quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Elevando o nível

[post alterado em 22 de maio de 2008, para a adeqüação do texto da poesia]

Ainda poesia, mas agora de um Santo, uma poesia elevada e elevante. :-) Sobre a única verdadeira consolação, sobre o norte da vida, que lhe dá sentido ainda que nada mais haja.


Aliás, para o Santo, mesmo que haja, pois diante do Sumo Bem, diante do Amor que Deus nos oferece, ele se desapega de qualquer outra coisa, tão infinitamente pequenas elas são, em comparação com a magnitude da Luz divina. Por isso se entrega totalmente e reorganiza tudo através e por este Amor no qual está imerso e que, qual chama, lhe consome, mas não com dor, mas como gozo espiritual. Já não se arrima, não se prende, ao terreno, mas se arrima ao Celestial. Sua vida é, neste sentido, Celestial.

Não reparem nessa pequena introdução. Não sou bom nessas coisas, prometo tentar me controlar da próxima vez hehehehe. Vamos ao poema, e depois um resumo da vida do Autor.

Sem arrimo e com arrimo,
sem luz e às escuras vivendo,
todo vou me consumindo.


Minha alma está desprendida
de toda a coisa criada

e sobre si levantada,
nunca saborosa vida

só em seu Deus arrimada.
Por isso já se verá

a coisa que mais estimo,
que minha alma se vê já

Sem arrimo e com arrimo.


E embora trevas padeço
nesta vida mortal,

não é tão grande o meu mal,
porque se de luz careço,
tenho vida celestial;
porque o amor dá tal vida,
quanto mais cego vai sendo,
que tem a alma rendida,
sem luz
e às escuras vivendo.


Faz obra tal o amor
depois que o conheci,
que se há de bem ou mal em mim,
tudo se faz de um só sabor,

e à alma transforma em si;
e assim s
ua chama saborosa,
a qual em mim e
stou sentindo,
apressa sem restar c
oisa,
todo me vou consumindo.


...


São João da Cruz(*1542 +1591). Confessor e Doutor da Igreja. Nasceu em Fontiveros, na Espanha. Aos 21 de idade, recebeu o hábito da Ordem Carmelita. Infelizmente, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Então juntamente com Teresa de Jesus, reformou o ramo masculino do Carmelo. Seu zelo e o sucesso de seus esforços causaram-lhe provações humilhantes, que lhe ensinaram a subir, dentro da noite escura, até à experiência mística do nada do homem diante da Majestade Divina. Não procurava consolações, pois sabe que, como interpretará Terezinha do Menino Jesus: “Sua consolação é não ter consolação”. É um grande mestre nos caminho do espírito. As suas obras, Subida do Monte Carmelo, Noite Escura, Cântico Espiritual, Chama Viva de Amor e muitos ditos, valeram-lhe o título de Doutor da Igreja universal. Faleceu santamente aos 49 anos. Sua festa litúrgica é no dia 14 de dezembro. "Onde não há amor, coloque amor e receberá amor." (texto obtido na comunidade de São João da Cruz, no orkut)

São João da Cruz, rogai por nós!




"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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