sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Sem Deus não há Direito


"Em seu raciocínio, Kolakowski realçou enfaticamente que o cancelamento da fé em Deus acaba privando o ethos de sua base, por mais que se tente salvá-lo. Se o mundo e o ser humano não provém de uma razão criadora que traz em si a sua medida e a insere no ser humano, nada mais resta a não ser regras de trânsito para o comportamento humano que devem ser projetadas e justificadas de acordo com a sua utilidade. Resta apenas o cômputo dos efeitos, aquilo que se entende teleologicamente por ética ou proporcionalismo. Mas quem teria condições de enxergar, em seu julgamento, para além dos efeitos do momento presente? Não surgirá uma nova classe dominadora que tomará em suas mãos as chaves da existência e a administração do ser humano? Se a análise se restringir ao cômputo dos efeitos, já não se falará em inviolabilidade da dignidade humana, porque nada mais será bom ou mau em si. A questão do ethos está na ordem do dia de nosso tempo, exigindo máxima urgência. A fé no Logos, na Palavra do começo, entende por ethos responsabilidade, resposta à Palavra, conferindo-lhe a sua racionalidade e a sua direção essencial." (Bento XVI, "Introdução ao Cristianismo", 2a. edição, p.22)
E isso resume uns três mil posts (passados e futuros) aqui do bloguinho.

A humanidade passa por uma séria crise, não reconhece algo externo a ela própria que lhe dê um significado, uma coerência, uma direção se preferirem, "algo" que a tenha criado, ao mundo e às leis naturais (e muitos dos que reconhecem não fazem questão de trabalhar para que esse direcionamento seja efetivo). Com isto não há parâmetros para dizer o que é bom ou mal, que acabam tendo que ser estabelecidos por convenções ou pela força (e, sim, eu enquadro propaganda como força).

Contudo, o problema de assumir como lei ou como valor postulados que não têm uma base natural, para tratar simplesmente em uma questão pontual ou para alcançar um determinado efeito, é que: primeiro não existirão valores absolutos, a não ser aqueles de quem consegue impor sua vontade; segundo uma solução anti-natural tenderá sempre para a desorganização e para o caos.

Mas não sei para que estou explicando :-), tá ali em cima, resumidinho.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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