (a legenda traduz assim o som gutural que ele emite)", e cada cidade tem sua peça: tem um que diz: "cansei de trabalhar, agora quero ser vereador", tem o Cristo, o Papai Noel, enfim, tem para todos os gostos.

Na parte do "tá tudo errado", além dos palhaços, fico na certeza de que nenhum candidato ali jamais poderia, nem por sonho, dizer que me representa em alguma coisa. As propostas são praticamente idênticas, é só: "eu vou fazer isso e aquilo". Ninguém promete diminuir o IPTU e o ISS ou abrandar as leis fiscais, p.ex.

Mas, também, quem se importa com isto, não é mesmo? Quem se importa que o sujeito tenha sido terrorista ou que pregue que o assassinato de crianças ainda no ventre materno deva ser descriminalizado? Quem se importa que ele pense que distribuição de renda é roubar dos ricos para dar aos pobres? Aliás, quem se importa se o cara mentiu e disse que ia fazer e não fez?

Ninguém se importa. No final ganha a campanha mais bonita, a mais cheia de promessas, a que conseguiu encantar de um jeito ou de outro, menos por um convencimento racional de que o candidato seria o melhor para o futuro ou, ao menos, de que os ideais do sujeito representam aquilo que eu acredito. Isso é o mínimo. Como eu posso afirmar que Fulano representa Sicrano se, confrontados os seus valores, estão francamente em oposição?

Caso você seja um dos "tu"s do título e não queira exercer esse seu "direito obrigatório" só com base na campanha bonitinha, não se esqueça de que o PT apoia abertamente o aborto (assim como outros partidos), fato que, sozinho, já deveria impedir qualquer católico de votar em um dos seus candidatos, p.ex.





"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"