segunda-feira, 19 de março de 2012

Um arranjo (quase) beneditino para a sagração episcopal

 Como Bento XVI quer


Passou perto, muito perto.

Uma Cruz chegou a dormir no centro do altar da catedral, esperando no lugar de destaque, para ser um norte visível (sobrenaturalmente a cruz sempre é o norte) da missa de sagração de Dom Rubens Sevilha.

Eu não fui (e acho até que me arrependi, não decidi ainda rs), mas já acompanhava de algum tempo os preparativos através de alguns depoimentos de amigos que participavam diretamente do cerimonial. Já sabia, por exemplo, que haviam pedido o arranjo beneditino emprestado da paróquia do pe. Tiago, e no sábado a noite fiquei sabendo que estavam lá na catedral arrumando tudo e que o arranjo beneditino havia sido colocado devidamente no lugar.

Porém, na manhã do domingo, liguei a tv para testemunhar de longe esse acontecimento e... vi as velas, mas... cadê a Cruz?

Por motivo desconhecido resolveram retirar a Cruz de manhã, pouco antes da missa... a Cruz, logo a Cruz. Ou seja, nada de arranjo beneditino.

Meus amigos, a Cruz sempre cabe, a Cruz é o centro... sempre. Tá certo, era um grande acontecimento para D.Sevilha, mas ele era mera coadjuvante. O Ator principal de todo mistério da Igreja é sempre Nosso Senhor, é sempre a Sua Cruz, tenho certeza de que ele concorda com isto.

Ali era Nosso Senhor sagrando através dos sucessores dos apóstolos um novo sucessor, era Nosso Senhor consagrando, era Nosso Senhor se imolando, era Nosso Senhor se oferencendo ao Pai por nós. Era tudo por Nosso Senhor. Nada mais apropriado que dar à Sua Cruz lugar de destaque, no centro, visível, atraindo os olhares.

Não foi desta vez. É uma pena.

Mas não tenho dúvida, a volta da cruz ao centro é inevitável. Seu lugar é, não só, de uma clareza matemática, lógica, é mais, é de uma clareza sobrenatural, transcendente. O coração do fiel deseja a Cruz e o olho a busca naturalmente. É ela que deve ser o ponto para o qual todos os olhares se voltam, não a pessoa do sacerdote, é ela o ponto de referência, o nosso "Oriente", nossa "Jerusalém".

Mais do que isto. Ela representa o destinatário do Sacrifício que está sendo oferecido, ela deixa mais evidente de que Cristo crucificado não se entrega a nós, se entrega ao Pai.

Psicologicamente, eu arriscaria, ela ali, no centro, "atrapalhando a vista", cria um certo desconforto, mas um bom desconforto, que acaba revelando um "algo mais", ressaltando um mistério, O Mistério. Algo muito maior e muito mais abrangente do que eu, do que a comunidade e o padre, está acontecendo. Paro minha divagação por aqui.

Certo é que, queiram ou não, é inevitável, questão de tempo (o que no caso da Igreja pode demorar um pouco rs). Mas vejamos o que diz Bento XVI no seu "Introdução ao Espírito da Liturgia":

"Considero as inovações mais absurdas das últimas décadas aquelas que põem de lado a cruz, a fim de liberar a vista dos fiéis para o sacerdote. Será que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o sacerdote é mais importante do que o Senhor? Este erro deveria ser corrigido o mais depressa possível, não sendo precisas para isso nenhumas reconstruções. O Senhor é o ponto de referência. Ele é o Sol nascente da História."

Consegui apenas uma "boa" foto que permite "ver" a ausência da Cruz e a presença dos conjunto de velas.


No mais, vamos indo, cada vez melhor. Mas tenho a impressão de que poderia ser mais rápido, basta alguns padres perceberem que não estão sozinhos.


 Vestes corais, com a Murça (a pequena sobrecapa por cima) e barretes (os chápeus)

Senhores bispos, de mozeta e tudo ;-)

Ah sim, as músicas. Entre outras, Panis Angelicus, Agnus Dei (em latim) e um Te Deum em português... é, acho que me arrependi de não ter ido rs.

Dom Luiz, Dom Wladimir e Dom Rubens, ad multos annos.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

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