segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Rumos políticos

"Indagou de seus botões, como fizera muitas vezes, se não era lunático ele próprio. Talvez um lunático seja apenas uma minoria de um. Antigamente, fora sinal de loucura acreditar que a Terra gira em torno do Sol, hoje, crer que o passado é inalterável. Podia ser o único a ter aquela crença, e sendo sozinho, lunático. A idéia de ser lunático, porém, não o perturbava grandemente. O horror era estar enganado.

Tomou o livro escolar e olhou o retrato do Grande Irmão que formava o frontispício. O olhar hipnótico fixou o de Winston. Era uma força enorme, fazendo pressão - algo que penetrava o crânio, se chocava contra o cérebro, amedrontava e fazia perder a fé, persuadia quase a negar a evidência dos sentidos. No fim, o Partido anunciaria que dois e dois são cinco, e todos teriam que acreditar. Era inevitável que o proclamasse mais cedo ou mais tarde: exigia-o a lógica de sua posição. Sua filosofia negava tacitamente não apenas a validez da experiência como a própria existência da realidade externa. O bom senso era a heresia das heresias. E o que mais aterrorizava não era que matassem o cidadão por pensar diferente, mas a possibilidade de terem razão. Por que, afinal de contas, como sabemos que dois e dois são quatro? Ou que existe a lei da gravidade? Ou que o passado é inalterável? Se tanto o passado como o mundo externo só existem na mente, e se a mente em si é controlável... então?" (1984, George Orwell, grifos meus)

Esse pedacinho de texto estava aqui aguardando meu humor. Parece que meu humor achou que era hora de publicar.

O passado já é constantemente alterado, nas nossas escolas mesmo, diária e despudoradamente. A inquisição ganha umas mil e poucas mortes por dia, mata mais hoje do que jamais matou em séculos. A Rússia é só a experiência fracassada de um falso marxismo, assim como a China, Coréia do Norte, etc., em pouco tempo serão, ou melhor terão sido, apenas mais uma exploração capitalista e conservadora. Che é um santo, hoje já sem dúvidas, mas deve acabar subindo aos altares breve breve.

A realidade vai sendo expulsa da mente humana, a golpes de língüa, isso mesmo, de língüa, é o leãodechácara (agora é assim? tudo junto mesmo?) do politicamente correto, das alterações de significado, das convenções. "Homem", agora, é ofensivo, se o sujeito quiser ser chamado de "mulher" é isso que ele é, o vocábulo é um estado de espírito, uma ficção, não pode ser imposto só porquê o moç... o sujeit.., o ser humano nasceu com órgãos sexuais masculinos (não, querer ser mulasemcabeça não vale... ainda.. mas é assim mesmo que escreve agora? mulasemcabeça, sério? espero que esteja errado). Casamento é essencialmente ligado à procriação? quem falou? Muda o dicionário, dilata o significado, junta uns sinônimos, e voilá, casamento é todo e qualquer juntamento (homem-homem, homem-bode, homem-bananeira,etc.) e o antigo conceito deixa de existir. Uma imobilização lingüística, tipo jiu-jitsu.

O Poder governamental é isso ai, não admite concorrentes, esmaga todos, mesmo que seja a própria realidade. Não me surpreenderei quando, no fim da vida, eu ler no livro escolar do meu neto: 2 + 2 = 5.

...Mas o que estou dizendo? Não vou ter netos, família vai ser só mais um conceito ultrapassado.. Enquanto isso eu aproveito para indicar o livro. 1984, George Orwell, vale a pena uma lida.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Um comentário:

Alcançados para Alcançar disse...
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