quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

e o Leviatã se move...

Não só de planos de direitos (des)humanos vive um governo.

Algum cabeça de camarão resolveu que estava na hora de fazer caridade e, ao invés de tirar do próprio bolso, propôs que o sacrossanto podersoberanodopovoreunidocedidoaoseurepresentante (psdprcasr) determinasse que todas as empresas devem ser obrigadas dar 5% dos seus lucros para os empregados.

Vai mais alguma coisa aí tio?

A bem da verdade os empresários ainda teriam amplo direito de decisão na sua própria empresa, poderiam escolher entre dar aos empregados ou a mais no imposto de renda. UAAAAU.

Existe uma lenda urbana que diz que os senhores feudais tinham o direito à primeira noite com sua serva recém casada. Evidente que isto não existia na cristandade, é pura balela iluminista, mas não sei porque as vezes acho que estamos mais próximos do que nunca de uma coisa dessas. (institucionalizada evidentemente... a "lei" acima de tudo).



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Plano Nacional de Direitos Humanos - 3

Respirei fundo, enchi o peito de coragem e baixei o catatal de monstruosidades do PNDH3. Agora falta paciência para ler, mas tentarei. Rezem por mim.

Mas se há algo que fica evidente nesse tipo de documento, mesmo antes de ler, é como na modernidade os conceitos de democracia, vontade geral, representação e soberania popular, não passam de ficções bem trabalhadas para liberar de qualquer limite quem ocupa o Poder Estatal.

Um Poder verdadeiramente democrático, pela lógica da representatividade, deveria ser sempre conservador. Ora, a suposta "vontade geral" que elege seu representante o faz, justamente, porque vê nele a realização dos seus anseios, a proteção dos seus valores, mesmo quando não sabe exatamente quais são eles. Simplesmente não faz sentido dizer que a vontade de quem vota é escolher alguém que queira mudá-lo, sobretudo quando a mudança deve atingir o que ele tem de mais profundo, seu sistema de valores, sua moral.

O representante honesto deveria, assim, seguir sempre a lei moral do povo que o elegeu e saber reconhecer os seus valores mesmo nos clamores mais confusos. Essa é a lógica.

Porém a coisa não funciona assim. Uma é a lógica para vender o peixe, outra, mais sutil e longe das mentes menos preocupadas, depois que o peixe foi vendido. Começa na própria natureza humana decaída, que ungida de poder e sem definições bem estabelecidas do que seja a tal "vontade", acaba fazendo toda-poderosa a sua própria, qualquer que seja ela. Passa também pelo sistema partidário, p.ex., que obriga o eleitor a votar no fulaninho, que, por sua vez, está vinculado às ideologias de um partido.

Dona Maria votou no Seu Gumercindo porque ele é gente boa, parece ser um sujeito que faz o bem (e o bem é justamente aquilo que o pai e a mãe da Dona Maria ensinaram para ela desde bem cedinho, embora ela nunca tenha parado para raciocinar sobre o assunto). Ocorre que Seu Gumercindo é filiado à um partido e o voto da Dona Maria é tido como uma carta branca para toda uma série de bobagens que ela (nem seu pai, nem sua mãe, nem seus avós, nem tataravós) jamais aprovaria.

Então, a "vontade geral", que não passa de uma ficção, com um conceito propositalmente vazio, sujeito a ser modelado de acordo com o discurso que se pretende impor, passa a ser definida pelos ideais do partido daquele que conseguiu enganar a maioria dos eleitores se passando de bom moço (fiel aos bons costumes e à moral), mesmo que essa vontade seja flagrantemente contrária à da imensa maioria da população.

Na cabeça desse pessoal não há, portanto, qualquer limite além da sua própria idéia de "novo mundo". Se o povo a quem eles teoricamente representam se nega a aceitar as aberrações que propõem é ele que deve ser mudado, afinal o partido eleito é quem exerce a tal "soberania popular", mesmo que contra o povo.



"Tuus totus ego sum, et omnia mea tua sunt"

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Rumos políticos

"Indagou de seus botões, como fizera muitas vezes, se não era lunático ele próprio. Talvez um lunático seja apenas uma minoria de um. Antigamente, fora sinal de loucura acreditar que a Terra gira em torno do Sol, hoje, crer que o passado é inalterável. Podia ser o único a ter aquela crença, e sendo sozinho, lunático. A idéia de ser lunático, porém, não o perturbava grandemente. O horror era estar enganado.

Tomou o livro escolar e olhou o retrato do Grande Irmão que formava o frontispício. O olhar hipnótico fixou o de Winston. Era uma força enorme, fazendo pressão - algo que penetrava o crânio, se chocava contra o cérebro, amedrontava e fazia perder a fé, persuadia quase a negar a evidência dos sentidos. No fim, o Partido anunciaria que dois e dois são cinco, e todos teriam que acreditar. Era inevitável que o proclamasse mais cedo ou mais tarde: exigia-o a lógica de sua posição. Sua filosofia negava tacitamente não apenas a validez da experiência como a própria existência da realidade externa. O bom senso era a heresia das heresias. E o que mais aterrorizava não era que matassem o cidadão por pensar diferente, mas a possibilidade de terem razão. Por que, afinal de contas, como sabemos que dois e dois são quatro? Ou que existe a lei da gravidade? Ou que o passado é inalterável? Se tanto o passado como o mundo externo só existem na mente, e se a mente em si é controlável... então?" (1984, George Orwell, grifos meus)

Esse pedacinho de texto estava aqui aguardando meu humor. Parece que meu humor achou que era hora de publicar.

O passado já é constantemente alterado, nas nossas escolas mesmo, diária e despudoradamente. A inquisição ganha umas mil e poucas mortes por dia, mata mais hoje do que jamais matou em séculos. A Rússia é só a experiência fracassada de um falso marxismo, assim como a China, Coréia do Norte, etc., em pouco tempo serão, ou melhor terão sido, apenas mais uma exploração capitalista e conservadora. Che é um santo, hoje já sem dúvidas, mas deve acabar subindo aos altares breve breve.

A realidade vai sendo expulsa da mente humana, a golpes de língüa, isso mesmo, de língüa, é o leãodechácara (agora é assim? tudo junto mesmo?) do politicamente correto, das alterações de significado, das convenções. "Homem", agora, é ofensivo, se o sujeito quiser ser chamado de "mulher" é isso que ele é, o vocábulo é um estado de espírito, uma ficção, não pode ser imposto só porquê o moç... o sujeit.., o ser humano nasceu com órgãos sexuais masculinos (não, querer ser mulasemcabeça não vale... ainda.. mas é assim mesmo que escreve agora? mulasemcabeça, sério? espero que esteja errado). Casamento é essencialmente ligado à procriação? quem falou? Muda o dicionário, dilata o significado, junta uns sinônimos, e voilá, casamento é todo e qualquer juntamento (homem-homem, homem-bode, homem-bananeira,etc.) e o antigo conceito deixa de existir. Uma imobilização lingüística, tipo jiu-jitsu.

O Poder governamental é isso ai, não admite concorrentes, esmaga todos, mesmo que seja a própria realidade. Não me surpreenderei quando, no fim da vida, eu ler no livro escolar do meu neto: 2 + 2 = 5.

...Mas o que estou dizendo? Não vou ter netos, família vai ser só mais um conceito ultrapassado.. Enquanto isso eu aproveito para indicar o livro. 1984, George Orwell, vale a pena uma lida.



"Tuu totus ego sum, et omnia mea tua sunt"