terça-feira, 2 de outubro de 2007

Por que escrever?

Realmente não acho que eu tenha uma escrita de grande qualidade. Na verdade, nem eu mesmo gosto de ler aquilo que escrevo, muito embora, raras vezes (tá bom, raríssimas), me surpreenda com uma qualidade razoável aqui ou ali. Tenho grandes dificuldades de escrever corretamente, preguiça de enfileirar os argumentos e dedos que não acompanham o ritmo do cérebro.

Também não tenho grandes pretensões filosóficas, sei que o que tem de bom nos meus pensamentos vem dos outros, e outros mais escrevem muito melhor sobre a mesma coisa.

Da mesma forma, não posso dizer que me seduza algum tipo de vaidade. Muito embora não possa negar que tenha que lutar contra ela várias vezes, e que mesmo a possibilidade de uma fama, faminha que seja, me preocupa. Mas a quem não preocupa, não é mesmo!? Talvez eu seja até um pouco escrupuloso, mas prefiro evitar esse tipo de satisfação infantil, essa falsa e enganadora recompensa de se achar, de certa forma, amado. E nisso a consciência da minha fraqueza redacional ajuda bastante.

Mas por que escrever, então?

Fosse por mim, eu já teria me acomodado em ficar sempre em uma extremidade só da comunicação, a que recebe, a que lê. Mas meu amigo Carlos Ramalhete, em umas poucas palavras, me convenceu a não só consumir, mas tentar produzir alguma coisa, nem que seja uma cópia piorada. "Rapaz, com tanta porcaria que escrevem por ai hoje em dia, qualquer coisa que não seja lixo é boa", foi mais ou menos isso que ele me disse.

A idéia é, na verdade, ocupar espaço, é fazer um contraponto à contra-cultura, à revolução, tal como ensinou o Dr. Plínio, ao pensamento hoje, infelizmente, dominante, que vai, aos pouquinhos, corroendo o maravilhoso edifício da civilização ocidental, cristã por identidade e vocação.

A consciência de que somos o que somos por conta de uma série de tradições, e a crença de que, primeiro, nada melhor podemos ser se esquecermos delas, e segundo, a tradição cristã é o que de mais elevado a humanidade produziu (e nem falei da incomensurável importância da Revelação), são o que me provocam à escrita.

Não tenho pretenções soteriológicas. Não serei eu a fazer alguma diferença para a preservação da cultura brasileira, muito menos da civilização ocidental. Meus planos são menores. Uma ou duas pessoas que percebam e valorizem sua identidade cristã, já terá sido uma conquista imensa, mas ter oferecido um pouco de água fresca, da minha fonte ou de terceiro, a uns poucos amigos, para mim já é suficiente.

...

Essa semana, tentarei terminar a segunda parte da reflexão sobre o outro.



"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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