quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Quebrando o silêncio dos inocentes

Há algumas eleições eu não voto, ou melhor, vou lá só para apertar aquele botão branco, mas isso por pura preguiça de pegar o carro e ir para o sítio só para justificar. Sempre que eu revelo isso a primeira reação da maioria das pessoas é de me passar um pito, de me dar uma lição de cidadania ou coisa do gênero.

Não vou nem me dar ao trabalho de explicar quais as razões para tanto descaso com a tal cidadania, mas episódios como o que vou narrar abaixo me dão a certeza de que, por mais que minhas motivações não sejam válidas, eu nunca serei cúmplice de uma coisa dessas.

Vamos ao caso.

Alguns patifes lá de Pernambuco resolveram distribuir gratuitamente as famosas pílulas do dia seguinte, medicamento que, como o próprio nome popular deixa entrever, serve para eliminar os efeitos daquilo que não se evitou no dia anterior, qual seja, uma nova pessoinha.

No dia 28 de janeiro, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica tratando da anticoncepção de emergência (nome tão pomposo quanto enganoso), ou, mais claramente, do farmáco levonorgestrel 0,75 mg, em que afirma:

“Trata-se de um método anticoncepcional cientificamente aceito, aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). Não é abortiva, pois não interrompe uma gravidez estabelecida e seu uso deve se dar antes da gravidez. Os vários estudos disponíveis atestam que ela atua impedindo o encontro do espermatozóide com o óvulo, seja inibindo a ovulação, seja espessando o muco cervical ou alterando a capacitação dos espermatozóides. Portanto, o seu mecanismo de ação é basicamente o mesmo dos outros métodos anticoncepcionais hormonais (pílulas e injetáveis).(os negritos constam do original).

Ocorre, porém, que esta não é sequer a opinião dos fabricantes do remédio, que em seu site indicam:


Para quem não está familiarizado com o inglês (como parece ser o caso dos responsáveis por essa nota “”””””técnica””””””), traduzo livremente o terceiro emprego do veneno: impedindo um óvulo fecundado de se fixar no interior do útero. Em português ainda mais claro, expulsa, à bombardeio de muita química e hormônios, a pequenina e indefesa a criança do útero da mãe.

Daí temos quatro conclusões graves que são, por ordem de gravidade:

1- um Ministério mente da forma mais descarada e vil, dizendo que o veneno oferecido para as neo-mamães não matará seus filhos caso estejam grávidas; (o que já parece nem ser tão grave face a total falta de moral e vergonha na cara desses sujeitos, que não honram sequer as próprias calças, que já nem se esmeram mais em disfarçar suas canalhices);

2- mais do que mentir o tal Ministério permite e apóia (como informa o final da nota), o uso de medicamento utilizado para cometer um crime (não se esqueçam que o aborto é crime).

3- Com isso condena à morte várias pessoas indefesas, que terão como primeiro e último lar o vaso sanitário, já que nem no seio das suas mães poderão fixar moradia provisória.

4- Fruto disso é a excomunhão automática das pobres almas conscientes do que estão fazendo (ex-futuros-papais ai inclusos).

Temos ai, meus amigos, mais uma marca macabra de um (des)governo pusilânime. Talvez nas próximas eleições se possa dizer que, “nunca antfs na hfstoria defste paífs se matou tanta gente com incentivos públicos.”.

Peço aos parcos visitantes deste blog que rezem, ao menos uma Ave Maria, pela conversão dos pecadores, assassinos de criancinhas.

Santa Gianna Beretta, ora pro nobis.


“Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt.”

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Tarde te Amei



Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!

Tarde demais eu te amei!

Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!

Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.

Estavas comigo, mas eu não estava contigo.

Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.

Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.

Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.

Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.

Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz


Santo Agostinho (354-431, bispo de Hipona)


"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Tradição e Renovação

Acho que se uma coisa ficou clara nas postagens anteriores foi que, ultimamente, tenho me interessado um pouco nos os místicos da Igreja (Sta. Teresinha do Menino Jesus e São João da Cruz principalmente).

Diante da obra poética que produziram eu me perguntava por que é que ninguém se dava ao trabalho de musicar alguns dos seus poemas, sobretudo os músicos carismáticos. Confesso que perguntava sem qualquer conhecimento de causa.

Recentemente, por intermédio do blog do meu amigo Wagner Moura (e, para facilitar a vida dele, já adianto que não é o "Capitão Nascimento"), descobri que existe uma pessoa que se deu esse trabalho :-), foi a Irmã (carmelita???) Kelly Patrícia.

Escutei quase nada da obra dela, uma meia duzia de três ou quatro músicas. Não é estilo que me atraia e achei algumas versões muito forçadas, mas, mesmo assim, gostei de outras. Porém, o que mais me agradou foi notar que alguém resolveu ir atrás do tesouro que a Igreja possui, o que, a julgar por algumas pessoas que conheço, é um fenômeno que tem se repetido dentro da Renovação Carismática Católica (RCC). Graças a Deus! Literalmente.

Particularmente eu acho que o encontro da RCC (fruto da pós-modernidade, ou, como me ensinou um amigo, da hiper-modernidade) com a tradição católica, pode render frutos interessantes.

É fato que a RCC trouxe de volta muitos filhos da Igreja e deu novo ânimo à alguns outros que, embora fiéis, por falta de catequese adequada e por influência desta nossa época, buscavam alguma coisa diferente do que lhes era apresentado nas paróquias (o que já era fruto de uma interpretação do Concílio Vaticano II). Ou seja, a RCC nasce no meio de um processo de "mudança" pastoral proposta pelo Vaticano II, que algumas pessoas entenderam, erroneamente, como um abandono da tradição bi-milenar, e, nesse contexto, se desenvolve com base muito mais naquilo que a Igreja vivia de novo, do que com uma preocupação com o que até então havia sido produzido.

Não quero fazer juízo de valor. Estou dizendo somente, trocando em miúdos, é que a RCC é fruto do seu tempo, como, aliás, soe acontecer com as ações humanas, que calhou ter sido um tempo de novidades e no qual pairava um ar de mudanças.

Basta ver, por exemplo, os métodos ou os termos usados para constatar que a RCC tráz em si essa característica de "mudança", de novidade (no sentido de não-tradicional), e revela, talvez como nenhum outro movimento dentro da Igreja, como a modernidade influenciou a espiritualidade do homem que, por um motivo ou outro, perdeu um pouco do contato com a tradição.

E aqui eu volto ao ponto de partida. Com esse movimento de busca dos tesouros da Igreja a RCC certamente vai amadurecer muito e pode ser que daí surja uma nova valorização da tradição, então já não imposta como herança, como fardo, ou como um conservadorismo incompreensível, mas assumida como identidade, entendida e amada.

... Ou pode ser que nada disto aconteça, veremos... ou não. :-).

Ahh sim, no link para o site do Wagner Moura vocês podem ouvir uma das músicas que mais gostei.



"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

Voltando

Eis-me aqui, novamente, depois de longas "férias".

Blogueiros não profissionais como eu geralmente têm esses períodos de vazio, sem postagem. Como não temos compromisso com a audiência, sobretudo quando ela é baixa como no meu caso, qualquer pequeno contratempo nos afasta do teclado.

Mas resolvi que já é hora de voltar ao batente, portanto, estou reabrindo as portas e acendendo o letreiro luminoso.



"tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"