segunda-feira, 26 de março de 2012

"Direito" e frouxidão moral

Vou tentar não fazer deste post uma monografia, quero ser objetivo porque o caso é simples. Como muitos sabem (essa é uma das únicas vantagens de ter um público quase restrito a amigos), por enquanto sou advogado, mas minha tolerância com o sistema normativo brasileiro beira a zero, razão pela qual só com muita reserva ainda me apresento como tal.

Pois bem, aconteceu que esta semana fiz o favor de comparecer a um sindicato para uma conhecida, porque sua ex-empregada queria receber cinco anos de plano de saúde que tinha pago integralmente.

Para quem não sabe, e minha conhecida era uma destas, a convenção coletiva dos comerciários do Espírito Santo estipula que a empresa deve arcar com uma parcela do plano de saúde do empregado. Isto para mim já soa absurdamente abusivo, mas entendo que as pessoas possam discordar da minha opinião.

Porém, pior do que o efeito econômico, que a intervenção em esferas privadas, que a equiparação de empresas totalmente desiguais, é o efeito que pseudo-direitos causam nos seus titulares.

Devo dizer que parto da idéia de que um contrato, seja qual for, vale mais pela palavra empenhada do que por qualquer garantia legal. Se eu aceito as condições impostas em troco de uma contraprestação (salário, pex.), eu honro o que acordei. Quando não estou mais de acordo, encerro o contrato.

Isto, creio, é o que o brasileiro pensa quando é contratado... ou pensava.

Voltando ao meu caso. A pessoa em questão sempre foi bem tratada, com ajudas não só financeiras como emocionais, sempre cumprindo a sua parte e tendo a contraparte respeitada na íntegra. Foram quase 30 anos assim.

Pois bem, 30 anos de uma relação amorosa, como devem ser as relações humanas (mesmo as trabalhistas), jogadas no ralo porque alguém balançou algumas notas de real (creio que tudo ficará em menos de R$1.500,00) de um "direito" que ela teria, muito embora nunca tivesse feito parte de qualquer acordo entre as duas.

O que me assusta, e este é o motivo deste post, é que isso acontece todos os dias. Pessoas em pleno uso de suas faculdades, concordam com obrigações mútuas e, assim que não precisam mais, jogam no lixo sua palavra por um punhado de moedas de ouro.

As pessoas estão sendo tentadas diariamente pelo próprio direito que deveria garantir a ordem, proteger a moral e os bons costumes. "Esqueçam seu compromisso, esqueçam sua palavra, esqueçam sua honra, o burguês mal enganou você, é seu direito receber mais."

Pode parecer que eu cheguei atrasado em uma discussão que já foi, e cheguei mesmo, mas estou aqui na hora dos efeitos, em que os argumentos podem ser afrontados com a realidade. O direito está criando pessoas moralmente frouxas e nenhum país é verdadeiramente grande sem filhos fortes.

Obviamente abusos acontecem, pessoas são enganadas, o pagamento pode ser injusto aproveitando a necessidade ou a boa-fé alheia. Nestes casos a Justiça deve intervir e proteger quem foi prejudicado, suprindo a falta de moral de uma das partes.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"




domingo, 25 de março de 2012

Visita do Papa Bento XVI a Cuba



Confesso que estou apreensivo com a visita de Sua Santidade a Cuba.

Como o Santo Padre não se intimida facilmente vou ficar atento às homilias e declarações. Já no avião ele soltou essa maravilha: "Hoje, é evidente que a ideologia marxista, na forma que foi concebida, já não corresponde à realidade", e continuou: ""Novos modelos devem ser encontrados com paciência e de forma construtiva (...). Nós queremos ajudar".

segunda-feira, 19 de março de 2012

Um arranjo (quase) beneditino para a sagração episcopal

 Como Bento XVI quer


Passou perto, muito perto.

Uma Cruz chegou a dormir no centro do altar da catedral, esperando no lugar de destaque, para ser um norte visível (sobrenaturalmente a cruz sempre é o norte) da missa de sagração de Dom Rubens Sevilha.

Eu não fui (e acho até que me arrependi, não decidi ainda rs), mas já acompanhava de algum tempo os preparativos através de alguns depoimentos de amigos que participavam diretamente do cerimonial. Já sabia, por exemplo, que haviam pedido o arranjo beneditino emprestado da paróquia do pe. Tiago, e no sábado a noite fiquei sabendo que estavam lá na catedral arrumando tudo e que o arranjo beneditino havia sido colocado devidamente no lugar.

Porém, na manhã do domingo, liguei a tv para testemunhar de longe esse acontecimento e... vi as velas, mas... cadê a Cruz?

Por motivo desconhecido resolveram retirar a Cruz de manhã, pouco antes da missa... a Cruz, logo a Cruz. Ou seja, nada de arranjo beneditino.

Meus amigos, a Cruz sempre cabe, a Cruz é o centro... sempre. Tá certo, era um grande acontecimento para D.Sevilha, mas ele era mera coadjuvante. O Ator principal de todo mistério da Igreja é sempre Nosso Senhor, é sempre a Sua Cruz, tenho certeza de que ele concorda com isto.

Ali era Nosso Senhor sagrando através dos sucessores dos apóstolos um novo sucessor, era Nosso Senhor consagrando, era Nosso Senhor se imolando, era Nosso Senhor se oferencendo ao Pai por nós. Era tudo por Nosso Senhor. Nada mais apropriado que dar à Sua Cruz lugar de destaque, no centro, visível, atraindo os olhares.

Não foi desta vez. É uma pena.

Mas não tenho dúvida, a volta da cruz ao centro é inevitável. Seu lugar é, não só, de uma clareza matemática, lógica, é mais, é de uma clareza sobrenatural, transcendente. O coração do fiel deseja a Cruz e o olho a busca naturalmente. É ela que deve ser o ponto para o qual todos os olhares se voltam, não a pessoa do sacerdote, é ela o ponto de referência, o nosso "Oriente", nossa "Jerusalém".

Mais do que isto. Ela representa o destinatário do Sacrifício que está sendo oferecido, ela deixa mais evidente de que Cristo crucificado não se entrega a nós, se entrega ao Pai.

Psicologicamente, eu arriscaria, ela ali, no centro, "atrapalhando a vista", cria um certo desconforto, mas um bom desconforto, que acaba revelando um "algo mais", ressaltando um mistério, O Mistério. Algo muito maior e muito mais abrangente do que eu, do que a comunidade e o padre, está acontecendo. Paro minha divagação por aqui.

Certo é que, queiram ou não, é inevitável, questão de tempo (o que no caso da Igreja pode demorar um pouco rs). Mas vejamos o que diz Bento XVI no seu "Introdução ao Espírito da Liturgia":

"Considero as inovações mais absurdas das últimas décadas aquelas que põem de lado a cruz, a fim de liberar a vista dos fiéis para o sacerdote. Será que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o sacerdote é mais importante do que o Senhor? Este erro deveria ser corrigido o mais depressa possível, não sendo precisas para isso nenhumas reconstruções. O Senhor é o ponto de referência. Ele é o Sol nascente da História."

Consegui apenas uma "boa" foto que permite "ver" a ausência da Cruz e a presença dos conjunto de velas.


No mais, vamos indo, cada vez melhor. Mas tenho a impressão de que poderia ser mais rápido, basta alguns padres perceberem que não estão sozinhos.


 Vestes corais, com a Murça (a pequena sobrecapa por cima) e barretes (os chápeus)

Senhores bispos, de mozeta e tudo ;-)

Ah sim, as músicas. Entre outras, Panis Angelicus, Agnus Dei (em latim) e um Te Deum em português... é, acho que me arrependi de não ter ido rs.

Dom Luiz, Dom Wladimir e Dom Rubens, ad multos annos.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

quinta-feira, 15 de março de 2012

Senhora de coragem

Uma jovem senhora vai no coração do Poder e diz o que está engasgado na garganta de milhões de brasileiros: "as senhoras não representam a mulher brasileira, as senhoras representam o interesse de grupos estrangeiros" ou ainda "50% dos abortados são mulheres, a maioria negras", e é aplaudida por isso.

Este ato de coragem, franqueza e muita caridade repercurtiu hoje de forma avassaladora. Além de vários amigos, retuitaram o vídeo D. Dimas () e o Cardeal Odilo Scherer ().

O Wagner Moura já tratou de ser rápido como sempre e conseguir até um depoimento da moça, então encaminho vocês para lá.

Mas o vídeo eu deixo aqui também, porque temos que circular esta admoestação pública e sincera que, de certa forma, lava a nossa alma.


Meus parabéns Renata, meus parabéns.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 12 de março de 2012

Pe. Paulo Ricardo se pronuncia

Em seqüência aos acontecimentos da semana passada, o Pe. Paulo Ricardo se pronunciou, em seu site, sobre todo o acontecido.

Além de lamentar que suas palavras tenham sido mal entendidas e agradecer as manifestações de carinho, ele adota uma postura sóbria e muito prudente, levando o encaminhamento para fora da internet, que, como ele mesmo afirma, e eu concordo, não é o local adeqüado para isto.

Diante disto, acho que não cabe mais nenhum comentário. O importante é que continuemos rezando pelos bons sacerdotes.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

sexta-feira, 9 de março de 2012

Contra a Igreja e o Santo Padre, qualquer mentira vale

Recentemente duas amigas postaram no Facebook trechos de supostos discursos do Santo Padre. As citações eram cheias de ódio e obviamente falsas.

Isso não me assusta. Desde sempre quem está contra a Verdade usa a mentira para denegrir a imagem da Igreja e de seus pastores.

Causa um certo espanto, sim, a obviedade da mentira. Em todos os casos eu procurei o discurso para saber se tinha, ao menos, alguma coisa que pudesse chegar próximo à citação, não havia. Na primeira, inclusive, o Santo Padre dizia o oposto do que a publicação dava como palavras dele.

As pessoas estão inseridas em uma realidade tão avessa à Verdade, tão envolvidas com imagens falsas da Igreja e, principalmente, de Bento XVI, que qualquer mentira é acatada sem nenhum senso crítico. No fundo, evidentemente, estão é enlameadas pelo próprio pecado, que não querem que brilhe a Luz de Cristo, para não ter que ouvir a própria consciência gritando.

Mas o que é apavorante de verdade é que as duas vêm de encontro de adolescentes, de participação na Igreja. Como elas existem muitas outras. O que estavam fazendo os que deviam ensinar o mínimo da fé para estas pessoas? O que poderia ter sido mais benéfico para elas (e não digo somente para suas almas, o que é evidente)? Que bem elas tiraram do que foi ensinado em troca? Está aí o que acontece com as pessoas quando se recebe farelo ao invés da comida espiritual sólida. Está aí a obra dita "libertadora", libertou da Verdade e as fez escravas da mentira.


"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

terça-feira, 6 de março de 2012

Apoio ao Pe. Paulo Ricardo



Mais cedo eu tomei conhecimento de uma carta pública dirigida ao Excelentíssimo Arcebispo de Cuiabá, demais bispos das dioceses de MT e à CNBB, criticando o trabalho e até a sanidade mental do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior, pedindo, ao final, sua suspensão de todas as atividades, uma espécie de silêncio obsequioso.

Só agora de madrugada consegui ler a tal carta e o conteúdo é assustador.

Assustador porque supostamente leva a assinatura de sacerdotes e até bispos. Assustador porque não traz nenhum argumento sólido que possa sustentar uma medida tão grave como a pedida. Assustador porque leva a público uma demanda privada ao Arcebispo local, colocando-o contra a parede. Assustador porque em nome de supostas "calúnias, injúrias e difamação de caráter", caluniam, injuriam e difamam o Pe. Paulo Ricardo.

Vejam bem, a manifestação do padre Paulo que teria motivado a carta vem de uma palestra feita no último carnaval, durante um evento patrocinado pela Arquidiocese, em que o sacerdote diz, em resumo, que há padres que perderam a fé, que não honram a batina ("aliás, nem usa a batina!") e que, com isto, trouxeram o "espírito mundano" para dentro da Igreja.

Os padres que não usam batina se sentiram ofendidos, mesmo não tendo sido nomeados. Poderiam até ter razão se não fosse um problema: o ataque do pe. Paulo é ao padre que perdeu a vida de graça, que quer viver no mundo e não ao padre que não usa batina.

Reduzindo o dito à uma sentença lógica a proposição ficaria assim: Todo padre que quer ser do mundo não usa batina. A carta pública o acusa de dizer: Todo padre que não usa batina quer ser do mundo. Percebem a diferença?

A única "prova" concreta que trazem na carta, não aponta crime nenhum, muito pelo contrário, reflete uma constatação de fato, que todo fiel está careca de ver mundo a fora.

A contradição entre o dito e o alegado é tão óbvia, que no meio da carta o autor lembra que o próprio pe. Paulo Ricardo nem sempre usa batina.

Não vou nem entrar na questão da veste clerical. Basta dizer que o padre tem todo direito de, querendo, defender que a batina é sim a vestimenta principal do sacerdote. Uma interpretação do cân.284 não pode ser motivo de punição, ainda que fosse uma interpretação forçada. O que não é o caso, em absoluto.

O estilo do Pe. Paulo não é o meu. Não sei se estrategicamente é bom trazer certas questões à discussão pública, mas no que tange a doutrina apresentada por ele, nunca vi nada que afrontasse o depósito da fé, nada que pregasse a desobediência aos senhores bispos, nem nenhuma dessas coisas é sequer objeto de prova na carta.

Ora, se não há erro doutrinal, se não há desobediência ou apologia a ela, o único motivo para calar a voz do padre seria o que os signatários pensam dele. O problema é que pensam assim porque discordam de suas interpretações do Vaticano II e do que a Igreja quer dos sacerdotes e leigos, e isto está claríssimo na carta.
 
Então, no fim, a questão se resume a um pedido de "censura", porque não concordam como o padre pensa. A mensagem é: não deixem que ele mude a linha que nós traçamos.

Evidentemente podem haver outras motivações, desconheço a situação em Cuiabá, mas o que aparece na carta pública é isto, sem tirar nem pôr.

Portanto, pelo direito do pe. Paulo Ricardo de ensinar a doutrina católica e expor o que ele crê ser o que a Igreja pede ao sacerdote e ao leigo (como os signatários da carta também fazem), peço que assinem esta petição, dizendo que nós concordamos com esta visão.

Aos meus amigos blogueiros recomendo muita prudência, porque já é algo muito, mais muito errado terem feito uma carta pública, evite errar na outra ponta, agindo com irreverência para com os padres e bispos, ou mesmo como juízes, sobretudo de D. Milton Antônio dos Santos, que acabou recebendo uma batata quentíssima nas mãos. Sobretudo, rezemos pela boa conclusão desta situação toda, com a santificação de todos os envolvidos.

Ao pe. Paulo Ricardo minhas orações para que ele saiba mortificar as acusações, perdoar os agressores, aprender com as admoestações e para que tenha muita serenidade neste momento.

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mais sobre o assunto no Ecclesia Una, que conseguiu achar a tal carta.

comentários também n'O Possível e o Extraordinário, de onde peguei a foto emprestada.


segunda-feira, 5 de março de 2012

Um bom final de semana

O final de semana foi excelente. Logo de início já tive a notícia de que ganhamos paramentos novos, feitos por freiras em Bom Jesus (a coleta que fizemos na última missa vai render outro paramento, dessa vez roxo, e mais alguns livros de canto). Doação de uma família muito católica.



A segunda boa notícia foi conhecer a família que doou os paramentos. Piedosa, devota de Nossa Senhora e, além de tudo, paciente com as visitas rs.

No mesmo dia tive boas notícias vindas do propedêutico. Rezem para que a busca pela santidade continue sempre acessa no coração dos novos vocacionados.

Já no domingo tive o prazer de conhecer a superiora das freiras do Instituto do Verbo Encarnado aqui em Vitória. Que pessoa agradável, que amor pela Igreja, é bom saber que a Arquidiocese conta com as orações delas.

Por fim comi um Cheddar no Mc Donalds :-P. Queria mesmo uma picanha bem suculenta, mas o domingo já estava quase acabando, não ia dar tempo rs.

ps: a foto ficou meio escura, culpa do fotografo, mas não podia deixar de colocar logo uma foto do nosso presente.