terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Emoções

Duas coisas têm me emocionado sobremaneira ultimamente: As mãos consagradas de qualquer sacerdote e a simples menção da Santíssima Virgem, sobretudo de sua imaculada conceição. Deve ser a proximidade do Natal.




"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Das coisas que se escuta por ai

Hoje me contaram uma pequena história que, como dizem os italianos, "si non è vero, è bene trovato".

O primo de uma amiga contou para ela que estava acordando de madrugada para "orar". Acordava por volta das 4 horas da manhã todo dia. Então ela elogiou, dizendo que é importante este pequeno sacrifício por Deus, etc., no que ele retrucou que não fazia isto por sacrifício, mas porque aquela era a melhor hora para pedir a Deus. Sem entender ela perguntou a razão disto e ele, sério, informou que era porque naquela hora a "fila" era menor :-). Segundo ele, portanto, as 4 horas da manhã tem menos gente pedindo a Deus e por isto seria mais fácil Ele escutar seus pedidos.

A lógica da história seria uma graça se tivesse como protagonista uma criança, mas se torna trágica quando se trata de um jovem adulto. Não posso atestar a veracidade do relato, nem afirmar que ele tenha escutado esta baboseira da boca de algum "iluminado", mas o fato é que não é difícil imaginar que algo parecido esteja sendo ensinado por ai.

Como diria o grande Linus: "Que lástima Charlie Brown!".



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Eles nos desprezam

Eu já disse por aqui que muitos membros deste (des)governo "detestam o Brasil, detestam seus filhos e detestam seu povo". Querem mudar aqueles a quem deveriam representar. Isto é democracia?

Hoje o Excelentíssimo Sr. Presidente admitiu que despreza aquilo que seus eleitores crêem, cito: "Temos de quebrar barreiras, fazer novas leis, mudar a cabeça das pessoas sobre uns 100 mil assuntos que parecem um absurdo.".

Disse isto para defender que se abra o debate sobre um tema em que o brasileiro é, em sua esmagadora maioria, contrário, o aborto.

Ainda segundo o Hômi, há hipocrisia em não se tratar do assunto, em esquecer que a mulher pobre acaba morrendo por buscar a clandestinidade para matar seu filho e em não considerá-lo assunto de saúde pública.

...Interessante ele falar em hipocrisia... Interessante porque Sua Excelência se declara contrário ao aborto (????), mas defende o debate sobre o tema (que certamente não teria o intuito de mostrar aos pró-morte a monstruosidade das idéias que defendem).



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Novos costumes de Natal

Há muito criou-se um terrível costume em parte dos meios de comunicação: aproveitar a época de Natal para publicar ataques à Deus ou à Sua Igreja. É só procurar um pouquinho nas bancas para ver capas de revistas questionando pontos de fé ou tratando com escárnio o sagrado (deve ser a proximidade do nascimento do Salvador, que traz ao inimigo a lembrança de sua derrota definitiva e o faz uivar de raiva).

Ao que parece este costume não é exclusividade do Brasil. Não sei se vocês estão sabendo, mas a capa da edição deste mês da playboy mexicana tem uma moça imitando Nossa Senhora (não vou colocar o link da reportagem porque ela tem uma foto da tal capa).

Não vou dizer que fiquei surpreso, até porque não e a primeira vez que este tipo de sacrilégio acontece (quem não se lembra da atriz brasileira que recentemente posou nua segurando um terço?), mas não tem como não ficar chocado toda vez que isto acontece, não tem como manter o sangue frio enquanto ultrajam minha Mãe, até por isso não me prolongarei neste tópico.

Não sei o que a Igreja no México está fazendo quanto a isto, mas proponho que rezemos em desagravo ao Imaculado Coração de Maria, tão ultrajado pelo inimigo.

Oh Coração Doloroso e Imaculado de Maria, transpassado de dor pelas injúrias com que os pecadores ultrajam Vosso Santo nome e Vossas Excelsas prerrogativas; eis prostrado aos Vossos pés Vosso indigno filho, que, oprimido pelo peso das próprias culpas, vem arrependido com ânimo de reparar as injúrias que, à maneira de penetrantes setas dirigem contra Vós os homens ousados e perversos. Desejo reparar com esse ato de amor e submissão que faço perante o Vosso Coração amantíssimo, todas as blasfêmias que proferem contra o Vosso Augusto Nome, todas as ofensas que fazem às Vossas Excelsas virtudes e todas as ingratidões com que os homens correspondem ao Vosso maternal amor e inesgotável misericórdia. Aceitai, Oh + Coração Imaculado, esta demonstração de meu fiel carinho e justo reconhecimento, com o firme propósito que faço de ser-Vos fiel todos os dias de minha vida, de defender Vossa honra quando a veja ultrajada e de propagar com entusiasmo vosso culto e vossas glórias. Amém


(rezar 3 Ave Marias em honra ao poder, sabedoria e misericórdia do puríssimo Coração de Maria, desprezado pelos homens)


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

O natal está chegando, lá lá lá lá lá, lá lá, lá lá

Ah, o natal! O nascimento do Salvador, do "Rei dos anjos".

Esta época do ano eu começo a sentir o cheiro do natal chegando. Verdade, não é só maneira de dizer não, natal para mim tem cheiro. Não tenho a mínima idéia da razão disto, mas começa o advento, vêm as novenas de natal, a festa da Imaculada Conceição, as velas da coroa vão se acendendo e o cheiro está lá. Acontece coisa parecida na Páscoa, mas este período é mais tenso, acho que eu não gostaria do odor dele.

Mas, além do cheiro, outras coisas deixam o natal com mais cara natal, parte delas são as músicas e uma em especial me agrada muito: Adeste Fideles.

Então, estava eu visitando os blogs de sempre quando me deparei com um presente de natal antecipado no Miles Ecclesiae, que repasso para os meus leitores, uma linda versão da música, interpretada por Andrea Bocelli.



Aproveito para recomendar uma visita ao Miles Ecclesiae, que traz, além da letra, um pouco de sua controversa história.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Prêmio Dardos


Conforme já havia dito, o Wagner Moura, d'O possível e O Extraordinário, por algum motivo estranho, me concedeu o prêmio Dardos. Agora volto ao assunto para indicar os meus eleitos ao Prêmio Dardos.

Antes, porém, uma breve explicação: O prêmio Dardos, visa dar reconhecimento aos blogueiros que transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc., desta forma agregando valor à Web (dá para ver que tenho razão em ficar surpreso com a premiação do bloguinho rs).

Segundo as regras do prêmio, aquele que foi contemplado deve: 1 - colocar no blog a imagem do selo que está ai em cima; 2 - linkar para o blog que concedeu, no meu caso o "O possível e O Extraordinário"; e 3 - escolher outros 15 blogs para conceder o prêmio.

Foi neste último ponto que encontrei um pouco de dificuldade. Primeiro porque 15 blogs é coisa "pra" caramba para alguém que não é tão ligado na blogosfera como eu; Segundo porque minhas opções mais óbvias foram contempladas pelo próprio Wagner.

Como não tem nada que me impeça vou "re-contemplar" alguns, como uma espécie de chancela, e depois indico outros novos.

Assim, concedo o prêmio ao Deus lo Vult, e sua impressionante capacidade ter sempre postagens novas, exclusivas e altamente relevantes; ao próprio O possível e O Extraordinário, que é sempre fonte de inspiração e, ao meu julgar, um exemplo de como um blog deve funcionar, trazendo não só notícias a que todos têm acesso, mas também coisas que "só ele" viu; ao Palavra Apenas; ao Contra o Aborto; ao Fidei Depositium e, por fim, ao ...Eles não sabem o que escrevem.

Agora sim, vamos às premiações exclusivas:

(tambores, por favor)

Paz no Campo, blog do príncipe D. Bertrand de Orleans e Bragança, que faz um excelente trabalho de acompanhamento da questão fundiária no Brasil.

Voz do Fernando, que anda passando por uma fase meio seca, mas sempre tem muitas notícias interessantes.

Sal Terrae
, que faz, como eles mesmos dizem: um catolicismo sem firulas, e um blog extremamente rico em cultura.

O ultrapapista Atanasiano, que também tem muita coisa exclusiva.

Acho que chega né!? :-)


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Padres da Igreja: São Cipriano


Seguindo as catequeses de Sua Santidade sobre os Padres da Igreja hoje temos a a figura de São Cipriano que, beeem antes de Constantino, já identificava a Igreja com a cátedra de São Pedro, longe da qual não se podia pretender ter a Deus como pai: "não pode ter Deus como pai quem não tem a Igreja como mãe"

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São Cipriano

Queridos irmãos e irmãs!

Na série das nossas catequeses sobre as grandes personalidades da Igreja antiga, chegamos hoje a um excelente Bispo africano do século III, São Cipriano, que "foi o primeiro bispo que na África conseguiu a coroa do martírio". Em primeiro lugar a sua fama como afirma o diácono Pôncio, o primeiro que escreveu a sua vida está relacionada com a produção literária e com a actividade pastoral dos treze anos que decorrem entre a sua conversão e o martírio (cf. Vida 19, 1; 1, 1).

Nascido em Cartagena numa família pagã rica, depois de uma juventude dissipada Cipriano converte-se ao cristianismo com 35 anos. Ele mesmo narra o seu percurso espiritual: "Quando ainda jazia como que numa noite escura", escreve alguns meses depois do baptismo,"parecia-me extremamente difícil e cansativo realizar o que a misericórdia de Deus me propunha... Estava ligado a muitíssimos erros da minha vida passada, e não pensava que me podia libertar, porque cedia aos vícios e favorecia os meus maus desejos... Mas depois, com a ajuda da água regeneradora, foi lavada a miséria da minha vida precedente; uma luz soberana difundiu-se no meu coração; um segundo nascimento restaurou-me num ser totalmente novo. De modo maravilhoso começou então a dissipar-se qualquer dúvida... Compreendia claramente que era terreno o que antes vivia em mim, na escravidão dos vícios da carne, e era ao contrário divino e celeste o que o Espírito Santo já tinha gerado em mim" (A Donato, 3-4).

Logo depois da conversão, Cipriano não sem invejas nem resistências é eleito para o cargo sacerdotal e para a dignidade de Bispo. No breve período do seu episcopado enfrenta as primeiras duas perseguições sancionadas por um edito imperial, o de Décio (250) e o de Valeriano (257-258). Depois da perseguição particularmente cruel de Décio, o Bispo teve que se comprometer corajosamente para reconduzir a comunidade cristã à disciplina. De facto, muitos fiéis tinham abjurado, ou contudo não tinham tido um comportamento correcto diante da prova. Eram os chamados lapsi isto é "que caíram" que desejavam ardentemente reentrar na comunidade. O debate sobre a sua readmissão chegou a dividir os cristãos de Cartagena em laxistas e rigorosos. A estas dificuldades é necessário acrescentar uma grave peste que assolou a África e colocou interrogações teológicas angustiantes quer no interior da comunidade quer em relação aos pagãos.

Por fim, é necessário recordar a controvérsia entre Cipriano e o Bispo de Roma, Estêvão, sobre a validez do baptismo administrado aos pagãos por cristãos hereges.

Nestas circunstâncias realmente difíceis Cipriano revelou dotes eleitos de governo: foi severo, mas não inflexível com os lapsi, concedendo-lhes a possibilidade de perdão depois de uma penitência exemplar; perante Roma foi firme na defesa das tradições sadias da Igreja africana; foi muito humano e repleto do mais autêntico espírito evangélico ao exortar os cristãos a ajudar fraternalmente os pagãos durante a peste; soube manter a medida justa ao recordar aos fiéis demasiado receosos de perder a vida e os bens terrenos que para eles a verdadeira vida e os verdadeiros bens não são deste mundo; foi irremovível ao combater os costumes corruptos e os pecados que devastavam a vida moral, sobretudo a avareza. "Passava assim os seus dias", narra a este ponto o diácono Pôncio, "quando eis que por ordem do pró-cônsul chegou improvisamente à sua cidade o chefe da polícia" (Vida, 15, 1). Naquele dia o santo bispo foi preso, e depois de um breve interrogatório enfrentou corajosamente o martírio no meio do seu povo.

Cipriano compôs numerosos tratados e cartas, sempre ligados ao seu ministério pastoral. Pouco inclinado para a especulação teológica, escrevia sobretudo para a edificação da comunidade e para o bom comportamento dos fiéis.

De facto, a Igreja é o tema que lhe é mais querido. Distingue entre Igreja visível, hierarquia, e Igreja invisível, mística, mas afirma com vigor que a Igreja é uma só, fundada sobre Pedro. Não se cansa de repetir que "quem abandona a cátedra de Pedro, sobre a qual está fundada a Igreja, ilude-se de permanecer na Igreja" (A unidade da Igreja católica, 4). Cipriano sabe bem, e formulou-o com palavras fortes, que "fora da Igreja não há salvação" (Epístola 4, 4 e 73, 21), e que "não pode ter Deus como pai quem não tem a Igreja como mãe" (A unidade da Igreja católica, 4).

Característica irrenunciável da Igreja é a unidade, simbolizada pela túnica de Cristo sem costuras (ibid., 7): unidade da qual diz que encontra o seu fundamento em Pedro (ibid., 4) e a sua realização perfeita na Eucaristia (Epístola 63, 13). "Há um só Deus, um só Cristo", admoesta Cipriano, "uma só é a Igreja, uma só a fé, um só povo cristão, estreitado em firme unidade pelo cimento da concórdia: e não se pode separar o que é uno por natureza" (A unidade da Igreja católica, 23).

Falamos do seu pensamento em relação à Igreja, mas não se deve descuidar, por fim, o ensinamento de Cipriano sobre a oração. Eu amo particularmente o seu livro sobre "o Pai Nosso", que muito me ajudou a compreender melhor e a recitar melhor a "oração do Senhor": Cipriano ensina como precisamente no "Pai Nosso" é proporcionado ao cristão o modo correcto de rezar; e ressalta que esta oração está no plural, "para que quem reza não reze unicamente para si. A nossa oração escreve é pública e comunitária e, quando nós rezamos, não rezamos por um só, mas por todo o povo, porque com todo o povo somos uma coisa só" (A adoração do Senhor 8). Assim oração pessoal e litúrgica mostram-se robustamente ligadas entre si. A sua unidade provém do facto que elas respondem à mesma Palavra de Deus. O cristão não diz "meu Pai", mas "Pai nosso", até no segredo do quarto fechado, porque sabe que em cada lugar, em cada circunstância, ele é membro de um mesmo Corpo.

"Portanto, rezemos irmãos amadíssimos", escreve o Bispo de Cartagena, "como Deus, o Mestre, nos ensinou. É oração confidencial e íntima rezar a Deus com o que é seu, elevar aos seus ouvidos a oração de Cristo. Reconheça o Pai as palavras de seu Filho, quando dizemos uma oração: aquele que habita interiormente no ânimo esteja presente também na voz... Quando se reza, além disso, adopte-se um modo de falar e de rezar que, com disciplina, mantenha a calma e a discrição. Consideremos que estamos diante do olhar de Deus. É preciso ser agradáveis aos olhos divinos tanto com a atitude do corpo como com a tonalidade da voz... E quando nos reunimos juntamente com os irmãos e celebramos os sacrifícios divinos com o sacerdote de Deus, devemos recordar-nos do temor reverencial e da disciplina, não dispersar as nossas orações com vozes descompostas, nem fazer com tumultuosa verbosidade um pedido que deve ser recomendado a Deus com moderação, porque Deus ouve não a voz, mas o coração (non vocis sed cordis auditor est)" (3-4). Trata-se de palavras que permanecem válidas também hoje e nos ajudam a celebrar bem a Santa Liturgia.

Em conclusão, Cipriano coloca-se nas origens daquela fecunda tradição teológico-espiritual que vê no "coração" o lugar privilegiado da oração. Segundo a Bíblia e os Padres, de facto, o coração é o íntimo do homem, o lugar onde habita Deus. Nele se realiza aquele encontro no qual Deus fala ao homem, e o homem escuta Deus; o homem fala a Deus, e Deus ouve o homem: tudo isto através da única Palavra divina. Precisamente neste sentido fazendo eco a Cipriano Smaragdo, abade de São Miguel em Mosa nos primeiros anos do século IX, afirma que a oração "é obra do coração, dos lábios, porque Deus não vê as palavras, mas o coração do orante"(O Diadema dos monges, 1).

Caríssimos, façamos nosso este "coração em escuta", do qual nos falam a Bíblia (cf. 1 Rs 3, 9) e os Padres: temos disso tanta necessidade! Só assim poderemos experimentar em plenitude que Deus é o nosso Pai, e que a Igreja, a santa Esposa de Cristo, é verdadeiramente a nossa Mãe.

Quarta-feira, 6 de Junho de 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Explicações

Enfim vem chegando o fim de semana. Os últimos dias foram corridos. Entre salvar o fim burocrático do meu curso de filosofia, que ia se encaminhando sorrateiramente para o limbo, e salvar contas bloqueadas por quem faz um direito deslocado da realidade, tudo acabou dando certo.

Após anos cursando Filosofia na Federal faltavam apenas algumas matérias para ganhar o direito de ter um pedaço de papel dizendo que eu sou bacharel. Porém, por conta dessas coisas da vida, acabei ficando alguns semestres sem fazer minha matrícula e entrei em processo de desligamento por "abandono" do curso por "dois ou mais semestres, consecutivos ou não".

Na verdade eu já imaginava que algo assim pudesse acontecer e já estava até me acostumando com a idéia e esperando a comunicação para apresentar recurso. Nunca foi minha intenção ser bacharel de filosofia, fiz vestibular só para ganhar o direito de freqüentar as aulas e aprender, o diploma sempre foi de pouca importância para mim.

Ocorre que no final da semana passada fui surpreendido por uma coincidência tão grande que me fez mudar de idéia. Depois de mais de um ano querendo fazê-lo, telefonei para um ex-professor, padre, para perguntar se ele poderia ceder a paróquia dele para a realização da Santa Missa Tridentina, e qual não foi minha surpresa em saber que: ele, pela primeira vez, era chefe do colegiado do curso; lembrava de mim; tinha visto meu processo de desligamento passando pela mesa dele e sabia que eu não tinha sido intimado por via postal por desatualização do cadastro, mas por edital interno e que meu prazo de recurso vencia em dois dias.

Fiz meu recurso, protocolei, fiz um compromisso de pegar as matérias que faltam no ano que vem e salvei o fim do curso de uma morte indigna e silenciosa.

Além disso salvei umas contas de clientes, que haviam sido bloqueadas pela "justiça", e estou fazendo a novena de natal. Assim, acabei não tendo muita cabeça para postar nada aqui, até demorei a liberar um comentário do Wagner informando que eu ganhei o prêmio Dardos... ainda volto no assunto, tenho que escolher os blogs para agraciar.

Por agora só queria dar satisfação aos meus leitores e dizer que estou voltando, estou voltando.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Padres da Igreja: Tertuliano


Esta semana recuperamos a catequese do Santo Padre sobre Tertuliano.


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Tertuliano

Queridos irmãos e irmãs!

Retomamos com a catequese de hoje a série das catequeses abandonada por ocasião da viagem ao Brasil e prosseguimos falando das grandes personalidades da Igreja antiga: são mestres da fé também para nós hoje e testemunhas da perene actualidade da fé cristã. Hoje falamos de um africano, Tertuliano, que entre o final do segundo e o início do terceiro século inaugura a literatura cristã em língua latina. Com ele tem início uma teologia nesta língua. A sua obra deu frutos decisivos, que seria imperdoável subestimar. A sua influência desenvolve-se em diversos planos: partimos da linguagem e da recuperação da cultura clássica, chegando aos da localização de uma comum "alma cristã" no mundo e da formulação de novas propostas de convivência humana. Não conhecemos com exactidão as datas do seu nascimento e da sua morte. Mas sabemos que em Cartago, nos finais do século II, de pais e de professores pagãos, recebeu uma sólida formação rectórica, filosófica, jurídica e histórica. Depois, converteu-se ao cristianismo, atraído como parece pelo exemplo dos mártires cristãos. Começou a publicar os seus escritos mais famosos em 197. Mas uma busca demasiado individual da verdade juntamente com as intemperanças do carácter era um homem rigoroso levaram-no gradualmente a deixar a seita do montanismo. Contudo, a originalidade do pensamento juntamente com a incisiva eficiência da linguagem garantem-lhe uma posição eminente na literatura cristã antiga.

São famosos sobretudo os seus escritos de carácter apologético. Eles manifestam duas intenções principais: a de contestar as gravíssimas acusações que os pagãos faziam contra a nova religião, e, a mais propositiva e missionária, de comunicar a mensagem do Evangelho em diálogo com a cultura do tempo. A sua obra mais conhecida, o Apologético, denuncia o comportamento injusto das autoridades políticas em relação à Igreja; explica e defende os ensinamentos e os costumes dos cristãos; indica as diferenças entre a nova religião e as principais correntes filosóficas do tempo; manifesta o triunfo do Espírito, que faz oposição à violência dos perseguidores com o sangue, o sofrimento e a paciência dos mártires: "Por mais requintada que seja escreve o Africano de nada serve a vossa crueldade: aliás, para a nossa comunidade, ela é um convite. A cada vosso golpe de foice nós tornamo-nos mais numerosos: o sangue dos cristãos é uma sementeira eficaz! (semen est sanguis christianorum!)" (Apologético, 50, 13). O martírio, o sofrimento pela verdade no final são vitoriosos e mais eficazes que a crueldade e a violência dos regimes totalitários.

Mas Tertuliano, como qualquer bom apologista, sente ao mesmo tempo a exigência de comunicar positivamente a essência do cristianismo. Por isso ele adopta o método especulativo para ilustrar os fundamentos racionais do dogma cristão. Aprofunda-os de modo sistemático, começando pela descrição do "Deus dos cristãos": "Aquele que nós adoramos afirma o Apologista é um Deus único". E prossegue, empregando as antíteses e os paradoxos característicos da sua linguagem: "Ele é invisível, mesmo se o vemos; inalcançável, mesmo se está presente através da graça; inconcebível, mesmo se os sentidos humanos o podem conceber; por isso é verdadeiro e grande" (ibid., 17, 1-2)!

Além disso, Tertuliano dá um grande passo no desenvolvimento do dogma trinitário; deu-nos no latim a linguagem adequada para expressar este grande mistério, introduzindo os termos "uma substância" e "três Pessoas". De maneira semelhante, desenvolveu muito também a linguagem correcta para expressar o mistério de Cristo Filho de Deus e verdadeiro Homem.

O Africano fala também do Espírito Santo, demonstrando o seu carácter pessoal e divino: "Cremos que, segundo a sua promessa, Jesus Cristo enviou por meio do Pai o Espírito Santo, o Paráclito, o santificador da fé daqueles que crêem no Pai, no Filho e no Espírito" (ibid., 2, 1). Ainda, nas obras do Africano lêem-se numerosos textos sobre a Igreja, que Tertuliano reconhece sempre como "mãe". Também depois da sua adesão ao montanismo, ele não esqueceu que a Igreja é a Mãe da nossa fé e da nossa vida cristã. Ele detém-se também sobre o comportamento moral dos cristãos e sobre a vida futura. Os seus escritos são importantes também para captar tendências vivas nas comunidades cristãs em relação a Maria Santíssima, aos sacramentos da Eucaristia, do Matrimónio e da Reconciliação, ao primado petrino, à oração... De modo especial, naqueles tempos de perseguições em que os cristãos pareciam ser uma minoria perdida, o Apologista exorta-os à esperança que segundo os seus escritos não é simplesmente uma virtude em si, mas uma modalidade que diz respeito a todos os aspectos da existência cristã. Temos a esperança que o futuro é nosso porque o futuro está em Deus. Assim a ressurreição do Senhor é apresentada como o fundamento da nossa ressurreição futura, e representa o objecto principal da confiança dos cristãos: "A carne ressurgirá afirma categoricamente o Africano: toda a carne, precisamente a carne, e a carne inteira. Onde quer que se encontre, ela está depositada junto de Deus, devido ao fidelíssimo mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, que restituirá Deus ao homem e o homem a Deus" (Sobre a ressurreição dos mortos, 63, 1).

Sob o ponto de vista humano pode-se falar sem dúvida de um drama de Tertuliano. Com o passar dos anos ele tornou-se cada vez mais exigente em relação aos cristãos. Pretendia deles em todas as circunstâncias, e sobretudo nas perseguições, um comportamento heróico. Rígido nas suas posições, não poupava críticas pesadas e inevitavelmente acabou por se encontrar isolado. De resto, também hoje permanecem abertas muitas questões, não só sobre o pensamento teológico e filosófico de Tertuliano, mas também sobre a sua atitude em relação às instituições políticas e da sociedade pagã. Faz-me pensar muito esta grande personalidade moral e intelectual, este homem que deu uma grande contribuição para o pensamento cristão. Vê-se que no final lhe falta a simplicidade, a humildade de se inserir na Igreja, de aceitar as suas debilidades, de ser tolerante com os outros e consigo mesmo. Quando se vê só o próprio pensamento na sua grandeza, no final é precisamente esta grandeza que se perde. A característica essencial de um grande teólogo é a humildade de estar com a Igreja, de aceitar as suas e as próprias debilidades, porque só Deus é realmente todo santo. Ao contrário, nós temos sempre necessidade de perdão.

Por fim, o Africano permanece uma testemunha interessante dos primeiros tempos da Igreja, quando os cristãos se viram autênticos sujeitos de "nova cultura" no confronto aproximado entre herança clássica e mensagem evangélica. É sua a célebre afirmação segundo a qual a nossa alma "é naturaliter cristã" (Apologético 17, 6), onde Tertuliano evoca a perene continuidade entre os autênticos valores humanos e cristãos; e também a sua outra reflexão, tirada directamente do Evangelho, segundo a qual "o cristão não pode odiar nem sequer os próprios inimigos" (cf. Apologético 37), onde o aspecto moral, iniludível, da opção da fé, propõe a "não-violência" como regra de vida: e não há quem não veja a dramática actualidade deste ensinamento, também à luz do aceso debate sobre as religiões.

Em resumo, nos escritos do Africano encontram-se numerosos temas que ainda hoje somos chamados a enfrentar. Eles envolvem-nos numa fecunda busca interior, à qual exorto todos os fiéis, para que saibam expressar de modo cada vez mais convicto a Regra da fé voltando mais uma vez a Tertuliano "segundo a qual nós cremos que existe um só Deus, e nenhum outro além do Criador do mundo: Ele criou todas as coisas do nada por meio do seu Verbo, gerado antes de todas as criaturas" (A prescrição dos hereges 13, 1).

Quarta-feira, 30 de Maio 2007

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"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"