sexta-feira, 27 de março de 2009

Daslu e o Grande Irmão.

Dá para não ficar apavorado com a condenação a 94 anos e meio (n o v e n t a e q u a t r o a n o s ... e meio) da moça lá da Daslu?

Sim, dá. Basta estar em acelerado processo de dormência moral, causado sobretudo por exposição maciça à ideologia comunista, o que no Brasil significa entrar para escola, ver televisão, ler praticamente qualquer jornal ou até, na maioria dos casos (infelizmente, mas é forçoso que se diga), ir para a missa.

Ora, meus prezados, quando é que alguém com um sentimento moral sadio poderia achar que o crime de descaminho (você nem sabe o que é né!? pois bem, isto reforça o meu ponto) é mais grave do que o sequestro de crianças seguido de extorsão, estupro e atentados violentos ao pudor? Quem ai acha que sonegar impostos é mais grave do que atentado violento ao pudor + cárcere privado + homicídio + ocultação de cadáveres de duas crianças levanta a mão por favor.

Pois é exatamente este o caso.

Não conheço a senhora dona da loja, nem a loja, nem quem compra lá, nem me interessa se ela é culpada ou não, o que me assusta é que um crime contra a ordem tributária, um crime contra o Estado, contra um ente ficcional, tenha mais peso do que crimes gravíssimos contra uma pessoa de carne e osso, ainda mais pessoas indefesas, como crianças.

O direito penal serve justamente para, primeiramente, punir aqueles que violentam os bens mais preciosos de uma sociedade: suas pessoas, seus princípios, sua identidade, etc... e assim tentar, também, impedir que estes crimes ocorram e "reeducar" quem os cometeu. Nessa linha, os bens mais valiosos devem ter, logicamente, a proteção de uma pena maior. Assim, matar alguém deve ser punido com mais rigor do que o simples furto, p.ex., porque a vida humana é mais preciosa do que qualquer propriedade.

Ora, o que a sentença de 94 anos por descaminho nos diz (a acusação é que ela importava bens lícitos subfaturados para fraudar o fisco), é que o Estado é mais precioso do que a vida e a dignidade de uma pessoa.

Levando a prosa para um outro rumo, talvez mais fácil de visualizar a aberração, podemos imaginar que quanto mais grave o crime, mais perigoso o delinquente, mais "monstruosa" e desordenada é a sua personalidade. Por isso, por mais tempo ele deve ser retirado da convivência social, mais tempo ele vai levar para se "re-socializar" e mais punição ele merece. O que a presente condenação afirma, então, é que um sujeito que atenta indiretamente contra o Estado é mais inadequado, é mais perigoso para a sociedade, do que um que atenta diretamente contra a vida de um semelhante.

E nem venha argumentar que a sonegação é mais daninha do que um homicídio porque o Estado deixa de investir em saúde, p.ex., isto não é verdade. O governo bate recordes de arrecadação e a coisa toda continua na mesma. O que faz o sistema não funcionar não é falta de dinheiro, mas a incoerência dele próprio.

Nem me diga que o Estado vale mais porque congrega várias pessoas, isso é uma ficção. O Estado não tem vida própria, não anda, não fala, não toma decisões, nem é um fim em si, não vale nada sem as pessoas que o formam.

Sinceramente!? Tenho medo, muito medo do futuro.

Quanto ao presente!? só cada vez mais desanimado de ser advogado em um tal sistema jurídico.

O ainda me anima é que se é verdade que o brasileiro normal não percebeu a desproporção da condenação, pois já está, como disse no início, dormitando, sua moral ainda não degenerou. Quer uma prova? Pegue a dona da Daslu e jogue no meio de pessoas de bem, certamente lhe passarão um pito, no máximo darão uns cascudos. Agora jogue o sujeitinho que "estuprou" (atentado violento ao pudor é todo ato sexual que não implique na penetração do órgão genital feminino, no popular todo mundo chama de estupro) e matou duas crianças entre essas mesmas pessoas, e não chame a polícia, para ver se sobra alguma coisa dele.




"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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