Já disse algumas vezes que o pessoal no poder não gosta do brasileiro, mas ultimamente tenho me questionado se o próprio brasileiro gosta do brasileiro.
Estou nas primeiras reflexões sobre algo que me pareceu interessante: a tentativa de fazer-nos sentir vergonha de muito do que ajudou a formar aquilo que somos. Assim (e lembro do meu tempo de escola), a herança portuguesa e católica, sobretudo, são geralmente pintadas como algo do que não devemos nos orgulhar, como se o elemento indígena, p.ex., tivesse sido contaminado por essa herança, deteriorando-se, juntamente com outros elementos "puros", para acabar no surgimento deste nosso povo.
Evidentemente, a tendência natural de quem sente vergonha, e se apercebe disto, é se afastar daquilo que lhe causa embaraço e procurar agir de forma diferente daquela que lhe ocorreria normalmente, geralmente usando um parâmetro considerado ideal.
Desta forma, v.g, o extremo personalismo português seria entendido como algo ruim, a ser trocado por um coletivismo ideal, onde a pessoa, concreta, passa seu valor ao coletivo, abstrato, e à ele deve se submeter.
O que talvez seja mais grave nesta situação é que não há questionamento da informação recebida (elemento católico = ruim, p.ex.), que é tida como inquestionável, e a partir daí a lógica se encarrega de tudo, sem que a vítima perceba, como se tudo fosse muito natural.
Como eu disse, apenas comecei a pensar no assunto, sinta-se à vontade para dar sua colaboração, via comentário ou e-mail. Há uma tentativa de nos envergonhar de nossa raíz portuguesa/católica? Intencional ou não? Que exemplos temos disto? Surte algum efeito? Qual? Sobre quem? Como?
Aproveito para testar essa nova idéia de post colaborativo.
"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"
Um comentário:
Já pensei sobre o assunto... Mas não por essa ótica. Bem interessante. O brasileiro é complexo, eu diria. Eu gosto dos brasileiros, eu gosto - mas não de todos.
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